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30/10/2001
-
04h50
SYLVIA COLOMBO
da Folha de S. Paulo
Dois trens de passageiros explodem em momentos diferentes do século 20. O primeiro vai aos ares em 1944, em Toulouse, ainda durante o período em que a França estava ocupada pelos nazistas. Deixa umas tantas vítimas e uma dúvida. A bomba teria sido colocada pelos colaboracionistas ou por membros da resistência?
O segundo atentado tem lugar em Paris, em 2000, e logo desconfia-se da ação de grupos extremistas de direita, que teriam como alvo negros e imigrantes.
Em "Eco", exibido hoje na Mostra, o cineasta canadense Gian d'Ornellas estabelece uma ponte entre as duas tragédias e utiliza a narrativa de um thriller de espionagem para mostrar como o passado deixa sequelas no presente.
A lente de Ornellas, porém, não procura um encadeamento de fatos políticos que explique os dois eventos. O que busca é um elo sentimental entre os personagens ao longo do tempo. "Parti de uma rede de pessoas ligadas por determinadas emoções no presente para investigar como isso é o reflexo de uma outra rede, semelhante, fincada no passado", disse o diretor à Folha, em São Paulo, por onde passou para assistir à estréia mundial de seu filme, na Mostra.
A ação de "Eco" principia em Quebec, no ano de 2016. Uma jovem ouve, pela primeira vez, a verdadeira história de sua mãe. Descobre que ela havia se envolvido com um misterioso agente secreto, no passado. Também lhe é revelado que o tio não tinha morrido num acidente, como até então acreditava, e sim no atentado de Paris, no ano 2000.
Quem lhe faz essas revelações é uma velha senhora, que, por sua vez, traz dolorosas lembranças do atentado de Toulouse e um secreto caso de amor com um homem, por quem procurou obstinadamente no fim de sua vida. Desoladamente, acabara descobrindo que ele era um colaboracionista dos nazistas.
O filme é composto de revelações que o passado faz ao presente por meio de lembranças relatadas ou de remorsos, culpas e rancores que vêm à tona. "A história é uma abordagem mítica sobre o tempo, sobre como o passado ecoa no presente", diz Ornellas. "É uma história sobre a incompreensão humana, pois o processo que transforma o presente em passado é o de contar histórias de um ponto de vista pessoal."
O terrorismo foi escolhido por permitir abordar o tema do medo. "O terror atravessa gerações, deixa sequelas mais longas do que uma vida humana e ajuda a entender como diferentes sociedades respondem ao medo coletivamente. Tragédias como essas não acabam, seguirão reverberando na psique da humanidade."
ECO - Echo
Direção: Gian d'Ornellas
Produção: Canadá, 2001
Quando: hoje, às 19h20, na Sala Cinemateca
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
Medos ressoam na história no filme "Eco"
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da Folha de S. Paulo
Dois trens de passageiros explodem em momentos diferentes do século 20. O primeiro vai aos ares em 1944, em Toulouse, ainda durante o período em que a França estava ocupada pelos nazistas. Deixa umas tantas vítimas e uma dúvida. A bomba teria sido colocada pelos colaboracionistas ou por membros da resistência?
O segundo atentado tem lugar em Paris, em 2000, e logo desconfia-se da ação de grupos extremistas de direita, que teriam como alvo negros e imigrantes.
Em "Eco", exibido hoje na Mostra, o cineasta canadense Gian d'Ornellas estabelece uma ponte entre as duas tragédias e utiliza a narrativa de um thriller de espionagem para mostrar como o passado deixa sequelas no presente.
A lente de Ornellas, porém, não procura um encadeamento de fatos políticos que explique os dois eventos. O que busca é um elo sentimental entre os personagens ao longo do tempo. "Parti de uma rede de pessoas ligadas por determinadas emoções no presente para investigar como isso é o reflexo de uma outra rede, semelhante, fincada no passado", disse o diretor à Folha, em São Paulo, por onde passou para assistir à estréia mundial de seu filme, na Mostra.
A ação de "Eco" principia em Quebec, no ano de 2016. Uma jovem ouve, pela primeira vez, a verdadeira história de sua mãe. Descobre que ela havia se envolvido com um misterioso agente secreto, no passado. Também lhe é revelado que o tio não tinha morrido num acidente, como até então acreditava, e sim no atentado de Paris, no ano 2000.
Quem lhe faz essas revelações é uma velha senhora, que, por sua vez, traz dolorosas lembranças do atentado de Toulouse e um secreto caso de amor com um homem, por quem procurou obstinadamente no fim de sua vida. Desoladamente, acabara descobrindo que ele era um colaboracionista dos nazistas.
O filme é composto de revelações que o passado faz ao presente por meio de lembranças relatadas ou de remorsos, culpas e rancores que vêm à tona. "A história é uma abordagem mítica sobre o tempo, sobre como o passado ecoa no presente", diz Ornellas. "É uma história sobre a incompreensão humana, pois o processo que transforma o presente em passado é o de contar histórias de um ponto de vista pessoal."
O terrorismo foi escolhido por permitir abordar o tema do medo. "O terror atravessa gerações, deixa sequelas mais longas do que uma vida humana e ajuda a entender como diferentes sociedades respondem ao medo coletivamente. Tragédias como essas não acabam, seguirão reverberando na psique da humanidade."
ECO - Echo
Direção: Gian d'Ornellas
Produção: Canadá, 2001
Quando: hoje, às 19h20, na Sala Cinemateca
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
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