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03/11/2001 - 03h43

Símbolo da escultura moderna, Moore ganha retrospectiva nos EUA

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FABIO CYPRIANO
enviado especial a Washington

Ele também colaborou com o movimento surrealista, mas é considerado a melhor tradução da escultura moderna. O inglês Henry Moore ganha retrospectiva na National Gallery, de Washington, na qual não só suas arredondadas e conhecidas formas ganham destaque, mas também as obras que fizeram parte do movimento liderado por Breton.

Sua inspiração inicial partiu de culturas africanas e pré-colombianas, assim como grande parte dos artistas modernistas no início do século 20. Picasso e Gauguin são alguns exemplos. Em São Paulo, a exposição "Parade" apresenta uma máscara Fang, como símbolo dessa influência.

Sobre a arte mexicana, Moore afirmou: "A sua dureza, que considero a verdade do material, (...) sua aproximação a uma concepção de dimensão total da forma, faz com que ela não seja superada, em minha opinião, por nenhum outro período com esculturas em rocha", segundo texto no catálogo da exposição.

Na National Gallery, cerca de 160 obras, entre esculturas em madeira e bronze, maquetes e desenhos, traçam o percurso de Moore (1898-1986) ao longo de toda sua atividade produtiva. Trata-se da última escala da exposição, que já foi vista em Dallas e San Francisco.

Didática, a mostra é dividida em quatro módulos espalhados pela asa oriental da National Gallery, projeto do chinês I. M. Pei. Ela foi aberta no último dia 17, quando o Congresso norte-americano, que fica a poucos metros do museu, era fechado pelas ameaças de antraz. A mostra fica em cartaz até 27 de janeiro de 2002.

"Esculpindo uma Reputação: Os Anos 20", o primeiro módulo da mostra, apresenta as obras com influência direta das culturas não européias, que Moore pesquisou no British Museum, de Londres. "Reclining Woman", de 1927, série que o acompanhou pelo resto da vida, é uma das obras dessa seção.

"Abstração e Surrealismo - Os Anos 30" trata do período considerado mais radical e inventivo do escultor. Dessa fase, constam 56 obras do artista, entre elas "Reclining Figure", que mistura de maneira ambígua abstração e figuração, tema recorrente na obra de Moore.

Já o módulo "Os Anos 40 e 50" apresenta as obras que tornaram o artista mundialmente conhecido. Em 1948, Moore recebeu o grande prêmio da Bienal de Veneza. Foi ainda nesse período que suas esculturas frequentaram as primeiras duas Bienais de São Paulo, chegando a vencer em sua categoria, na segunda edição do evento, em 1953.

Finalmente, a última parte da mostra, "Esculturas Monumentais de Moore", reúne maquetes e fotos da faceta mais conhecida do artista: suas imensas obras públicas espalhadas pela Europa e pelos Estados Unidos, realizadas nos anos 60 e 70. Fruto da intensa política de incentivo às artes visuais inglesas do British Council, muitas dessas obras foram doações do instituto britânico. Esse apoio definitivo deu a Moore também uma reputação de "artista oficialista", título cunhado por seus críticos e que é analisado por David Cohen, no artigo "Quem tem Medo de Henry Moore?", no catálogo da exposição.

Apesar de sua popularidade, ou talvez por causa dela, Moore chegou a ser esnobado pelas novas gerações inglesas, o que o crítico Harold Bloom apontou como "a ansiedade da influência". Mas é inegável que ingleses como Anish Kapoor e Tony Cragg são uma continuidade do que está em exposição em Washington.
 

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