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26/10/2001 - 11h13

Chico Hamilton apresenta repertório de "Foreststorn" no Free Jazz

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

O coração do baterista mora em alguma parte escondida do pulso. Chico Hamilton parece vir batendo nessa tecla desde os enfumaçados primeiros anos 50, quando seus pratos e tambores ficavam atrás de entidades como o saxofonista Gerry Mulligan ou a cantora e diva Billie Holiday.

Aos 80 anos, o californiano ainda usa as baquetas para escrever certinho essas mesmas linhas tortas. Atração jazzística de hoje do Free Jazz paulistano (veja programação à pág. E9), Hamilton acaba de gravar mais uma vez a lição.

"Foreststorn", CD que está sendo lançado no Brasil, mostra que pulsa, ainda pulsa, a música do veterano baterista.
Começa a tocar "Outrageous", primeira faixa, e não é difícil pegar o pé balançando, a cabeça oscilando pros lados ou outros desses efeitos colaterais de quando se escuta algo com suingue.

Mas o disco roda, roda, roda e vão aparecendo nas entrelinhas uma ou outra rachadura nessas pulsações. É, mas não é mais, aquele impetuoso percussionista que gravou "The Dealer", clássico "chicohamiltoniano", safra 1966. E nem é preciso recuar tanto. Pois também não é o mesmo Chico Hamilton 1994, aquele que acompanhou o explosivo saxofonista Eric Dolphy na aventura "My Panamanian Friend".

O velho Hamilton nunca faria uma abertura em estilo "Querida, pode começar o striptease", como a da quinta música. OK. Mas ninguém, igualmente, despiria da bateria um som tão arisco e envolvente como o que ele tira em curto solo desse mesmo tema número cinco. O velho Hamilton ainda mora no Hamilton mais velho.

E não é só pelo ritmo, pela pulsação, por aquilo que intraduzivelmente se chama de "groove", que se percebe que Chico Hamilton é Chico Hamilton.
"Foreststorn" também traz as pegadas de outra idiossincrasia do baterista.

Ele já gravou trabalhos com títulos como "The Three Faces of Chico", "Chico Hamilton Special", "Chic Chic Chico" ou "The Further Adventures of El Chico", mas nunca foi um músico muito ensimesmado.

Toda a carreira de líder desse ex-clarinetista (veja só) foi marcada pela democracia musical, pela divisão dos espaços de protagonismo com os outros músicos da banda, algo não tão comum em alguém que, como ele, vem da tradição do bebop, em que o dono da bola é quem sola.

"Foreststorn" é um disco de Chico Hamilton (e Foreststorn, pode parecer estranho, é o primeiro nome do artista: Foreststorn Hamilton), mas é também o CD de uma banda.

E como em grande parte de sua discografia, o conjunto (que recebeu a bem talhada alcunha de Euphoria) é formado por vintões e trintões, nenhum deles estelar.

Assim como outro baterista de primeiro time, o lendário Art Blakey, Hamilton tem fama de grande farejador de novos talentos. O olfato aguçado lhe rendeu, desde 1987, um posto de professor de música na prestigiada universidade New School, em Nova York.

No CD atual e na escalação do show do Free Jazz, estão dois dos pupilos nova-iorquinos do baterista: os saxofonistas Erik Lawrence e Evan Schwam.

Dois outros alunos do "tio" Hamilton, ambos com bem-sucedidas carreiras no pop, também participam do disco. O guitarrista Eric Schenkman, ex-componente da banda Spin Doctors, e o líder do Blues Traveler, o gaitista John Popper, engrossam uma lista de participações especiais que também traz o "rolling stone" (e jazzista em horas vagas) Charlie Watts, na bateria, e o astro do trombone Steve Turre.

Para o bem e para o mal -um "When the Saints Go Marchin" In" faz lembrar que Hamilton serviu o Exército durante cinco anos-, essa trupe segue toda junta. Um som homogêneo seguindo o pulso de "El Chico". E ele ainda pulsa.

Foreststorn
Artista: Chico Hamilton
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 25, em média

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