Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/09/2001 - 05h18

Ciclo de cinema dá voz aos moradores da favela

Publicidade

da Folha de S.Paulo, no Rio

Além da exibição de filmes que retratam a favela, a mostra "A Favela no Cinema" dará espaço para outras formas de expressão, como vídeos produzidos por moradores de morros, documentários e videoclipes.

Entre a exibição dessas produções, haverá debates com pesquisadores, escritores, cineastas e cantores. Estão confirmados o escritor Paulo Lins, o músico MV Bill e o cineasta Eduardo Coutinho, entre outros. A mostra começa hoje e vai até 23 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.

Na opinião da pesquisadora Ivana Bentes, curadora da mostra, os clipes têm dado voz a pessoas que vieram da favela, que falam para um público de classe média, que assiste à MTV.

"São novos sujeitos do discurso, pessoas da própria favela, que falam da violência com um discurso próprio", diz Bentes, citando como exemplo os clipes "Minha Alma", do grupo O Rappa, "Diário de um Detento", dos Racionais MCs, e "Soldado do Morro", do cantor MV Bill, que estão na programação da mostra.

O clipe "Soldado do Morro" causou polêmica ao ser acusado de fazer apologia ao crime, mostrando imagens de bandidos em favelas. Um dos produtores e diretores do clipe, Roberto Oliveira, conta que as cenas reais foram um pedido do cantor MV Bill.

"Ele queria o clipe o mais real possível, por isso nos chamou. Somos documentaristas. Fomos em várias favelas para fazer o clipe. Nossa preocupação era não passar uma imagem estereotipada da favela. Tentamos fazer jornalismo, usando a imagem sem retoques e sem filtros", afirma Roberto Oliveira.

Além dos clipes, serão exibidos também documentários como "Notícias de uma Guerra Particular", dirigido por João Moreira Salles, e "Santo Forte", de Eduardo Coutinho.

Para a curadora da mostra, esses documentários revelam uma disposição dos cineastas em ouvir a favela. "É diferente de uma equipe de televisão que chega com perguntas prontas já esperando as respostas. Essas produções se caracterizam principalmente por dar voz aos moradores", afirma.

Goethe
A mostra sobre cinema faz parte de um projeto do Instituto Goethe sobre cultura na favela. O projeto surgiu quando o diretor do instituto, Klaus Vetter, começou a visitar morros cariocas em busca de trabalhos e de artistas que pudessem participar de um intercâmbio com artistas alemães.

No Rio, favelas como a do Vidigal, Rocinha e Dona Marta já possuem núcleos artísticos, como o grupo teatral Nós do Morro, que atua no Vidigal (zona sul da cidade) há 15 anos.

No início do ano que vem, o instituto pretende divulgar a produção dos morros cariocas na Alemanha. "Já está acertada a ida de alguns artistas para mostrar a produção no fórum de cultura do Instituto Goethe, em Munique, em setembro. Estamos em negociação também para mostrar essa produção em Berlim", afirma Sandra Lyra, coordenadora dos eventos de cultura da favela do instituto.
(ANTÔNIO GOIS)
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página