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14/11/2001
-
10h12
VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha de S.Paulo
Aos 30 anos de crítica teatral ("Jornal da Tarde", "O Estado de S.Paulo"), Alberto Guzik, 57, lança-se no primeiro trabalho profissional como diretor.
"Risco de Vida", em temporada a partir de hoje no Centro Cultural São Paulo, é uma adaptação do seu romance de mesmo nome lançado em 95 (ed. Globo, 492 págs., R$ 30,80).
"Sinto-me profundamente honrado em ser alvo", diz o crítico, que assume a condição de "vidraça" como "exercício de desapego budista".
A bagagem soma contato com o meio teatral desde os cinco anos, experiência como ator amador e como professor da Escola de Artes Dramáticas (EAD) e do departamento de teatro da Escola de Comunicação e Artes (ECA), ambos na USP, nos anos 70, quando montou espetáculos para exames de turmas (Arthur Miller, Sófocles etc.).
Guzik aceitou a direção incentivado por Wolff Rothstein, profissional da área médica que se encantou pelo teatro a partir da leitura de "Risco de Vida", ao ponto de adaptar o livro e se preparar como ator para protagonizar sua primeira peça.
Thomas (Rothstein), jornalista, crítico teatral, apaixona-se pelo dançarino Cláudio (Otávio Filho). "Risco de Vida" trata da história de amor de dois homens que passam a dividir o mesmo teto, aparam as idiossincrasias (ciúmes, vão intelectual etc.) e têm no teste reagente de HIV a consolidação do sentimento que os une até a morte do mais jovem.
Os personagens são gays, mas a peça, como o livro, não se propõe a erguer bandeiras, teses. Antes, diz Guzik, se quer universal na abordagem da vida amorosa concebida por seres humanos.
Ao redor de Thomas e Cláudio transitam personagens como o diretor teatral, um amigo que também é vítima da Aids ("Os paraísos artificiais são belos, mas viver é o maior barato", diz Joca), um médico, enfim, todos interpretados por Sílvio Ferreira.
Guzik descarta o tom autobiográfico, apesar da remissão ao jornalismo e à vida teatral da São Paulo dos anos 80. "Preocupo-me com a observação do humano, o comportamento, a análise do jogo pessoal, do jogo social, dos fantasmas internos que mobilizam as pessoas", afirma.
Sobre o trabalho de diretor, diz que faz a revisão de exercícios stanislavskianos (do teórico russo Constantin Stanislavski). Outra característica sua é relevar a palavra. "Eu adoro ouvir", afirma.
Produzida com o Prêmio Estímulo Flávio Rangel, da Secretaria de Cultura do Estado (R$ 50 mil, dos quais R$ 13 mil abatidos em impostos), "Risco de Vida" completa sua equipe, entre outros, com cenografia de J.C. Serroni, preparação corporal de atores de Denise Weinberg, trabalho vocal de Maria Isabel Setti e corporal de Neide Neves.
No campo da dramaturgia, Guzik escreveu "Um Deus Cruel" (montada em 97 por Alexandre Stockler) e tem mais dois textos na gaveta, "72 Horas" (parceria com Rothstein) e "Errado".
Já o livro de contos "O Que É Ser Rio e Correr?", título inspirado em Ferrando Pessoa, deve sair pela Iluminuras em breve.
O quê: "Risco de Vida"
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Paulo Emílio (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611)
Quando: estréia hoje, às 20h30; de qui. a sáb., às 20h30; e dom., às 19h30. Até 16 de dezembro
Quanto: R$ 10 (dia 18 de novembro, preço popular a R$ 0,90)
Crítico assina sua primeira direção no teatro com "Risco de Vida"
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free-lance para a Folha de S.Paulo
Aos 30 anos de crítica teatral ("Jornal da Tarde", "O Estado de S.Paulo"), Alberto Guzik, 57, lança-se no primeiro trabalho profissional como diretor.
"Risco de Vida", em temporada a partir de hoje no Centro Cultural São Paulo, é uma adaptação do seu romance de mesmo nome lançado em 95 (ed. Globo, 492 págs., R$ 30,80).
"Sinto-me profundamente honrado em ser alvo", diz o crítico, que assume a condição de "vidraça" como "exercício de desapego budista".
A bagagem soma contato com o meio teatral desde os cinco anos, experiência como ator amador e como professor da Escola de Artes Dramáticas (EAD) e do departamento de teatro da Escola de Comunicação e Artes (ECA), ambos na USP, nos anos 70, quando montou espetáculos para exames de turmas (Arthur Miller, Sófocles etc.).
Guzik aceitou a direção incentivado por Wolff Rothstein, profissional da área médica que se encantou pelo teatro a partir da leitura de "Risco de Vida", ao ponto de adaptar o livro e se preparar como ator para protagonizar sua primeira peça.
Thomas (Rothstein), jornalista, crítico teatral, apaixona-se pelo dançarino Cláudio (Otávio Filho). "Risco de Vida" trata da história de amor de dois homens que passam a dividir o mesmo teto, aparam as idiossincrasias (ciúmes, vão intelectual etc.) e têm no teste reagente de HIV a consolidação do sentimento que os une até a morte do mais jovem.
Os personagens são gays, mas a peça, como o livro, não se propõe a erguer bandeiras, teses. Antes, diz Guzik, se quer universal na abordagem da vida amorosa concebida por seres humanos.
Ao redor de Thomas e Cláudio transitam personagens como o diretor teatral, um amigo que também é vítima da Aids ("Os paraísos artificiais são belos, mas viver é o maior barato", diz Joca), um médico, enfim, todos interpretados por Sílvio Ferreira.
Guzik descarta o tom autobiográfico, apesar da remissão ao jornalismo e à vida teatral da São Paulo dos anos 80. "Preocupo-me com a observação do humano, o comportamento, a análise do jogo pessoal, do jogo social, dos fantasmas internos que mobilizam as pessoas", afirma.
Sobre o trabalho de diretor, diz que faz a revisão de exercícios stanislavskianos (do teórico russo Constantin Stanislavski). Outra característica sua é relevar a palavra. "Eu adoro ouvir", afirma.
Produzida com o Prêmio Estímulo Flávio Rangel, da Secretaria de Cultura do Estado (R$ 50 mil, dos quais R$ 13 mil abatidos em impostos), "Risco de Vida" completa sua equipe, entre outros, com cenografia de J.C. Serroni, preparação corporal de atores de Denise Weinberg, trabalho vocal de Maria Isabel Setti e corporal de Neide Neves.
No campo da dramaturgia, Guzik escreveu "Um Deus Cruel" (montada em 97 por Alexandre Stockler) e tem mais dois textos na gaveta, "72 Horas" (parceria com Rothstein) e "Errado".
Já o livro de contos "O Que É Ser Rio e Correr?", título inspirado em Ferrando Pessoa, deve sair pela Iluminuras em breve.
O quê: "Risco de Vida"
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Paulo Emílio (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611)
Quando: estréia hoje, às 20h30; de qui. a sáb., às 20h30; e dom., às 19h30. Até 16 de dezembro
Quanto: R$ 10 (dia 18 de novembro, preço popular a R$ 0,90)
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