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10/10/2001 - 02h33

Guerra intimida Feira de Livros de Frankfurt

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo, em Madri


Tudo estava preparado para o dia 11 de setembro. Naquela terça-feira os organizadores do maior encontro editorial do mundo, a Feira de Livros de Frankfurt, anunciariam em Nova York a sua grande novidade deste ano.

"Frankfurt in New York" seria o nome de um novo evento anual, que pretendia levar aos abris nova-iorquinos um pouco do rebuliço editorial dos outubros frankfurtianos.

Veio então o terror, o anúncio da nova feira foi adiado e começou a fermentar no mercado editorial um outro tipo de rebuliço. Será seguro ir a Frankfurt, sistema nervoso da edição ocidental? A resposta da direção do encontro veio em um comunicado que afirmava: "Dados os ataques terroristas de 11 de setembro e as reações militares, a segurança será a prioridade este ano".

É assim que começa hoje na cidade alemã a 52ª edição do evento. A mais assustada delas.

Até ontem não havia uma radiografia precisa, mas o temor deixará mais vazios os intermináveis corredores da feira -um pouco menos intermináveis neste ano, com o fechamento de um dos dez pavilhões "estilo Anhembi", nos quais se espalha o evento.

Já cancelaram presença, por exemplo, desde autores, como a chilena Isabel Allende, que declarou que não subiria "em nenhum avião tão cedo", até editoras, como um grupo de 31 casas editoriais americanas que declararam que não mandariam nenhum representante. No total, 54 expositoras desistiram de Frankfurt.

O pavilhão das empresas de língua inglesa será a sede informal do recém-criado Comitê de Segurança de Frankfurt. Nesse prédio estarão editores americanos, ingleses e israelenses, que por razões bastante óbvias não ficarão no mesmo prédio dos colegas do Oriente Médio (esses dividem pavilhão com o Brasil).

Um minuto de silêncio, talvez o primeiro já escutado na barulhenta feira alemã, será feito por gregos e troianos às 14h48 locais do dia 11, um mês após o primeiro choque no World Trade Center.

Helenos
Gregos estarão por todas as partes neste ano em Frankfurt. A Grécia será o país homenageado neste que provavelmente será um dos últimos anos em que a feira terá um país como tema.

A Grécia será representada por cerca de 70 editoras, além de ser tema também de palestras e exposições.

O site inside.com, que traz informações sobre o mercado editorial, anunciou que depois de Lituânia e Rússia, os próximos dois celebrados, a feira deve trocar as festividades nacionais por um congresso com grandes escritores de várias partes do mundo.

Por ora, os grandes nomes continuam no conta-gotas. O maior é Jürgen Habermas, último representante vivo da vigorosa Escola de Frankfurt. O filósofo e sociólogo alemão, de 72 anos, é o vencedor do Prêmio da Paz, que todos os anos é entregue pela associação dos livreiros alemães durante a feira.

A presença dos outros destaques não está confirmada. A programação de debates da feira trazia escritores como o italiano Umberto Eco e o nipo-britânico Kazuo Ishiguro, falando sobre a literatura de suspense, por exemplo, mas nenhum confirmou a presença. Mas não é nenhum desses nomes, nem o das outras centenas de autores que estarão nos estandes, o nome mais pronunciado no evento.

Bin Laden em Frankfurt
Muitas publicações, como a editada pela Associação dos Livreiros dos EUA, apostam tudo na negociação de livros sobre terrorismo, Taleban e, especificamente, sobre Osama bin Laden.

Pelo menos cinco biografias do terrorista saudita, todas já publicadas, estarão circulando nas mesas de editores e agentes literários de diversos países.

A gigante editorial norte-americana Random House, por sua vez, traz na manga o projeto "Conquistando o Terror", estudo sobre o terrorismo feito pelo escritor best-seller Caleb Carr, também historiador militar.

Ocupada estará também a agente da renomada pesquisadora Karen Armstrong, que publicou recentemente seu "História do Islã", que ganhou três reedições desde 11 de setembro e deve ser negociado para todo o mundo.
 

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