26/09/2001 - 16h47

Walter Avancini foi um dos pioneiros da TV no Brasil

ANDRÉ LUIZ GHEDINE
do Banco de Dados

Walter Avancini foi um dos pioneiros da televisão brasileira. Entre as novelas e minisséries que dirigiu, estão algumas das produções de maior sucesso da história da dramaturgia brasileira. Novelas como "Saramandaia" e "Gabriela" e minisséries como "Grande Sertão: Veredas" e "Morte e Vida Severina" tiveram a assinatura de Avancini na direção.

Divulgação

O diretor Walter Avancini

Nascido em São Paulo, em 1935, Avancini começou a trabalhar como ator de radionovelas nas Emissoras Associadas, em 1943. Ele também passou pela Rádio Bandeirantes e pelas Organizações Vitor Costa. Na década de 1950, com o aparecimento da televisão, passou a escrever teleteatros e, na década de 1960, começou a dirigir.

Avancini também atuou no teatro e dirigiu a peça "A Infidelidade ao Alcance de Todos", em 1966. Em 1964, começou a trabalhar na TV Excelsior. No ano seguinte, como diretor da novela "A Deusa Vencida", ele deu à novata Regina Duarte seu primeiro papel em telenovelas.

Depois de quatro anos na Excelsior, Avancini passou pelas TV Record, TV Bandeirantes, voltou para as Emissoras Associadas até ser contratado pela Rede Globo, em 1972.

Em sua estréia como diretor na Globo, ainda em 1972, dirigiu a novela "Selva de Pedra", de Janete Clair. No ano seguinte, dirigiu "Cavalo de Aço", novela de Walter Negrão. Em 1975, dirigiu "Gabriela", adaptação para a TV de Walter George Durst para o romance "Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado, e, em 1976, assinou a direção de "Saramandaia", de Dias Gomes.

Depois de sete anos na Globo, Avancini foi para a TV Tupi, onde assumiu o cargo de diretor de programação. Deixou a Tupi no mesmo ano e passou a dedicar-se ao teatro.

A partir de 1980, passou a comandar o núcleo de novelas da TV Bandeirantes. Nessa passagem pela emissora paulista, que durou menos de um ano, Avancini dirigiu a novela "Cavalo Amarelo", de Ivani Ribeiro, com Dercy Gonçalves.

Entre 1981 e 1986, voltou a trabalhar na Rede Globo. Nessa época, dirigiu as minisséries 'Morte e Vida Severina' (1981), baseada na obra de João Cabral de Melo Neto, 'Anarquistas Graças a Deus' (1984), de Zélia Gattai, e 'Grande Sertão: Veredas' (1985), baseada na obra de Guimarães Rosa.

Em 1987, voltou à Bandeirantes, onde dirigiu a minissérie 'Chapadão do Bugre', baseada no romance de Mário Palmério. Ficou na emissora por sete meses e retornou à Rede Globo.

Avancini deixou a Rede Globo em 1990, para assumir o cargo de diretor-executivo da área de teledramaturgia do SBT. Durante sua gestão na emissora, dirigiu a novela 'Brasileiras e Brasileiros' e uma versão do seriado 'Alô Doçura'. Nesse mesmo ano Avancini incursionou pelo cinema na direção de 'Boca de Ouro', filme baseado na obra de Nelson Rodrigues.

A concorrência das novelas mexicanas, que começavam a ser exibidas pelo SBT, antecipou a saída de Avancini da emissora de Silvio Santos em 1992, um ano antes do fim de seu contrato. Depois da saída do SBT, Avancini mudou-se para Portugal, onde montou uma produtora e realizou a novela 'A Banqueira do Povo' para a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa), além da minissérie 'A Viúva do Enforcado' e o filme 'Tordesilhas, o Sonho do Rei'.

De volta ao Brasil, em 1995, trabalhou como diretor-executivo da Fundação Roquette Pinto, mantenedora da TV Educativa, e passou a colaborar com a produtora TV Plus, que produziu novelas para a Rede Bandeirantes.

No final de 1995, Avancini assumiu, ao lado de Walter George Durst, a direção da novela 'Tocaia Grande', da Rede Manchete, que apresentava baixos índices de audiência. Na Manchete, dirigiu também as novelas 'Xica da Silva', 'Mandacaru' e 'Brida', adaptação do livro de Paulo Coelho.

O diretor voltou a Globo em 1999 para assumir o comando da minissérie "Vargas - Uma Tragédia Brasileira' e, em 2000, dirigiu a novela "O Cravo e a Rosa".

Walter Avancini morreu hoje, na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, onde estava internado desde o último dia 6.

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