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05/10/2001
-
04h05
MARCELO VALLETTA
free-lance para a Folha
Uma injustiça histórica é finalmente reparada com o lançamento de "Meu Lugar", álbum de estréia de Jackson Augusto Bicudo de Moraes, 33, como artista solo de rap. Conhecido como MC Jack, é um dos mais respeitados pioneiros do hip hop no Brasil.
Com duas faixas lançadas em "Hip Hop Cultura de Rua", de 1988, um dos marcos iniciais do rap no país, que revelou artistas como Thaíde & DJ Hum e Código 13, Jack escreveu seu nome na história do movimento como um de seus mais simpáticos representantes, para depois experimentar o ostracismo.
"Em 91, 92, o rap deu uma guinada, o negócio começou a ficar mais engajado, politizado, pesado", conta o artista. "Eu achei que começou a perder a alegria, que era a essência do hip hop no início. Então, por opção, comecei a valorizar mais meu lado DJ."
Jack conta que rodou por todo o Brasil no início dos 90, fazendo performances como DJ, dando cursos, disputando campeonatos.
Após mudar para Blumenau (SC), onde morou por sete anos -voltou a São Paulo em fevereiro passado-, Jack tornou-se DJ residente em uma casa noturna e dedicou-se a várias tendências da então nascente música eletrônica brasileira. "Trabalhava com house, tech-house, drum'n'bass, tecno e lancei três discos independentes agregando esses estilos."
Seu disco de rap estava sendo preparado desde 97, e Jack planejava bancá-lo. Mas, ao participar do álbum do rapper Criminal D, lançado neste ano pela Trama, Jack conheceu João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora. "Ficamos conversando a tarde toda no estúdio. No dia seguinte, recebi uma ligação dizendo que queriam me contratar."
Sobre o álbum, Jack afirma que não pretendeu seguir nenhuma corrente atual do rap. "Não quis fazer música para agradar os "baileiros'", afirma. Algumas canções, como "Centro da Cidade" e "Acredite em Mim", foram escritas há cerca de 15 anos.
O pioneiro Jack relembra os primeiro passos da cultura hip hop no Brasil. "Em 85, 86, eu dançava break na rua com o Nelsão [o dançarino Nelson Triunfo] na 24 de Maio com a Dom José de Barros, no centro. Dali, passamos para a estação São Bento. A gente não imaginava que seria capaz de fazer rap. A gente fazia rimas batucando nas latas de lixo."
Ele conta que artistas como Skowa e os roqueiros Nasi e André Jung, do Ira!, ajudaram os rappers paulistanos a compor. "A gente não tinha acesso a nada. Foi muito bom saber que a gente precisava batalhar. A molecada de hoje reclama muito e faz pouco."
Jack afirma que o potencial do rap ainda não foi plenamente desenvolvido no Brasil. "Tenho vontade de falar para os rappers: "Manos, eu comi capim para vocês comerem caviar, e vocês estão comendo mortadela ainda, meu". O hip hop poderia estar melhor. Mas ele vai crescer muito."
Leia a nossa opinião sobre o CD na Crítica Online
Pioneiro do hip hop, MC Jack volta com "Meu Lugar"
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free-lance para a Folha
Uma injustiça histórica é finalmente reparada com o lançamento de "Meu Lugar", álbum de estréia de Jackson Augusto Bicudo de Moraes, 33, como artista solo de rap. Conhecido como MC Jack, é um dos mais respeitados pioneiros do hip hop no Brasil.
Com duas faixas lançadas em "Hip Hop Cultura de Rua", de 1988, um dos marcos iniciais do rap no país, que revelou artistas como Thaíde & DJ Hum e Código 13, Jack escreveu seu nome na história do movimento como um de seus mais simpáticos representantes, para depois experimentar o ostracismo.
"Em 91, 92, o rap deu uma guinada, o negócio começou a ficar mais engajado, politizado, pesado", conta o artista. "Eu achei que começou a perder a alegria, que era a essência do hip hop no início. Então, por opção, comecei a valorizar mais meu lado DJ."
Jack conta que rodou por todo o Brasil no início dos 90, fazendo performances como DJ, dando cursos, disputando campeonatos.
Após mudar para Blumenau (SC), onde morou por sete anos -voltou a São Paulo em fevereiro passado-, Jack tornou-se DJ residente em uma casa noturna e dedicou-se a várias tendências da então nascente música eletrônica brasileira. "Trabalhava com house, tech-house, drum'n'bass, tecno e lancei três discos independentes agregando esses estilos."
Seu disco de rap estava sendo preparado desde 97, e Jack planejava bancá-lo. Mas, ao participar do álbum do rapper Criminal D, lançado neste ano pela Trama, Jack conheceu João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora. "Ficamos conversando a tarde toda no estúdio. No dia seguinte, recebi uma ligação dizendo que queriam me contratar."
Sobre o álbum, Jack afirma que não pretendeu seguir nenhuma corrente atual do rap. "Não quis fazer música para agradar os "baileiros'", afirma. Algumas canções, como "Centro da Cidade" e "Acredite em Mim", foram escritas há cerca de 15 anos.
O pioneiro Jack relembra os primeiro passos da cultura hip hop no Brasil. "Em 85, 86, eu dançava break na rua com o Nelsão [o dançarino Nelson Triunfo] na 24 de Maio com a Dom José de Barros, no centro. Dali, passamos para a estação São Bento. A gente não imaginava que seria capaz de fazer rap. A gente fazia rimas batucando nas latas de lixo."
Ele conta que artistas como Skowa e os roqueiros Nasi e André Jung, do Ira!, ajudaram os rappers paulistanos a compor. "A gente não tinha acesso a nada. Foi muito bom saber que a gente precisava batalhar. A molecada de hoje reclama muito e faz pouco."
Jack afirma que o potencial do rap ainda não foi plenamente desenvolvido no Brasil. "Tenho vontade de falar para os rappers: "Manos, eu comi capim para vocês comerem caviar, e vocês estão comendo mortadela ainda, meu". O hip hop poderia estar melhor. Mas ele vai crescer muito."
Leia a nossa opinião sobre o CD na Crítica Online
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