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22/10/2001 - 02h55

Para o indiano Buddhadev Dasgupta, cinema ajuda entendimento

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SYLVIA COLOMBO
da Folha de S.Paulo

Antes de começar a entrevista, Buddhadev Dasgupta avisa: "Sou melhor poeta do que cineasta".

As palavras podem espantar aqueles que estão prestes a assistir a seus filmes, mas não é exatamente isso que se deve tirar delas. Na verdade, o que revelam é que o cinema e as poesias do indiano estão fortemente interligados.

"Devo à poesia por recriar minhas imagens, e minha poesia tira sua inspiração do cinema", disse Dasgupta à Folha.

O cineasta, que tem retrospectiva de seus filmes exibida na 25ª Mostra BR de Cinema a partir de hoje, em São Paulo, diz que a poesia mostrou-lhe também que é preciso valorizar o silêncio. "Muito do que queremos
expressar não precisa de palavras ou pode ser dito com muito menos."

No ano passado, a Mostra exibiu "Lutadores", filme com que Dasgupta foi premiado como melhor diretor na edição 2000 do Festival de Veneza. A fita será novamente apresentada na retrospectiva deste ano, que terá também "Encruzilhadas", "O Retorno", "O Homem Tigre", "História dos Outros", "O Abrigo das Asas" e "A Porta Vermelha".

Este último conta a história de um homem que sofre de uma misteriosa doença. A enfermidade é logo constatada pelo médico como sendo fruto de seu isolamento. O personagem passa a tentar reconstituir sua relação com o mundo por meio das pessoas que o rodeiam. Em alguns casos, percebe que é tarde demais.

"A doença mais perigosa que podemos contrair é viver apenas para nós mesmos. Faz com que alimentemos um tipo de crueldade e corrompe nossos sonhos", afirma Dasgupta.

As produções indianas não costumam viajar muito, apesar de o país ser um dos maiores mercados de cinema do mundo. Com uma produção de cerca de 800 filmes por ano, os indianos tentam hoje incrementar a divulgação internacional. Neste ano, "Bollywood" -como os indianos chamam Bombaim, a sua capital cinematográfica, em referência a Hollywood- levou filmes e produtores a Cannes e aos EUA.

Para Dasgupta, os EUA e a Europa ainda não mostraram interesse suficiente pelo cinema indiano. "O Ocidente autocentrado dificilmente mostra alguma vontade de conhecer o que existe além de seu território", diz.

O cineasta também acredita que esse desinteresse faça parte das causas do atual conflito no Afeganistão. "O fundamentalismo político do Ocidente finalmente se transformou em repressão em relação ao Oriente, enquanto este respondeu com seu fundamentalismo religioso autodestrutivo. Ambos os lados vulgarizaram a inteligência e a sabedoria. Um cinema sensível poderia ajudar a compreensão entre os dois."

Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
 

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