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11/09/2001 - 05h26

Ex-vocalista do Faith No More reinterpreta temas em "The Director's Cut"

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MARCELO VALLETTA
da Folha de S.Paulo

Imagine uma banda de heavy metal que, de uma hora para outra, resolve tocar jazz. E que essa banda se meta a interpretar temas de célebres obras do cinema.

Pois essa improvável banda existe, se chama Fantômas -nome inspirado em um personagem dos quadrinhos franceses- e é capitaneada por Mike Patton, ex-vocalista do Faith No More, grupo que estourou no Brasil após participar da segunda edição do Rock in Rio, em 1991.

Patton, 33, volta à cena ao lançar "The Director's Cut", o segundo álbum do Fantômas, grupo que traz em sua formação nomes manjados do rock pesado "made in USA": Buzz Osborne, guitarrista do Melvins (importante grupo de Seattle que influenciou o Nirvana), Trevor Dunn, baixista do Mr. Bungle (outra banda em que Patton canta), do Secret Chiefs 3 e colaborador do jazzista John Zorn, e o baterista Dave Lombardo (ex-Slayer, um dos nomes máximos do thrash metal).

Em "The Director's Cut" -título que faz referência a uma prática recente em Hollywood, a do lançamento de "versões do diretor", filmes reeditados com cenas extras-, o grupo vira pelo avesso trechos das trilhas sonoras de películas clássicas de crime, suspense e terror, como "Cabo do Medo", "O Bebê de Rosemary", "A Profecia", "Twin Peaks" e "O Poderoso Chefão".

"É um projeto que eu queria realizar há tempos. Eu amo filmes e trilhas sonoras", conta Patton, em entrevista por e-mail, durante uma pausa na turnê pelos EUA. O vocalista e produtor diz que escolheu o repertório do disco baseado não apenas nas músicas, mas também nos filmes, que, se não são necessariamente seus favoritos, "são todos bons, cada um à sua maneira".

Entre os compositores revistos estão nomes famosos como Nino Rota, Henry Mancini, Ennio Morricone e Bernard Herrmann. Será que esses compositores apreciariam as versões de Patton ou pensariam que seus trabalhos foram aviltados? "Não tenho a mínima idéia", responde o músico. "Eu apenas esperaria que eles respeitassem o fato de que nós tivemos senso de aventura".

Mas o grupo não se aventurou a brincar de cinema e fazer um videoclipe para divulgar o álbum. "É caro demais, e não há muitos lugares que passariam vídeos com esse tipo de música", afirma.

Apesar de não conseguir citar seus filmes preferidos -"são muitos, não dá nem para mencionar", diz-, Patton destaca a obra do brasileiro José Mojica Marins: "Zé do Caixão é um dos maiores. Eu pretendo fazer uma trilha sonora baseada na obra dele", revela o artista, que passou um bom tempo excursionando pelo Brasil nos anos 90. "Eu amo o Brasil. Ótima comida, belas mulheres, altas taxas de criminalidade. E o Cristo!", acrescenta.

Patton, que já viajou com o Fantômas para a Europa e a Austrália, reclama que não recebe mais ofertas para tocar por aqui. "Eu adoraria voltar. Espero que alguém nos convide." Ele ressalta que prefere estar no palco a compor ou produzir discos.

Após terminar a turnê com o Fantômas -neste mês, a banda abre alguns shows do Tool, um dos grupos de metal que mais vendem discos nos EUA-, o músico, que é dono de uma gravadora independente, a Ipecac Recordings -cujo nome deriva de um remédio e o slogan é "tornando as pessoas doentes desde 1999"-, dedica-se a promover sua nova banda (sim, mais uma): a Tomahawk, que ele formou com Duane Denison, ex-guitarrista do Jesus Lizard.

"Esta banda faz um rock bem mais certinho", conta. "Parece Jesus Lizard, às vezes. Nossa turnê começa no final de outubro, quando o disco sai, e colocaremos uma canção como amostra no nosso site, www.ipecac.com".

Além das novidades do Fantômas e do Tomahawk, Patton também adianta que o Mr. Bungle, grupo em que canta desde os anos 80 e que tem três discos lançados pela Warner americana -"Disco Volante", de 1995, é uma obra-prima da esquisitice-, deve lançar CD em 2002. Como ele consegue estar em tantas bandas ao mesmo tempo? "Não sei, mas certamente isso torna a vida mais interessante", conclui.
 

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