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06/07/2000 - 03h39

Eva Wilma e Eunice Muñoz dão a palavra a Capitu e Maria Eduarda

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VALMIR SANTOS
da Folha de S. Paulo

Primeiro, Eva Wilma e Eunice Muñoz surgem lendo Machado de Assis e Eça de Queirós. Depois, elas são Capitu e Maria Eduarda. Depois, se transformam nas criadas Francisca e Eulália. Depois ainda, são elas mesmas, atrizes.

E o ciclo não pára na superposição de "máscaras" em "Madame", a produção teatral luso-brasileira que estreou em Portugal, três meses atrás, e chega ao Brasil em curta temporada no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, a partir de hoje (para convidados), seguindo depois para Porto Alegre (teatro São Pedro, dias 22 e 23/7) e Curitiba (Guairinha, 27 a 30/7).

É a primeira peça de Maria Velho da Costa, romancista aclamada na literatura portuguesa contemporânea ("Maina Mendes", 1969). A versão para o palco é distinta daquela publicada em 1999.

A autora reescreveu cenas durante as primeiras leituras da peça, na cidade do Porto, em novembro passado, sentada ao lado do diretor Ricardo Pais e das atrizes Eva Wilma e Eunice Muñoz. "Foi um susto e um privilégio", afirma Maria Velho, 62.

Ela comete o encontro e a amizade no exílio de Capitu ("Dom Casmurro", 1899) e de Maria Eduarda ("Os Maias", 1888). Ambas estão em Paris, no início do século, com 60 e poucos anos. Conversam sobre suas trajetórias pessoais, enredadas por Machado de Assis e Eça de Queirós e prolongadas por Maria Velho, com adultério, incesto, bastardia etc.

Em algumas passagens, as criadas de quarto revelam mais sobre as patroas do que as próprias. Francisca (Eva), por exemplo, toma partido sobre a suposta traição de Capitu.

"Tu vistes?", pergunta Eulália (Eunice), logo na primeira cena das criadas. "Fiquei de aviso na porta dela e fui eu que levei as roupa da cama p'ra lavar. Cheirei. Deve ter sido só uma vez, mas bastou. E foi de gosto", responde Francisca, às gargalhadas.

O humor, lembra Pais, é outra característica do texto que a montagem procurou ressaltar. "Para mim, as duas personagens são fantasmas de um vaudeville metafísico", diz, redimensionando o gênero de comédia de intriga que não tem pretensões intelectuais.

Além das "madames literárias", a autora criou papéis para o filho de Capitu, Ezequiel (interpretado pelo ator franco-português Philippe Leroux) e para o bastardo que reclama ser filho do pai ou do irmão de Maria Eduarda, Manuel Afonso (António Rama). Um terceiro papel masculino, Cativo, é vivido por Ricardo Silva.

O pianista Afonso Melão acompanha boa parte das cenas. A cenografia é de António Lagarto, que diz ter relacionado a simplicidade do espaço com o jogo de culpa e erotismo.

Peça: Madame
Texto: Maria Velho da Costa
Com: Eva Wilma, Eunice Muñoz, António Rama e outros
Quando: estréia hoje, para convidados; qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 16/7
Onde: Sesc Vila Mariana - teatro (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3147)
Quanto: R$ 20 e R$ 10

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