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09/11/2001
-
03h39
da Folha de S.Paulo, no Rio
Antes mesmo que "Lavoura Arcaica" ficasse pronto, a rede francesa Canal Plus comprou o seu direito de distribuição internacional por US$ 600 mil, quantia necessária para que o filme fosse terminado. O Canal Plus, que já produziu filmes de Godard e David Lynch, fez duas exigências: "Lavoura Arcaica" deveria ficar pronto num determinado prazo e teria de ter entre 1h30 e 1h50 de duração.
O contrato foi assinado em comum acordo pelo diretor Luiz Fernando Carvalho e pelos irmãos João Moreira Salles e Walter Salles, sócios na produtora Videofilmes.
O prazo não foi cumprido. Carvalho levou 18 meses para chegar, primeiro, a uma versão de "Lavoura Arcaica" com 3h40 e, depois, com a ajuda de Raduan Nassar, às atuais 2h50.
O cineasta não quis fazer os cortes que, conforme o contrato com o qual concordara, deixariam "Lavoura Arcaica" com, no máximo, 1h50. Alegou que estava por demais envolvido com nova versão.
Autorizou, no entanto, que a Videofilmes contratasse uma montadora para propor uma versão mais curta. Na versão de menos de duas horas feita pela editora, a narrativa foi colocada em ordem cronológica e tirou-se um personagem, o Narrador. Carvalho não a aceitou. "Não reconheci o filme como sendo meu", explica.
Com a anuência da Videofilmes, o contrato foi rompido.
"Nossa decisão foi a de respeitar as escolhas artísticas do diretor", explica Mauricio Andrade Ramos, produtor de "Lavoura Arcaica" e diretor geral da Videofilmes. "Esperamos pela conclusão do filme, que aconteceu dois anos depois do prazo contratual, e o mostramos ao Canal Plus, que preferiu não distribuí-lo internacionalmente."
"Não houve a pretensa pressão de produtores argentários sobre um autor artista, até porque eu e o Walter, que somos diretores antes de mais nada, aceitamos produzir o filme sabendo que seria uma obra autoral", avalia João Moreira Salles, diretor de "Notícias de uma Guerra Particular".
"Houve sugestões nossas, sempre subjetivas, para melhorar um filme que nós achávamos muito bom; elas não foram aceitas e prevaleceu a vontade do Luiz Fernando."
Trombetas
Hector Babenco, o diretor de "Pixote", considera que a estréia de Luiz Fernando Carvalho em longa-metragem "deve ser saudada com trombetas".
Ele tem restrições a "Lavoura Arcaica", e a maior delas está na duração. "O Luiz Fernando não teve a humildade de reduzir o seu filme", diz. "Cortar é sempre difícil, o diretor tende a achar que todas as cenas são essenciais e, com isso, não dá espaço para que o espectador preencha os claros na narrativa com a sua imaginação, enriquecendo o filme."
(MSC)
Leia a nossa opinião sobre o filme na Crítica Online
Duração da fita afetou "Lavoura Arcaica"
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Antes mesmo que "Lavoura Arcaica" ficasse pronto, a rede francesa Canal Plus comprou o seu direito de distribuição internacional por US$ 600 mil, quantia necessária para que o filme fosse terminado. O Canal Plus, que já produziu filmes de Godard e David Lynch, fez duas exigências: "Lavoura Arcaica" deveria ficar pronto num determinado prazo e teria de ter entre 1h30 e 1h50 de duração.
O contrato foi assinado em comum acordo pelo diretor Luiz Fernando Carvalho e pelos irmãos João Moreira Salles e Walter Salles, sócios na produtora Videofilmes.
O prazo não foi cumprido. Carvalho levou 18 meses para chegar, primeiro, a uma versão de "Lavoura Arcaica" com 3h40 e, depois, com a ajuda de Raduan Nassar, às atuais 2h50.
O cineasta não quis fazer os cortes que, conforme o contrato com o qual concordara, deixariam "Lavoura Arcaica" com, no máximo, 1h50. Alegou que estava por demais envolvido com nova versão.
Autorizou, no entanto, que a Videofilmes contratasse uma montadora para propor uma versão mais curta. Na versão de menos de duas horas feita pela editora, a narrativa foi colocada em ordem cronológica e tirou-se um personagem, o Narrador. Carvalho não a aceitou. "Não reconheci o filme como sendo meu", explica.
Com a anuência da Videofilmes, o contrato foi rompido.
"Nossa decisão foi a de respeitar as escolhas artísticas do diretor", explica Mauricio Andrade Ramos, produtor de "Lavoura Arcaica" e diretor geral da Videofilmes. "Esperamos pela conclusão do filme, que aconteceu dois anos depois do prazo contratual, e o mostramos ao Canal Plus, que preferiu não distribuí-lo internacionalmente."
"Não houve a pretensa pressão de produtores argentários sobre um autor artista, até porque eu e o Walter, que somos diretores antes de mais nada, aceitamos produzir o filme sabendo que seria uma obra autoral", avalia João Moreira Salles, diretor de "Notícias de uma Guerra Particular".
"Houve sugestões nossas, sempre subjetivas, para melhorar um filme que nós achávamos muito bom; elas não foram aceitas e prevaleceu a vontade do Luiz Fernando."
Trombetas
Hector Babenco, o diretor de "Pixote", considera que a estréia de Luiz Fernando Carvalho em longa-metragem "deve ser saudada com trombetas".
Ele tem restrições a "Lavoura Arcaica", e a maior delas está na duração. "O Luiz Fernando não teve a humildade de reduzir o seu filme", diz. "Cortar é sempre difícil, o diretor tende a achar que todas as cenas são essenciais e, com isso, não dá espaço para que o espectador preencha os claros na narrativa com a sua imaginação, enriquecendo o filme."
(MSC)
Leia a nossa opinião sobre o filme na Crítica Online
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