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08/09/2001 - 02h13

"Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro" mapeia história política do país

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SYLVIA COLOMBO
da Folha de S.Paulo

Livros de história nos contam episódios ocorridos no passado. Jornais e revistas tratam dos acontecimentos cotidianos do que convencionalmente chamamos de presente.

E o que pretende um dicionário que se intitula histórico, mas reúne temas que se espalham até o ano 2000? Talvez desafiar a tênue e controversa fronteira entre passado e presente.

A nova edição do "Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro", que será lançada no próximo dia 19 pela Fundação Getúlio Vargas, pretende reunir, em 6.626 verbetes, distribuídos em cinco pesados volumes -cerca de 15 quilos no total-, os personagens que fizeram a história política do Brasil de 1930 até o fim do século 20.

Foram listados todos os ocupantes de cargos políticos considerados relevantes: parlamentares, magistrados de tribunais superiores, militares, ministros, empresários. Também aparecem alguns artistas, esportistas, intelectuais, jornalistas e religiosos.

Entre os verbetes temáticos, encontram-se associações, atentados, conceitos, constituintes, greves, organizações, movimentos, períodos históricos e revoltas.

"Pode-se concluir, por exemplo, que a elite política hoje é muito diferente da dos anos 50. Houve um aumento da representação e da ascensão social, é só prestar atenção ao surgimento de políticos com apelidos. O dicionário também dá instrumentos para medir o aumento da corrupção. Ou, pelo menos, da denúncia da corrupção pela mídia", disse à Folha a socióloga Alzira Alves de Abreu, organizadora da obra.

Os verbetes dividem-se entre temáticos (930) e biográficos (5.696). A maioria foi elaborada por uma equipe de pesquisadores, em linguagem objetiva, com contextualização das informações e utilizando ordem cronológica.

Alguns conceitos e biografias selecionados pelos organizadores foram encomendados a convidados especiais, especialistas na área. Isso fez com que esses temas fossem tratados de forma menos didática e mais ensaística.

Por exemplo, no item "coronelismo", para o qual foi convidado o historiador José Murilo de Carvalho, apresenta-se um pequeno tratado sobre o tema, em que o estudioso dialoga com um texto clássico ("Coronelismo, Enxada e Voto", de Vítor Nunes Leal).

Em outros casos, além das informações, são acrescentados comentários de personagens que participaram dos momentos abordados. Como no verbete do Centro Popular de Cultura (CPC): "ao avaliar posteriormente a atuação do CPC, Oduvaldo Vianna Filho declarou que o movimento não conseguira atingir os trabalhadores, vinculando-se somente aos estudantes. O CPC teria representado a "paixão pelo encontro intelectual com o povo'".

A nominata foi encerrada em 1995, mas muitos itens foram atualizados até os dias de hoje. No caso do verbete sobre Marta Suplicy (PT), por exemplo, já aparece sua eleição à Prefeitura de SP, em 2000. Já o que se destina ao governador Mário Covas (PSDB), não consta sua morte, em março deste ano.

Polêmicas
Segundo Abreu, momentos históricos específicos foram tema de discussão entre os pesquisadores, como o movimento militar de 64.

"Alguns pesquisadores queriam que o tratássemos como golpe, outros, como revolução. Mas não podíamos ter a palavra final. O que fizemos foi explicar que havia uma polêmica quanto a essa denominação.

O verbete aparece como "Revolução de 64", pois foi a forma como o episódio ficou para a história", conta Abreu.

"A mesma coisa aconteceu com a Intentona Comunista, que acabamos tratando como Revolta Comunista de 1935", diz.

"Não somos um tribunal da história, apenas organizamos um dicionário para fornecer informações, espero que as conclusões sobre o que foi golpe, o que foi revolta ou revolução fique a cargo de estudiosos", conclui Abreu.

O trabalho, que durou cerca de quatro anos, foi realizado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc), da Fundação Getúlio Vargas, por meio de leis de incentivo do MinC.

A edição teve recursos do CNPq, Petrobras, BBM Participações, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, BNDES, Caixa, Faperj e Finep.

O dicionário tem uma tiragem inicial de 5.000 exemplares. Preparam-se ainda as versões em CD-ROM e para a internet.

DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO
Organizadores: Alzira Alves de Abreu, Israel Beloch, Fernando Lattman-Weltman e Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão
Editora: Fundação Getúlio Vargas
Edição: Segunda edição, revista e atualizada
Quanto: R$ 450 (cinco volumes)
Lançamento: 19 de setembro, às 18h, na FGV (praia de Botafogo, 190, 12º andar, Rio
Informações: tels. 0800-21-7777 e 0/xx/21-2559-5533; na internet: www.fgv.br/publicacao
 

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