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11/10/2001 - 07h22

Artista plástico Waldemar Cordeiro sobrevive à amnésia nacional

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FELIPE CHAIMOVICH
Crítico da Folha

A obra de Waldemar Cordeiro sobreviveu à amnésia nacional. Após anos de descuido e dispersão, retorna numa retrospectiva na galeria Brito Cimino.

Cordeiro participou da gestação da arte contemporânea brasileira. Após a Segunda Guerra, engajou-se na abstração construtiva que dominava o debate estético. Participou do grupo Frente nos anos 50, e a pesquisa então desenvolvida levou-o à Exposição Internacional de Arte Concreta de Zurique (Suíça), em 1960.

O artista teve papel de destaque também na revisão da abstração durante o período da ditadura militar. Em 1964 iniciou a fase experimental denominada "popcreto", fusão de estruturas construtivas com a linguagem poética. Como resultado, criou obras abertas à participação lúdica do espectador por meio da combinação de partes móveis.

Tais resultados foram exemplares para Hélio Oiticica teorizar sobre o nascimento da Nova Objetividade Brasileira em 1967.

Entretanto, esse patrimônio artístico estava parcialmente destruído. Recente acordo entre a família Cordeiro e a Brito Cimino possibilitou o restauro criterioso das peças históricas.

Cronologia

A mostra oferece um painel cronológico do artista. Abre-se com o período de formação expressionista, do qual se destaca um auto-retrato de 1944.

A primeira obra exibida da fase construtiva coincide com a inauguração da Bienal de São Paulo, em 1951. A data marca o início da promoção paulista da abstração no Brasil, e Cordeiro teve papel fundamental na defesa da qualidade da produção local. Há duas telas intituladas "Movimento Ruptura", ambas de 1952, que formam parte de uma amostragem da fase desenhista que vai até 1958. Já a abstração cromática está representada por obras do começo dos anos 60.

A transição para os objetos interativos revela um amadurecimento gradual. "Objeto", "Ambigüidade" e "Aleatório" são preâmbulos para a grande virada.

"Popcreto para um popcrítico" inaugura a fase do experimentalismo radical: um auto-retrato fragmentário com uma enxada cravada sobre fundo monocromático vermelho, emblematicamente do ano de 1964.

A partir de então, o espectador acompanhará um distanciamento crescente das formas tradicionais da arte, como os quadros da década anterior.

Fotografia, jornal, vidro, bandeira, espelho, rodas de bicicleta, chapas metálicas e luzes coloridas criam um repertório técnico que nem Cordeiro dominava completamente donde a degradação sofrida pelas peças até serem restauradas.

A última parte da mostra atesta a constante abertura para novas mídias.

A série "Retrato de Fabiana" foi produzida entre 70 e 73 com imagens de computador. O eterno concretista jogou com os elementos construtivos envolvidos na impressão matricial, tal como espelhados nos desenhos "Digitalização de Fabiana".

A retrospectiva ilumina um dos sentidos basilares da arte contemporânea paulistana: a renovação técnica fundada na tradição construtiva.

WALDEMAR CORDEIRO
Onde: galeria Brito Cimino (r. Gomes de Carvalho, 842, tel. 3842-0634)
Quando: hoje, das 11h às 19h
Quanto: entrada franca
 

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