Publicidade
Publicidade
30/10/2001
-
04h52
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo
Uma cerimônia fúnebre marca o começo do documentário "Timor Lorosae - O Massacre que o Mundo Não Viu", dirigido por Lucélia Santos. O ritual termina com um "desluto" dos familiares, seguido de uma grande festa. O morto em questão era um seminarista assassinado num atentado terrorista por milícias indonésias.
O fim de um luto e o começo de uma nova era também estão retratados no título: "Timor Lorosae", no idioma nativo, significa "lugar onde nasce o Sol". É esse o nome que os timorenses defendem para a libertação de sua terra natal do domínio da Indonésia, desde 1975 presente na região.
Um terço da população -cerca de 300 mil pessoas- foi morta na disputa por independência. "A crueldade dos indonésios pode ser comparada ao que os nazistas fizeram com os judeus", diz a diretora e atriz Lucélia Santos.
A cineasta acha que o mundo não vê muitos massacres: "Os lutos e conflitos de diversos lugares não chegam até nós. O Timor foi a ponta de um iceberg naquele momento. Se não houvesse um "louco" -o documentarista Max Stahl- para mostrar imagens do massacre do cemitério de Santa Cruz [em que 200 civis timorenses foram assassinados", em 1991, acho que não existiria um timorense vivo". E compara à situação atual: "É o que está acontecendo no Afeganistão. Não mudou nada. Não se justifica o que os terroristas fizeram em 11 de setembro, mas também é absurdo o que os americanos estão fazendo".
Filmado em 40 dias e ao custo de R$ 400 mil, Lucélia Santos dedica o documentário às mulheres do Timor. "Logo percebi que o longa era para elas. O filme é pontuado pela dor de todos, mas principalmente pelo olhar das mães. Todos sofrem, mas é a mulher que perde o marido, perde os filhos e, com seu próprio corpo, é condenada a passar por humilhações físicas e morais."
"É um filme sobre a morte, sobre perda. Segundo uma psicóloga da Unicef com quem conversei, o ser humano não suportaria mais do que quatro perdas na vida. Não há um timorense que tenha menos de seis", diz.
Seu próximo projeto é rodar uma minissérie de 25 episódios sobre a relação das pessoas com a terra. "Será uma co-produção. No Brasil, enfocaremos a cultura do café, na China, a do chá e, em Portugal, a do vinho."
TIMOR LOROSAE - O MASSACRE QUE O MUNDO NÃO VIU
Direção: Lucélia Santos
Produção: Brasil, 2001
Quando: hoje, às 20h35, na Sala UOL; e dia 1º, às 14h20, no Cinearte
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
Lucélia Santos mostra o luto do Timor Leste
Publicidade
da Folha de S.Paulo
Uma cerimônia fúnebre marca o começo do documentário "Timor Lorosae - O Massacre que o Mundo Não Viu", dirigido por Lucélia Santos. O ritual termina com um "desluto" dos familiares, seguido de uma grande festa. O morto em questão era um seminarista assassinado num atentado terrorista por milícias indonésias.
O fim de um luto e o começo de uma nova era também estão retratados no título: "Timor Lorosae", no idioma nativo, significa "lugar onde nasce o Sol". É esse o nome que os timorenses defendem para a libertação de sua terra natal do domínio da Indonésia, desde 1975 presente na região.
Um terço da população -cerca de 300 mil pessoas- foi morta na disputa por independência. "A crueldade dos indonésios pode ser comparada ao que os nazistas fizeram com os judeus", diz a diretora e atriz Lucélia Santos.
A cineasta acha que o mundo não vê muitos massacres: "Os lutos e conflitos de diversos lugares não chegam até nós. O Timor foi a ponta de um iceberg naquele momento. Se não houvesse um "louco" -o documentarista Max Stahl- para mostrar imagens do massacre do cemitério de Santa Cruz [em que 200 civis timorenses foram assassinados", em 1991, acho que não existiria um timorense vivo". E compara à situação atual: "É o que está acontecendo no Afeganistão. Não mudou nada. Não se justifica o que os terroristas fizeram em 11 de setembro, mas também é absurdo o que os americanos estão fazendo".
Filmado em 40 dias e ao custo de R$ 400 mil, Lucélia Santos dedica o documentário às mulheres do Timor. "Logo percebi que o longa era para elas. O filme é pontuado pela dor de todos, mas principalmente pelo olhar das mães. Todos sofrem, mas é a mulher que perde o marido, perde os filhos e, com seu próprio corpo, é condenada a passar por humilhações físicas e morais."
"É um filme sobre a morte, sobre perda. Segundo uma psicóloga da Unicef com quem conversei, o ser humano não suportaria mais do que quatro perdas na vida. Não há um timorense que tenha menos de seis", diz.
Seu próximo projeto é rodar uma minissérie de 25 episódios sobre a relação das pessoas com a terra. "Será uma co-produção. No Brasil, enfocaremos a cultura do café, na China, a do chá e, em Portugal, a do vinho."
TIMOR LOROSAE - O MASSACRE QUE O MUNDO NÃO VIU
Direção: Lucélia Santos
Produção: Brasil, 2001
Quando: hoje, às 20h35, na Sala UOL; e dia 1º, às 14h20, no Cinearte
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice