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11/11/2001 - 10h07

Jovens criticam programação voltada para eles na TV aberta

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RODRIGO DIONISIO
da Folha de S.Paulo

A programação voltada para o público jovem na TV aberta é de baixa qualidade? Um pouco além: segundo alguns, nem existe na tela algo que possa ser classificado como programa para jovens.

Quem afirma isso são telespectadores e os próprios apresentadores de produções que, teoricamente, são direcionadas aos adolescentes.

"Hoje, não há um programa para jovem na TV aberta", afirmou Otaviano Costa, que estreou o "Domínio Público" na Record, semana passada. Pese-se aí o fato de o apresentador também dizer que ele próprio seria um diferencial nesse quadro. "Antes [quando apresentava o "Superpositivo", na Bandeirantes" eu era um cumpridor de meta; agora, quero estabelecer metas."

Por outros motivos, Sérgio Groisman, do "Altas Horas" (Globo), também não vê a existência de uma programação jovem na TV. "Os programas atingem um público maior que esse, e as pessoas sabem disso. O que une todas essas produções é a presença de jovens no auditório, é tê-los como ponto de referência na platéia", afirma.

Groisman costuma ser citado como referência no trato com adolescentes. Para Luciano Huck, do "Caldeirão do Huck" (Globo), ele "asfaltou a estrada do público jovem" e quem veio depois "asfaltou os desvios desse caminho".

Mas nem sempre esses atalhos levam a algum lugar. "Tem gente que enche a parede do estúdio com grafite, neon, usa uma câmera tremida, fala gíria e acha que está sendo jovem. Na verdade, eles só estão sendo bobos", diz Huck.

Sabrina Parlatore ("Superpositivo", Band) e Soninha ("RG", Cultura) criticam a programação para adolescentes sob enfoques semelhantes.
A primeira diz que nenhum programa é irrepreensível em seu conteúdo. "O "Superpositivo" tem coisas bacanas, mas tem outras que nem eu gosto. A proliferação de bundas é ruim, mas isso é culpa da máquina de ibope que foi criada na TV; os programas têm de dar audiência", afirma Sabrina.

Já para Soninha "todos os programas têm coisas legais, o problema é a quantidade de coisas não-legais que eles levam ao ar". "Você diz para a menina que ter um corpo perfeito é o menos importante e depois traz uma personagem negando justamente essa informação. Isso acontece demais em nome do ibope", diz a apresentadora.

Anna Barbara Xavier, a Babi, que comanda o "Programa Livre", do SBT, afirma que o espaço para jovens poderia ser maior, pois eles são "ávidos por qualidade de informação, entretenimento e linguagem". "Vários programas prometem essas coisas, mas... esse espaço pode e deve ser mais bem utilizado", diz.

O TV Folha também buscou a opinião de adolescentes que tivessem visão crítica sobre a qualidade dessas produções. Para Bruno Picchi, 16, a atual programação repele o público adolescente. "Gostava do Serginho na época do "Programa Livre". Hoje, não consigo assistir a nada, e não faz a menor falta", diz.

Gabriela Yañez, 16, explica essa repulsa com base no tratamento dado ao jovem. "Eles acham que o adolescente é ignorante, apresentam as coisas como verdade absoluta ou bundas para atrair os moleques e conseguir audiência."

"É mesmo só mensagem rápida, para dar a falsa impressão de que informou alguma coisa, e mulher sem roupa, usada como divertimento", completa Maria Henriqueta Ongari, 17.

Felipe Colturato, 17, acredita que falta um pouco mais de política na programação para o jovem. Para Luiz Rodolfo Bondezen, 16, a solução para melhorar isso é simples: "Basta não nos tratarem como retardados".

Sobre a programação de maneira geral, pesquisa recente realizada pela MTV indicou como o jovem vê a TV aberta. Eles a consideram preocupada demais com o ibope, apelativa e tomada por informações "sérias demais".
 

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