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20/09/2001
-
03h42
ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Algumas das principais obras de arte latino-americana do século 20 ganham hoje sua "casa definitiva", com a inauguração, na capital argentina, do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba).
O imponente prédio no bairro de Palermo foi construído a partir dos desejos do milionário e colecionador Eduardo Costantini, 55, que adquiriu, em praticamente duas décadas, 228 obras de artistas da região.
A coleção de Costantini será a estrela do museu e inclui obras-chave da arte latino-americana do último século, como a tela-mural "Manifestación" (1934), do argentino Antonio Berni, o "Abaporu" (1928), de Tarsila do Amaral, e o "Autorretrato con Chango y Loro", da mexicana Frida Kahlo, quadro que é até hoje o recorde de preço para arte latino-americana em leilões -US$ 3,2 milhões.
Além disso, as paredes do museu estão recheadas de outros grandes nomes como o colombiano Fernando Botero, os brasileiros Di Cavalcanti, Candido Portinari e Hélio Oiticica, o chileno Roberto Matta, o uruguaio Joaquín Torres-García, o cubano Wilfredo Lam e o mexicano Diego Rivera, cujo "Retrato de Ramón Gomez de la Serna" é a obra mais cara do museu (US$ 3,5 milhões).
Costantini calcula ter gasto "entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões" na aquisição de toda sua coleção, além de outros US$ 25 milhões para a construção do prédio de 7.000 m2 que abrigará o museu a partir de hoje.
Toda a coleção foi doada à fundação que leva seu nome e que passará a gerir o museu a partir de agora. Ainda assim, o empresário calcula que terá de continuar financiando, do bolso, "um déficit de US$ 3 milhões anuais no orçamento" do Malba.
Costantini conta que sua idéia inicial era doar a coleção após sua morte, mas que a idéia foi antecipada quando surgiu a oportunidade de comprar o terreno no qual o prédio foi construído. "Isso aconteceu em 1997, quando me deparei com essa decisão difícil", disse ele à Folha.
Agitado com a iminência da inauguração, ele admite que deve deixar de lado, por enquanto, seu declarado vício de comprar obras. "A prioridade agora não é incorporar novas obras, mas sustentar o museu, dotá-lo de recursos necessários e investir em projetos culturais", afirma.
Para ele, a existência de um espaço definitivo traz novas perspectivas. "O museu não é só a coleção", diz. "Com a realização de exposições, de eventos, podemos ter obras emprestadas, e a coleção pode aumentar com doações."
Enquanto examina, ao lado do diretor do Malba, o mexicano Agustín Arteaga, 43, os últimos preparativos para a abertura, Costantini afirma que não sente ciúmes ao ver as obras a que dedicou uma grande parte de sua existência expostas publicamente. "Elas estão muito melhor aqui do que em depósitos ou nas paredes da minha casa e de meu escritório", diz. "Fazem parte agora de um projeto muito mais rico."
Argentina inaugura museu para arte latino-americana
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da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Algumas das principais obras de arte latino-americana do século 20 ganham hoje sua "casa definitiva", com a inauguração, na capital argentina, do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba).
O imponente prédio no bairro de Palermo foi construído a partir dos desejos do milionário e colecionador Eduardo Costantini, 55, que adquiriu, em praticamente duas décadas, 228 obras de artistas da região.
A coleção de Costantini será a estrela do museu e inclui obras-chave da arte latino-americana do último século, como a tela-mural "Manifestación" (1934), do argentino Antonio Berni, o "Abaporu" (1928), de Tarsila do Amaral, e o "Autorretrato con Chango y Loro", da mexicana Frida Kahlo, quadro que é até hoje o recorde de preço para arte latino-americana em leilões -US$ 3,2 milhões.
Além disso, as paredes do museu estão recheadas de outros grandes nomes como o colombiano Fernando Botero, os brasileiros Di Cavalcanti, Candido Portinari e Hélio Oiticica, o chileno Roberto Matta, o uruguaio Joaquín Torres-García, o cubano Wilfredo Lam e o mexicano Diego Rivera, cujo "Retrato de Ramón Gomez de la Serna" é a obra mais cara do museu (US$ 3,5 milhões).
Costantini calcula ter gasto "entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões" na aquisição de toda sua coleção, além de outros US$ 25 milhões para a construção do prédio de 7.000 m2 que abrigará o museu a partir de hoje.
Toda a coleção foi doada à fundação que leva seu nome e que passará a gerir o museu a partir de agora. Ainda assim, o empresário calcula que terá de continuar financiando, do bolso, "um déficit de US$ 3 milhões anuais no orçamento" do Malba.
Costantini conta que sua idéia inicial era doar a coleção após sua morte, mas que a idéia foi antecipada quando surgiu a oportunidade de comprar o terreno no qual o prédio foi construído. "Isso aconteceu em 1997, quando me deparei com essa decisão difícil", disse ele à Folha.
Agitado com a iminência da inauguração, ele admite que deve deixar de lado, por enquanto, seu declarado vício de comprar obras. "A prioridade agora não é incorporar novas obras, mas sustentar o museu, dotá-lo de recursos necessários e investir em projetos culturais", afirma.
Para ele, a existência de um espaço definitivo traz novas perspectivas. "O museu não é só a coleção", diz. "Com a realização de exposições, de eventos, podemos ter obras emprestadas, e a coleção pode aumentar com doações."
Enquanto examina, ao lado do diretor do Malba, o mexicano Agustín Arteaga, 43, os últimos preparativos para a abertura, Costantini afirma que não sente ciúmes ao ver as obras a que dedicou uma grande parte de sua existência expostas publicamente. "Elas estão muito melhor aqui do que em depósitos ou nas paredes da minha casa e de meu escritório", diz. "Fazem parte agora de um projeto muito mais rico."
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