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04/07/2000 - 04h29

Presença estrangeira no Morumbi Fashion dá as cartas na moda

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ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha de S. Paulo

A presença estrangeira é um dos componentes mais importantes desta nona edição do MorumbiFashion Brasil. Em outras edições, jornalistas do Mercosul já tinham dado as caras, mas nunca representantes de instituições internacionais de prestígio compareceram como desta vez.

O fato gerou ansiedade extra entre os estilistas. Experiência reforçada pelo caráter de fada madrinha de Isabella Blow, ser assistido pelos jornalistas estrangeiros virou bilhete da sorte, porta da esperança, uma grande oportunidade. De fato, já que desfilar fora do Brasil é para poucos, custa caro e nem sempre significa sucesso _existem fatores imponderáveis, que fazem com que os jornalistas importantes nem sempre tenham disposição ou disponibilidade de assistir ao desfile do brasileiro iniciante em questão.

Alexandre Herchcovitch vai desfilar em Paris, deixando Londres, na expectativa que mais gente vá à apresentação; Fause Haten deu graças aos céus quando a editora do "The New York Times", Kathy Horyn, se dispôs a estar às 9h da manhã na sala de desfiles. E melhor ainda: ela escreveu sobre ele; meio azeda, mas já está valendo.

Aqui, os estrangeiros não têm por que azedar. Foram antes levados ao Rio para alguns dias de puro deleite. Bem instalados e sempre ciceroneados, gostaram tanto que mal queriam vir a São Paulo, conforme noticiou, algo maldosamente, a imprensa carioca.

Por aqui, a coisa não foi diferente, e os estrangeiros badalaram em festas, almoços, jantares, clubes e bares _nada diferente do que uma temporada de moda internacional. Uns mais, outros menos assíduos aos desfiles em si, eles vão transformar em notícia, em seus respectivos veículos, o que acontece no MorumbiFashion e fazer a engrenagem andar.

Na Semana Barrashopping de Estilo, o espectro internacional vai se ampliar para o lado dos compradores (chamados universalmente "buyers"). Vai estar presente na cidade, a partir de 15 de julho, por exemplo, a compradora da conceituada Barneys de Nova York, um celeiro para novos talentos. A intenção é que o Brasil possa ser "a nova Austrália" ou "a próxima Bélgica", como espera um esgotado mercado global.

Mas qual é o risco de criar pensando numa realidade internacional? É o que aconteceu com algumas confecções brasileiras deste MorumbiFashion, de olho no potencial além-mar de suas coleções.

O problema reside em criar uma supra-realidade de moda; formas e proporções que dificilmente as brasileiras vão usar nas ruas; imagens de moda distantes da verdade. São coleções para showroom, para serem transformadas em vídeo, em material fotográfico para inglês (ou americano ou francês) ver.

E, se até o mais regionalista de todos, Lino Villaventura, evitou a armadilha da brasilidade, dá para dizer que as melhores coleções do MorumbiFashion foram aquelas que escaparam dos clichês e tentaram uma moda feita por brasileiros, mas com características universais (Alexandre Herchcovitch e Walter Rodrigues).

Colonizados, só passamos a nos valorizar quando alguém "de fora" deu o aval, disse que era bom (foi o que aconteceu com as modelos brasileiras). Quais os próximos passos do nosso atual momento de ufanismo fashion? As coleções de moda praia e a minitemporada do Rio vão dizer. Esse vai ser um longo verão 2001...

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