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20/09/2001
-
03h36
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
Um altar de 13 toneladas esculpido no século 18 em madeira nobre e folheado a ouro começa a ser transferido hoje, do Mosteiro de São Bento, em Olinda (PE), para Nova York, onde será exposto por três meses no museu Guggenheim da cidade.
A peça é tida como um monumento da arte rococó no Brasil. Construída entre 1783 e 1786, ela tem 13,8 m de altura, 7,8 m de largura e 5,7 m de profundidade.
A obra será a principal atração da exposição "Brasil: Body and Soul", a ser aberta no dia 18 de outubro. Vai integrar um acervo de aproximadamente 400 peças representativas de vários períodos da história da arte brasileira.
Em 215 anos, é a primeira vez que o altar será retirado do mosteiro, erguido no século 17. Apesar dos riscos da operação, a exposição trouxe o benefício da restauração à obra. Deteriorada e ameaçada por cupins, a peça passou por uma reforma geral que consumiu sete meses de trabalho.
Segundo a coordenadora-técnica da restauração, Pérside Omena, 30 pessoas ligadas à Fundação Joaquim Nabuco, responsável pela recuperação, participaram do serviço, iniciado em janeiro e encerrado em agosto passado, a um custo de R$ 653,7 mil.
O maior desafio, disse Omena, foi desmontar o altar. A partir das junções originais idealizadas pelo suposto criador da obra, o entalhador pernambucano José Gomes de Figueiredo, a peça foi dividida em 53 partes.
Exames constataram a presença de cupins na madeira, eliminados com a injeção de inseticidas. A estrutura foi reforçada, e as talhas corroídas foram reconstituídas em cedro, como no original.
Segundo a restauradora, 11.625 folhas de ouro italiano de 23 quilates, com 64 cm2 cada uma, foram utilizadas para recobrir os cerca de 30% do altar onde o metal havia sido perdido.
A obra não foi remontada e só voltará à sua forma original em Nova York. Os 53 blocos foram embalados sob supervisão de três técnicos do museu Guggenheim. Por medida de segurança, o transporte será feito em duas etapas. O primeiro lote será embarcado hoje e o restante seguirá para os EUA na próxima quinta-feira.
Outra medida de segurança provocou polêmica e quase inviabilizou o envio da obra para a mostra: o seguro, no valor de US$ 20 milhões (R$ 53 milhões).
A apólice agrupava todas as peças da mostra brasileira em um só contrato, no valor total de US$ 300 milhões (R$ 795 milhões). O valor específico de cada peça estava em documento à parte.
O modelo do contrato, da firma inglesa de seguros Marsh, não agradou técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que consideravam necessária uma apólice isolada para o monumento.
Segundo a coordenadora-técnica da restauração, o impasse foi resolvido com a elaboração de um contrato à parte para o altar. Quando tudo parecia em ordem, ocorreram os atentados terroristas em Nova York e Washington.
"Os trabalhos pararam e houve um suspense", disse a restauradora. No dia seguinte, os técnicos do Guggenheim foram orientados a prosseguir o trabalho, e o cronograma original foi mantido.
Além do altar, outras quatro peças do Mosteiro de São Bento serão exibidas nos EUA: um crucifixo e três esculturas em tamanho natural de São Bento, patrono dos beneditinos, de sua irmã gêmea, Santa Escolástica, e de São Gregório Magno, primeiro papa beneditino e organizador do canto gregoriano.
Altar de 13 toneladas vai de Olinda a NY para exposição
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da Agência Folha, em Recife
Um altar de 13 toneladas esculpido no século 18 em madeira nobre e folheado a ouro começa a ser transferido hoje, do Mosteiro de São Bento, em Olinda (PE), para Nova York, onde será exposto por três meses no museu Guggenheim da cidade.
A peça é tida como um monumento da arte rococó no Brasil. Construída entre 1783 e 1786, ela tem 13,8 m de altura, 7,8 m de largura e 5,7 m de profundidade.
A obra será a principal atração da exposição "Brasil: Body and Soul", a ser aberta no dia 18 de outubro. Vai integrar um acervo de aproximadamente 400 peças representativas de vários períodos da história da arte brasileira.
Em 215 anos, é a primeira vez que o altar será retirado do mosteiro, erguido no século 17. Apesar dos riscos da operação, a exposição trouxe o benefício da restauração à obra. Deteriorada e ameaçada por cupins, a peça passou por uma reforma geral que consumiu sete meses de trabalho.
Segundo a coordenadora-técnica da restauração, Pérside Omena, 30 pessoas ligadas à Fundação Joaquim Nabuco, responsável pela recuperação, participaram do serviço, iniciado em janeiro e encerrado em agosto passado, a um custo de R$ 653,7 mil.
O maior desafio, disse Omena, foi desmontar o altar. A partir das junções originais idealizadas pelo suposto criador da obra, o entalhador pernambucano José Gomes de Figueiredo, a peça foi dividida em 53 partes.
Exames constataram a presença de cupins na madeira, eliminados com a injeção de inseticidas. A estrutura foi reforçada, e as talhas corroídas foram reconstituídas em cedro, como no original.
Segundo a restauradora, 11.625 folhas de ouro italiano de 23 quilates, com 64 cm2 cada uma, foram utilizadas para recobrir os cerca de 30% do altar onde o metal havia sido perdido.
A obra não foi remontada e só voltará à sua forma original em Nova York. Os 53 blocos foram embalados sob supervisão de três técnicos do museu Guggenheim. Por medida de segurança, o transporte será feito em duas etapas. O primeiro lote será embarcado hoje e o restante seguirá para os EUA na próxima quinta-feira.
Outra medida de segurança provocou polêmica e quase inviabilizou o envio da obra para a mostra: o seguro, no valor de US$ 20 milhões (R$ 53 milhões).
A apólice agrupava todas as peças da mostra brasileira em um só contrato, no valor total de US$ 300 milhões (R$ 795 milhões). O valor específico de cada peça estava em documento à parte.
O modelo do contrato, da firma inglesa de seguros Marsh, não agradou técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que consideravam necessária uma apólice isolada para o monumento.
Segundo a coordenadora-técnica da restauração, o impasse foi resolvido com a elaboração de um contrato à parte para o altar. Quando tudo parecia em ordem, ocorreram os atentados terroristas em Nova York e Washington.
"Os trabalhos pararam e houve um suspense", disse a restauradora. No dia seguinte, os técnicos do Guggenheim foram orientados a prosseguir o trabalho, e o cronograma original foi mantido.
Além do altar, outras quatro peças do Mosteiro de São Bento serão exibidas nos EUA: um crucifixo e três esculturas em tamanho natural de São Bento, patrono dos beneditinos, de sua irmã gêmea, Santa Escolástica, e de São Gregório Magno, primeiro papa beneditino e organizador do canto gregoriano.
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