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17/09/2001 - 13h47

Dono de operadora evita atacar Houellebecq por seu livro

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free-lance para a Folha de S.Paulo, em Paris

Apesar de se tratar de uma obra de ficção, o livro "Plateforme", de Michel Houellebecq, tem trechos com caráter documental sobre o turismo sexual "informal" que existiria entre a Europa e países como Cuba e Tailândia.

Em um deles, o autor conta a história da operadora de turismo Nouvelles Frontières e de seu fundador, Jacques Maillot. No decorrer da obra, várias informações sobre seu funcionamento são passadas por dois personagens que fizeram carreira na operadora.

"No início, Nouvelles Frontières era sobretudo uma agência que oferecia passagens aéreas com desconto. Se eles se tornaram a primeira operadora de turismo na França, foi graças à concepção e à relação qualidade-preço de seus circuitos... Em dez anos, o valor da empresa foi multiplicado por 20, e, como Jacques Maillot detém sempre 30% das partes, posso dizer que ele fez fortuna graças a mim", diz Valérie, personagem que trabalha na Nouvelles Frontières e que faz par amoroso com o protagonista, Michel.

O romance se desenrola a partir de um dos destinos vendidos pela operadora: Tropic Thaï, onde o protagonista vive aventuras como adepto do turismo sexual.

Segundo o fundador da Nouvelles Frontières, a operadora é contra esse tipo de prática e oferece informações de esclarecimento a seus passageiros. Em entrevista exclusiva à Folha, ele diz que não pretende entrar em polêmica com o autor do livro e que sua empresa é membro-associado da Ecpat, ONG com sede na Tailândia para combate do turismo sexual e da pedofilia.

Folha - Qual é a sua opinião sobre o livro "Plateforme"?

Jacques Maillot - Sou favorável à liberdade de expressão e não quero entrar em polêmica com o sr. Houellebecq.

Folha - Mas o sr. é mencionado como "liberal ardente" e "salafrário hipócrita e cruel" e seu endereço pessoal está publicado no livro.

Maillot - Mas, veja, o sr. Houellebecq tem direito de mencionar quem ele quiser. O presidente Jacques Chirac está mencionado no livro. O primeiro-ministro Lionel Jospin, também.

Folha - O autor conta a "odisséia" da Nouvelles Frontières como uma empresa, fundada em 1967 por uma associação de estudantes, que decolou graças à sua obsessiva luta contra o monopólio da Air France no turismo francês. Ela é real?

Maillot - Um romance sempre tem a parte da imaginação do autor e não condeno isso. Mas é verdade o que ele escreveu quando afirmou que a Nouvelles Frontières é a maior operadora de turismo da França.

E foi por essa razão que o sr. Houellebecq escolheu-nos para fazer sua viagem para a Tailândia. Em entrevistas, o próprio Houellebecq disse que a Nouvelles Frontières tinha o preço mais competitivo em relação à qualidade, o que é verdade.

Folha - A questão é que o livro aborda a Nouvelles Frontières como uma empresa que possibilita a prática do turismo sexual.

Maillot - Veja, se você quiser que eu fale de turismo sexual, é uma outra entrevista. Sobre o livro de Houellebecq, já disse que não vou reagir contra ou a favor. A questão do turismo sexual é outra.

Folha - O livro abre debate sobre o problema do turismo sexual. A responsável pela Ecpat na França me disse em entrevista que o problema existe e que as medidas para saná-lo estão sendo adotadas apenas paulatinamente...

Maillot - Ah, bom, se você falou com a Ecpat, então estou de acordo. Sou um dos membros da Ecpat e posso dizer que estou plenamente de acordo com sua abordagem do problema do turismo sexual. Somos contra a prática do turismo sexual e da pedofilia.

Informamos nossos passageiros sobre essa questão, principalmente os que embarcam para a Ásia e para o Caribe, e mantemos nossos representantes sob vigia nesses locais para combater essa prática.

Leia também:

  • "Routard", citado em "Plateforme", reage à provocação
  • Veja o resumo da história do romance "Plateforme"
  • Brasil teria potencial para o turismo sexual, diz escritor francês
  • Romance francês defende turismo sexual


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