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07/09/2001 - 10h10

Karnak, Thaíde & DJ Hum e Lobão fazem show no Ibirapuera

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

O minifestival se chama "Independência É Vida - Festa da Música", mas a intenção de um de seus idealizadores, o músico Lobão, 42, é promover um "grito pela independência" neste Sete de Setembro, na praça da Paz do parque Ibirapuera de São Paulo.

A partir das 11h, sobem ao palco livre e gratuito do parque, em quatro blocos distintos, exemplares da atual cultura pop independente nacional, sem vínculo direto com a indústria fonográfica.

Às 11h, o Karnak abre a programação, com convidados ainda não divulgados. Às 13h, o hip hop toma conta do festival, primeiro com o rapper Xis e o grupo Apocalipse 16. Os veteranos do rap Thaíde & DJ Hum tomam o palco às 15h, com participação do grupo Estado Crítico. Fechando a programação, às 17h, Lobão adere ao hip hop e convida Rappin" Hood e seu grupo Possemente Zulu. Uma suposta participação dos Racionais MC's não estava confirmada até o fechamento desta edição.

Lobão busca, além do grito de independência, a provocação. Em julho passado, alarmada com o avanço da pirataria (que já abocanha 40% do mercado de discos no Brasil, segundo estimativa admitida oficialmente), a Associação Brasileira dos Produtores de Discos previu à Folha a extinção da indústria de discos até setembro, caso o governo federal não tomasse medidas de combate. "A data é agora", Lobão brinca, a sério.

O contra-ataque vem de outra instância governamental. O evento "Independência É Vida" é fruto da colaboração informal de Lobão -e também do rapper KLJ, dos Racionais MC's- com a Prefeitura de São Paulo, nas figuras do secretário municipal de Cultura, Marco Aurélio Garcia, 60, e do diretor da Coordenadoria para a Juventude (ligada diretamente ao gabinete da prefeita Marta Suplicy), Alexandre Youssef, 26.

"Não vai haver falatório político", promete Youssef. "A mensagem está embutida nos próprios shows." A programação inicial previa barracas de ONGs e do Mercado Mundo Mix, como forma de abranger atividades independentes extramusicais, mas segundo Youssef não houve tempo suficiente para sua articulação. Ficaram apenas possíveis barracas de divulgação dos selos independentes dos artistas envolvidos.

Marco Aurélio Garcia procura definir o evento: "A idéia de fazer o grito dos independentes nasceu de conversas com Lobão e de encontros que temos com artistas do movimento hip hop. Um dos eixos da secretaria é revelar a produção cultural oculta, seja da periferia ou de grupos excluídos pela chamada indústria cultural".

Garcia explicita o enfoque no hip hop: "A secretaria tem incentivado o movimento hip hop porque ele é uma das manifestações sociais e culturais mais importantes da juventude e da periferia. É apenas um começo".

Diz Youssef: "O hip hop é a maior expressão política e comportamental da juventude hoje em dia. É a realização de uma realidade que o jovem vive, mas que não é aceita nem vista pela sociedade. É o contraponto exato à idéia de que o jovem não faz nada, não se expressa politicamente".

Youssef rebate que o hip hop seja violento ou uma mera importação de modelos norte-americanos: "O hip hop se adapta bem à realidade do país.
Pelo ambiente de injustiça social, o Brasil é muito fértil ao desenvolvimento desse tipo de cultura. A disputa cultural entre grupos internos substitui as armas, o rap é violentamente pacífico, como diz Mano Brown".

Lobão, por sua vez, fala de seu contato com o hip hop: "Pedi a KLJ que me ajudasse a ter entrada em seu meio. O rap está mais eclético. Está se abrindo, não quer mais ser gueto. Expliquei que sou branquinho, mas sou limpeza. Os caras convivem com a miséria, e eu também me sinto miserável -meu pai era nazista".

INDEPENDÊNCIA É VIDA - Show com Lobão, Karnak, Xis, Thaíde & DJ Hum e convidados. Onde: praça da Paz do parque Ibirapuera. Quando: hoje, às 11h (Karnak), 13h (Xis), 15h (Thaíde & DJ Hum) e 17h (Lobão). Quanto: gratuito.



 

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