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20/10/2001 - 03h27

Dedo erótico de Fernanda Young narra amor malsucedido

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MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

"O Efeito Urano" é o quinto livro de Fernanda Young, 31, romancista ("Vergonha dos Pés") e roteirista, em parceria com o marido, Alexandre Machado, 41, de cinema ("Bossa Nova") e TV ("Os Normais").

O título é uma referência a um lapso matemático relacionado à astrologia, que justifica uma temporada em que, explica Fernanda, "uma pessoa pode fazer uma besteira muito grande, estragar a vida de um monte de gente".

O livro retrata o casal de modernos Cristiana e Guido, ela, jornalista, ele, psicanalista, membros do seleto grupo em "mailings" VIPs, que colore festas de lançamento de produtos. Tudo segue o trilho do suposto casamento normal, quando, na crise dos 30 anos, ela conhece Helena. O
triângulo amoroso está desenhado.

"O Efeito Urano" é o segundo volume da coleção "Cinco Dedos de Prosa", da editora Objetiva, em que cinco autores -Carlos Heitor Cony, Fernanda, Mário Prata, Manoel Carlos e Luis Fernando Verissimo- escrevem inspirados nos dedos da mão.

Fernanda, a única mulher do grupo e a primeira a ser convidada para a coleção, costuma investir em narrativas corrosivas e atuais. Seu dedo não poderia ter sido outro, o médio, dedo que ela elegeu, o dedo da penetração, por ser o mais comprido, e do xingamento, simulacro de um pênis.

É a primeira vez que Fernanda faz um livro sob encomenda. Começou a escrever um mês depois de dar à luz as gêmeas Cecília Madonna e Estela May, apesar de ser totalmente inadequado à realidade em que estava vivendo, afirma: é um livro sobre sexualidade que já tinha na cabeça desde 1997.

"Está na hora de mulher se sentir com um pênis na mão. O livro é sobre parte da vida sexual de duas mulheres, uma lésbica e outra não. É uma história de amor malsucedida. Há rancor. Não sei se o público gay vai gostar. Os homossexuais que não têm bom humor podem se chocar. É um livro não tendencioso. Tem um aspecto crítico grande", conta.

"Ela (Cristiana) faz tudo diferente porque a paixão é ridícula. Na verdade, ela busca a si própria no outro. Muitas das minhas leitoras vão ter azedume nos quadris. É um livro delicado, uma história de paixão que tem muita ligação com a psicanálise."

Quanto à coleção, Fernanda lembra que os outros autores têm um público maior que o dela e espera alcançar um leitor que ainda não a conhece. "Fui eu que escolhi o dedo médio, inspirado no "fuck off", mas poderia ter escolhido qualquer outro. Por ser a única mulher, eu deveria estar no centro mesmo. É o dedo da penetração, apesar de haver controvérsias, porque é o mais longo", diz.

"Não imaginava que a editora me chamasse. Foi um presente. Eles são muito racionais em marketing. E foi muito excitante receber um adiantamento para escrever. É o meu único livro que não foi lido por amigos antes."

Em dezembro, a editora lança o terceiro volume da coleção, "Buscando o Mindinho", de Prata, com histórias reais e tiradas da internet sobre o desprezado dedo. Para 2002, estão prometidos os livros de Manoel Carlos (dedo anular) e Verissimo (polegar).
 

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