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24/10/2001
-
03h25
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo
O trânsito dos mais de mil rolos de filmes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que já é complicado normalmente, este ano tem um agravante: o pânico causado pela bactéria antraz.
A principal preocupação da organização é com o fato de a empresa mais utilizada no transporte dos filmes, a Federal Express, ter sede em Memphis, nos Estados Unidos.
Segundo a produtora-executiva da Mostra, Alexandra Donato, 32, os aviões com encomendas da FedEx passam obrigatoriamente por Memphis. Assim, teme-se que filmes fiquem presos por lá no caso de alguma suspeita de presença de antraz nos vôos.
"Já nos comunicamos com os distribuidores para dizer que, se a situação ficar muito complicada, pode ser utilizada a entrega por frete aéreo", afirma Donato.
O transporte dos rolos de filmes durante a Mostra é uma verdadeira operação de guerra. Para cada longa-metragem, são cerca de cinco rolos de película.
Este ano, o evento terá 242 longas, ou seja, aproximadamente 1.200 rolos vindos de várias partes do mundo, desde a Bósnia até a vizinha Argentina.
Tudo seria bem mais simples se os filmes pudessem chegar ao Brasil antes do início a Mostra e só voltassem aos países de origem quando tudo terminasse. O problema é que cada título tem um cronograma de exibição mais complexo que o outro.
Um filme do Irã, por exemplo, pode chegar ao Brasil no dia da primeira exibição, "passear" entre uma sala e outra em São Paulo, de acordo com a agenda da Mostra, e ter de ser devolvido assim que terminar sua última exibição. Pior: às vezes ele nem volta diretamente para o Irã, mas segue para uma outra mostra em outro canto qualquer do mundo, sem que atrasos sejam permitidos.
Esse vai-e-vem também inclui o esquema de transporte dentro do Brasil. Os filmes desembarcam sempre no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Quando chegam a São Paulo, circulam entre as salas de exibição participantes da Mostra.
Alessandra Donato passa e repassa o esquema de transporte várias vezes por dia, com o apoio de uma lista imensa, com tabelas feitas à mão em folhas de sulfite.
Além de complicado, o transporte dos filmes é caro. Para cada título, gasta-se com transportadora em torno de US$ 600, mais cerca de R$ 500 para o despachante, que cuida da burocracia da entrada e saída dos rolos no país.
Segundo a produtora-executiva, este ano a Mostra de Cinema gastará R$ 100 mil só com despachante. No total, o evento foi orçado em R$ 2,5 milhões.
Trabalho braçal
Além do corre-corre com os rolos, cada milímetro dos filmes tem de ser checado ao chegar ao Brasil e antes de sair do país. São mais de mil quilômetros de película desenrolados e enrolados por três funcionários da Mostra.
A revisora Rosangela dos Santos Mathias, 35, passa o dia girando os rolos, que costumam ter o tamanho de uma pizza. Só usa o braço direito e garante: gosta do trabalho e não sente dor no final do expediente. "Já estou acostumada."
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
Ameaça do antraz preocupa organização da 25ª Mostra BR
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da Folha de S.Paulo
O trânsito dos mais de mil rolos de filmes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que já é complicado normalmente, este ano tem um agravante: o pânico causado pela bactéria antraz.
A principal preocupação da organização é com o fato de a empresa mais utilizada no transporte dos filmes, a Federal Express, ter sede em Memphis, nos Estados Unidos.
Segundo a produtora-executiva da Mostra, Alexandra Donato, 32, os aviões com encomendas da FedEx passam obrigatoriamente por Memphis. Assim, teme-se que filmes fiquem presos por lá no caso de alguma suspeita de presença de antraz nos vôos.
"Já nos comunicamos com os distribuidores para dizer que, se a situação ficar muito complicada, pode ser utilizada a entrega por frete aéreo", afirma Donato.
O transporte dos rolos de filmes durante a Mostra é uma verdadeira operação de guerra. Para cada longa-metragem, são cerca de cinco rolos de película.
Este ano, o evento terá 242 longas, ou seja, aproximadamente 1.200 rolos vindos de várias partes do mundo, desde a Bósnia até a vizinha Argentina.
Tudo seria bem mais simples se os filmes pudessem chegar ao Brasil antes do início a Mostra e só voltassem aos países de origem quando tudo terminasse. O problema é que cada título tem um cronograma de exibição mais complexo que o outro.
Um filme do Irã, por exemplo, pode chegar ao Brasil no dia da primeira exibição, "passear" entre uma sala e outra em São Paulo, de acordo com a agenda da Mostra, e ter de ser devolvido assim que terminar sua última exibição. Pior: às vezes ele nem volta diretamente para o Irã, mas segue para uma outra mostra em outro canto qualquer do mundo, sem que atrasos sejam permitidos.
Esse vai-e-vem também inclui o esquema de transporte dentro do Brasil. Os filmes desembarcam sempre no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Quando chegam a São Paulo, circulam entre as salas de exibição participantes da Mostra.
Alessandra Donato passa e repassa o esquema de transporte várias vezes por dia, com o apoio de uma lista imensa, com tabelas feitas à mão em folhas de sulfite.
Além de complicado, o transporte dos filmes é caro. Para cada título, gasta-se com transportadora em torno de US$ 600, mais cerca de R$ 500 para o despachante, que cuida da burocracia da entrada e saída dos rolos no país.
Segundo a produtora-executiva, este ano a Mostra de Cinema gastará R$ 100 mil só com despachante. No total, o evento foi orçado em R$ 2,5 milhões.
Trabalho braçal
Além do corre-corre com os rolos, cada milímetro dos filmes tem de ser checado ao chegar ao Brasil e antes de sair do país. São mais de mil quilômetros de película desenrolados e enrolados por três funcionários da Mostra.
A revisora Rosangela dos Santos Mathias, 35, passa o dia girando os rolos, que costumam ter o tamanho de uma pizza. Só usa o braço direito e garante: gosta do trabalho e não sente dor no final do expediente. "Já estou acostumada."
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
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