Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/09/2001 - 04h34

Escritores nacionais retratam seus times em coleção com 13 livros

Publicidade

MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

Com projeto gráfico de Victor Burton, 13 times serão retratados por 13 escritores-torcedores: Washington Olivetto (Corinthians), Eduardo Bueno (Grêmio), Luis Fernando Veríssimo (Internacional), Roberto Drummond (Atlético Mineiro), Sérgio Augusto (Botafogo), Nelson Motta (Fluminense), Aldir Blanc (Vasco), Mário Prata (Palmeiras), Jorge Santana (Cruzeiro) e Bob Fernandes (Bahia).

O primeiro livro da coleção sai em novembro. Ruy Castro, 53, publica "O Vermelho e o Negro -°Uma Pequena Grande História do Flamengo". Em dezembro, saem "Dicionário Santista", de José Roberto Torero, com verbetes que contam a história do Peixe, e um livro sobre o São Paulo ainda sem título de Alberto Helena.

"Procuramos uma ênfase na literatura, não apenas nas histórias dos clubes. Os livros, antes, eram mais folclóricos, tratados como se fossem álbuns de figurinha", conta Alexandre Dórea Ribeiro, 48, editor da DBA.

"Sempre que há crise no futebol, há livros discutindo-o. Depois da derrota do Brasil na Copa do Mundo de 66, surgiu até uma editora, editora Gol, de Milton Pedrosa, dedicada ao tema. Quando o país vai mal, abre-se um bar. Quando não se pode fazer nada para melhorar o futebol, escrevem-se livros", diz Castro.

O título "O Vermelho e o Negro" é inspirado no clássico homônimo de Stendhal, porque, segundo o autor, a saga do Flamengo e sua capacidade de regeneração lembram as sagas napoleônicas. "É a primeira vez que escrevo um livro muito pessoal, porque envolve paixão. Faço interferências e conto a minha primeira ida ao Maracanã. Com as biografias, eu fui como um espelho", completa Castro, autor da biografia "Estrela Solitária" (1995).

Torero revela que um dos verbetes de "Dicionário Santista" será uma mentira, o que tornará o livro ambíguo, e que não conseguiria escrever sobre outro time.

"São livros que serão comprados por torcedores que têm dinheiro. No meu caso, eu já tinha pensado em escrever um romance de ficção de "a" a "z". São verbetes que englobam as glórias e as coisas bizarras. Sabia que já teve o cigarro e o perfume Santos Futebol Clube?", pergunta.

Rodrigo Teixeira, 24, idealizador da coleção, explica que não existe acordo com o Clube dos 13, entidade que engloba os times brasileiros mais populares. Segundo Teixeira, o 13 é o número da sorte e da paixão.

"Onze são os jogadores. A torcida é 12. A paixão é 13. É um projeto que começou há quatro anos", diz Teixeira, que ofereceu a coleção a três grandes editoras, investiu perto de R$ 500 mil em pesquisas entregues aos autores e adiantamentos. "Acho que teremos dois públicos, o torcedor e o leitor fiel dos autores", diz.

Segundo ele, Eduardo Bueno (Grêmio) provoca os torcedores do time rival e não cita a palavra Internacional, Aldir Blanc dá uma visão poética sobre o Vasco, Mário Prata faz uma ficção sobre o Palmeiras, e Sérgio Augusto vai descobrir o Botafogo e, como Castro, recusou a pesquisa.

Enquanto o Brasil se autodenominava o país de chuteiras, seus escritores demoraram para incluir o esporte em suas narrativas; Nelson Rodrigues é uma exceção. Hoje, há um boom de livros sobre o futebol no mercado.

A Companhia das Letras deu o pontapé inicial na década de 90, publicando as crônicas de Nelson Rodrigues ("A Sombra das Chuteiras Imortais" e "A Pátria em Chuteiras") e a biografia de Garrincha. "Todo mundo falava que livro de futebol não vendia. Os livros do Nelson foram um sucesso", diz Luiz Schwarcz, editor.

A Geração Editorial investe no tema pela primeira vez, ao publicar o livro "Neco, o Primeiro Ídolo", do controvertido vice-presidente de futebol do Corinthians, Antonio Citadini.

E a Mauad acaba de lançar duas obras, "Corinthians x Palmeiras - Uma História de Rivalidade", de Antonio Carlos Napoleão, e "A Invenção do País do Futebol", de Ronaldo Helal, Antonio Jorge Soares e Hugo Lovisolo.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página