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09/10/2001 - 03h02

Produção cinematográfica da Argentina escapa de recessão

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ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires

Enquanto a economia argentina se aprofunda na recessão, sua produção cinematográfica passa por um dos melhores momentos da história, com produção crescente, boas críticas, prêmios internacionais e muito público.

No ano passado, estrearam 47 filmes nacionais no país, a maior quantidade desde 1954 e que está prestes a ser ultrapassada -neste ano, já houve 41 estréias.

Dos cinco filmes de maior público deste ano até aqui, três são argentinos. A comédia dramática "El Hijo de la Novia", maior êxito da produção local, passou a barreira de 1 milhão de espectadores e ultrapassou os 1,05 milhão de espectadores de "Jurassic Park 3", filme de maior público até então.

O sucesso nas salas de cinema é reflexo também de um maior reconhecimento internacional, com diversos prêmios conquistados em festivais internacionais. "Bolívia", de Adrián Caetano, ganhou, na semana passada, o prêmio de melhor filme latino-americano no Festival de San Sebastián, na Espanha. Os atores Ricardo Darín e Gastón Pauls, de "Nove Rainhas", dividiram o prêmio de melhor ator do Festival de Biarritz (França), no último sábado. A cineasta Lucrecia Martel foi premiada no Festival de Berlim deste ano por "O Pântano", seu longa de estréia.

Com o reconhecimento da crítica, os filmes argentinos começam a romper o obstáculo da falta de distribuição. O longa "Nove Rainhas", que ficou em cartaz por quatro meses em São Paulo e teve mais de 70 mil espectadores, foi vendido também para quase toda a América Latina, já levou mais de 100 mil espanhóis aos cinemas e estréia nos EUA neste mês com mais de 200 cópias.

"O cinema argentino passa por um pequeno boom", disse à Folha o cineasta Juan José Campanella, 44, de "El Hijo de la Novia". "Nos últimos anos vimos o aparecimento de uma nova escola de cinema, com muito cuidado técnico, sem deixar de lado a preocupação com a estética", diz.

Para Fabián Bielinsky, 42, diretor de "Nove Rainhas", o cinema de massa argentino deixou de ter conteúdo estritamente comercial. "Agora há filmes mais pessoais, mais elaborados e com maior qualidade, que têm boa aceitação da crítica e mais público."

Segundo os dados do Sindicato da Indústria Cinematográfica Argentina (Sica), no ano passado, a frequência a filmes nacionais cresceu 10,7%, enquanto o público de cinema em geral havia crescido 4,6%. No ano anterior, o número de espectadores de filmes nacionais já havia crescido 31,6%, enquanto as salas de cinema tiveram queda de 1,7% no público.

Apenas os filmes americanos têm mais público na Argentina que o cinema nacional. No ano passado, o público de cinema argentino no país chegou a 6,3 milhões, número mais alto em 15 anos. Em termos de proporção de espectadores que prestigiam o cinema nacional, os 20% na Argentina só são menores que as porcentagens verificadas nos EUA, na França, Dinamarca e Itália.

"Sem dúvida, existe uma nova pujança do cinema nacional", afirma José Miguel Onaindia, diretor do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa), órgão estatal encarregado de financiar a produção local.

"O cinema nacional hoje só é viável com os subsídios, mas não podemos contar apenas com isso", afirma Octavio Nadal, da Patagonik, produtora de "Nove Rainhas". A empresa é uma associação entre o grupo Clarín, a Telefónica de España e a Buena Vista International, da Disney. Para Nadal, os caminhos são co-produções com a TV, lançamentos em vídeo e a distribuição no exterior.

Para promover o cinema local no exterior, o Incaa está abrindo escritórios de promoção comercial em quatro consulados -Rio, Madri, Roma e Los Angeles.
 

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