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16/10/2001
-
03h22
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo
Realidades diferentes, religiões diferentes e ódios diferentes presentes numa mesma vizinhança. Vinte minutos separam o duro -e violento- cotidiano de sete crianças em Jerusalém. Dessa premissa é feito o documentário "Promessas", de B.Z. Goldberg, Carlos Bolado e Justine Shapiro.
O projeto levou quase seis anos para ficar pronto, empacado na captação de dinheiro e na edição do material. "Podíamos ter feito um rápido documentário para a TV em um mês ou dois. Mas a idéia não era fazer algo fácil. Quisemos olhar a história por vários ângulos", conta B.Z.
Goldberg, 38, que nasceu em Boston (EUA), mas passou a infância em Israel.
Buscando um lado "humano e, ao mesmo tempo, realista", o longa retrata as infâncias do Oriente Médio, passando por terrorismo e intolerância: "A guerra faz parte da realidade de crescer na região".
"Promessas" participa da Mostra BR de Cinema de São Paulo, com primeira exibição no dia 20. Leia trechos da entrevista à Folha, por telefone, de sua casa nos EUA.
Folha - Quanto tempo levou para fazer "Promessas"?
B.Z. Goldberg - O projeto durou quase seis anos. Primeiro, logo no começo: para levantar o dinheiro. A outra coisa que nos tomou muito tempo foi editar tudo, porque o que queríamos era encontrar a verdadeira história. Poderíamos ter feito um simples e rápido documentário para TV em um mês ou dois, mas a idéia não era fazer algo fácil. Tivemos que olhar a história por diversos ângulos para criar um equilíbrio.
Folha - Vocês sofreram censura ou preconceito nas filmagens?
Goldberg - O tempo todo. Todos sentimos constantemente algo no ar. Mas tentamos focar o filme nas coisas que nos fascinavam ou despertavam curiosidade, mais do que em algum senso de justiça.
Folha - Como vocês escolheram as crianças participantes no projeto?
Goldberg - Conhecemos por volta de cem crianças. Queríamos que representassem as principais forças do conflito: certamente teríamos de ter um ortodoxo, um liberal, alguém que vivesse em um campo de refugiados, uma criança que tivesse o pai na prisão.
Folha - Você acha que essas crianças têm uma opinião sobre o conflito ou são apenas o reflexo da opinião dos pais ou da religião?
Goldberg - Há uma mistura dessas coisas. Não é uma simples reprodução do pensamento dos pais. As crianças do filme, por exemplo, têm opiniões fortes e, às vezes, até dizem coisas com que seus pais não concordariam. Eles têm uma mente independente e não têm medo de falar para as câmeras o que muitos adultos estão pensando, mas não ousam dizer. Ninguém na colônia, por exemplo, ousaria dizer: "Eu quero todos os árabes fora do país". Quer dizer, talvez hoje ousassem.
Filme da mostra de SP retrata o conflito no Oriente Médio
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da Folha de S.Paulo
Realidades diferentes, religiões diferentes e ódios diferentes presentes numa mesma vizinhança. Vinte minutos separam o duro -e violento- cotidiano de sete crianças em Jerusalém. Dessa premissa é feito o documentário "Promessas", de B.Z. Goldberg, Carlos Bolado e Justine Shapiro.
O projeto levou quase seis anos para ficar pronto, empacado na captação de dinheiro e na edição do material. "Podíamos ter feito um rápido documentário para a TV em um mês ou dois. Mas a idéia não era fazer algo fácil. Quisemos olhar a história por vários ângulos", conta B.Z.
Goldberg, 38, que nasceu em Boston (EUA), mas passou a infância em Israel.
Buscando um lado "humano e, ao mesmo tempo, realista", o longa retrata as infâncias do Oriente Médio, passando por terrorismo e intolerância: "A guerra faz parte da realidade de crescer na região".
"Promessas" participa da Mostra BR de Cinema de São Paulo, com primeira exibição no dia 20. Leia trechos da entrevista à Folha, por telefone, de sua casa nos EUA.
Folha - Quanto tempo levou para fazer "Promessas"?
B.Z. Goldberg - O projeto durou quase seis anos. Primeiro, logo no começo: para levantar o dinheiro. A outra coisa que nos tomou muito tempo foi editar tudo, porque o que queríamos era encontrar a verdadeira história. Poderíamos ter feito um simples e rápido documentário para TV em um mês ou dois, mas a idéia não era fazer algo fácil. Tivemos que olhar a história por diversos ângulos para criar um equilíbrio.
Folha - Vocês sofreram censura ou preconceito nas filmagens?
Goldberg - O tempo todo. Todos sentimos constantemente algo no ar. Mas tentamos focar o filme nas coisas que nos fascinavam ou despertavam curiosidade, mais do que em algum senso de justiça.
Folha - Como vocês escolheram as crianças participantes no projeto?
Goldberg - Conhecemos por volta de cem crianças. Queríamos que representassem as principais forças do conflito: certamente teríamos de ter um ortodoxo, um liberal, alguém que vivesse em um campo de refugiados, uma criança que tivesse o pai na prisão.
Folha - Você acha que essas crianças têm uma opinião sobre o conflito ou são apenas o reflexo da opinião dos pais ou da religião?
Goldberg - Há uma mistura dessas coisas. Não é uma simples reprodução do pensamento dos pais. As crianças do filme, por exemplo, têm opiniões fortes e, às vezes, até dizem coisas com que seus pais não concordariam. Eles têm uma mente independente e não têm medo de falar para as câmeras o que muitos adultos estão pensando, mas não ousam dizer. Ninguém na colônia, por exemplo, ousaria dizer: "Eu quero todos os árabes fora do país". Quer dizer, talvez hoje ousassem.
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