Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/10/2001 - 03h29

"História Real" é destaque na 25ª Mostra BR de Cinema de SP

Publicidade

ANTONIO JÚNIOR
free-lance para a Folha, em Barcelona

O longa "História Real" (1999), de David Lynch, é um dos grandes destaques da programação da 25ª Mostra BR de Cinema de São Paulo, que começa amanhã para o público em uma edição mais "geopolítica" do que nunca.

Nascido em Montana, nos EUA, Lynch, 53, é um tipo bem diferente das figuras mórbidas que animam sua criação.

O criador de "Veludo Azul" (1986) falou à Folha sobre "História Real" e seu modo de filmar. Leia a seguir trechos da entrevista concedida em Barcelona.

Folha - "História Real" não contém seus elementos bizarros habituais. Quis fazer algo diferente?
David Lynch -
Não acho que este seja um filme atípico, diferente dos meus filmes anteriores. Embora mostre o campo e a vida cotidiana, a magia e o mistério estão muito presentes, como nos nos outros filmes. É mais bucólico, mas nem por isso diferente.

Folha - O seu cinema obscuro e poético é mais aceito no exterior do que em seu próprio país. O sr. se identifica com Hollywood?
Lynch -
Eu me sinto identificado com a forma européia de fazer filmes. Por outro lado, sou um típico norte-americano. Meus filmes não podem ser identificados com uma estética européia ou norte-americana, são simplesmente filmes de David Lynch.

Folha - De onde vêm suas idéias?
Lynch -
Não sei. Nem eu nem ninguém. Sei que às vezes explodem em minha cabeça. A mente é um lugar precioso e nada lógico. Mesmo com minha fama de cineasta cerebral e monstruoso, choro cada vez que revejo meus filmes.

Folha - A música é fundamental no seu trabalho, ela faz parte de um todo...
Lynch -
Tenho uma relação muito especial com a música. Normalmente a música dos meus filmes é composta antes e durante a rodagem. Eu chego a dizer ao autor as sensações que quero provocar por meio da música. Uma música fundamental derruba certas barreiras com o público, levando inclusive a experimentações ou à procura de algo que nem mesmo ele sabe o que é.

Folha - "Vivemos num mundo estranho", o sr. disse em "Veludo Azul". Esta frase define sua visão do mundo moderno?
Lynch -
É uma frase bastante acertada. Mas vivemos também num mundo mágico. Penso sempre que a magia é importante, sábia na sua falta de explicação.

Folha - Após "História Real", o sr. volta ao "mundo estranho" em "Mulholland Drive". O sr. já tinha essa idéia durante as filmagens da crônica rural?
Lynch -
É um projeto antigo, do princípio dos anos 90. Somente em 1998 houve a possibilidade de filmá-la para uma cadeia de televisão. Seria uma série como "Twin Peaks", com duas horas. Por diversos problemas, o piloto foi filmado, mas imediatamente vetado. Então resolvi montar uma versão para o cinema.

Mulholland Drive é o nome de uma das rodovias mais populares de Hollywood. Une Los Angeles com as colinas de Hollywood. É estreita e em cada curva revela uma visão diferente e muitas vezes angelical da cidade vista do alto. Existe um certo mistério nela. Evoca a atmosfera mágica e estranha de Hollywood. Quando a noite cai, a rodovia é profundamente misteriosa e inquietante.

Leia a nossa opinião sobre o filme na Crítica Online

Leia mais notícias sobre a 25ª Mostra Internacional de Cinema
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página