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11/07/2000 - 04h15

Coletânea corrói Olimpo da "diva" Whitney

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DENISE MOTA, da Folha de S.Paulo

Whitney Houston vive de memória. É o que seu "The Greatest Hits" -monumento ao passado em 32 canções interpretadas pela mulher de ouro da Arista Records- vem atestar, mais a título de reciclagem de sucessos que de celebração.

Estão lá "Saving All My Love for You", "Didn't We Almost Have It All" e todas as outras imbatíveis no quesito "as mais tocadas" de qualquer ano do final da década de 80 que se decida eleger.

O CD, duplo, traz também versões remixadas e nada interessantes de músicas como "I Will Always Love You" (claro), além de incluir, inexplicavelmente, interpretação do hino dos EUA.

Mas a decepção vem sobretudo das "novidades" de Whitney que, misturadas aos antigos hits, soam como clonagens de si própria, num estilo infinitamente menos coerente do que nos idos de 85, no início da carreira.

Se a ex-integrante de um coral batista, modelo e backing vocal de Chaka Khan conseguiu injetar alguma novidade no r&b -sustentada por uma potência vocal ainda hoje digna de respeito (embora histérica para muitos)- , as mais recentes "It"s All Right, but It"s OK", "Heartbreak Hotel" e "Same Script, Different Cast" (que, suprema ousadia, sampleia a "Pour Elise", de Beethoven) denunciam que a prima de Dionne Warwick está, mais do que nunca, cercada de problemas -e não apenas na vida pessoal.

No plano doméstico, Bobby Brown, o marido da "diva" (como sua gravadora gosta de martelar em todo material que envolva a cantora), esteve preso na Flórida até a última sexta-feira.

Além disso, os shows de Whitney são crescentemente cancelados por motivos misteriosos e/ou inverossímeis (o mais notório episódio foi a performance que ela faria no Oscar 2000, sob direção de Burt Bacharach, e da qual foi dispensada após ter demonstrado, ao que consta, não se lembrar das letras das músicas que interpretaria e de ter tocado um piano imaginário; o motivo oficial apresentado foi dor de garganta).

Acrescente-se a frequência de boatos de que a cantora não consegue se livrar das drogas -e que sua carreira estaria na verdade naufragando por conta delas-, e tudo parece fazer sentido.

Mas vícios acachapantes e problemas familiares são regra, e não exceção, no mundo de "divas" -de qualquer matiz- que a cantora, supõe-se, habita.
Que o digam Billie Holiday (ex-prostituta, foi viciada em heroína e presa por porte de drogas), Ella Fitzgerald (criada num orfanato, foi transferida para um reformatório conhecido por relatos de abuso sexual e chegou a trabalhar como vendedora da loteria da Máfia nova-iorquina), Greta Garbo (notória reclusa, autora da frase: "A vida seria maravilhosa se soubéssemos o que fazer dela"), Joan Crawford (mãe adotiva de quatro filhos, dos quais deserdou dois), Bette Davis (protagonista de quatro casamentos infelizes) ou Tina Turner (que, após apanhar durante anos do marido, saiu de casa com 36 centavos).

De volta ao profissional, o mau gosto da artista -evidenciado por empreitadas cinematográficas como "O Guarda-Costas" (92), "Falando de Amor" (95) e "Um Anjo em Minha Vida" (96)- é uma constante e não empecilho para suas escolhas (compensadas, na maioria das vezes, pelo êxito comercial que obtêm).

Ou seja: o que aborrece mesmo neste "The Greatest Hits" é perceber que Whitney soa como suas discípulas, que a copiaram (mal) nos anos 90: Toni Braxton, Shanice, Deborah Cox, Monica, Mariah Carey etc.

As vendas continuam, mas, aos 36 anos, Whitney Houston -vencedora de cinco Grammys e responsável pela venda de 13 milhões de discos só no primeiro LP- já poderia ter avançado um passo além do "blockbuster".

Em entrevistas a publicações norte-americanas, ela tem se queixado de que as pessoas parecem mais interessadas em saber de seus problemas domésticos do que de suas investidas profissionais e costuma dizer que "não tem nada a esconder na manga".

É aí que mora o problema. Daqui a uma década, talvez não haja nada também para tirar da manga e colocar, de minimamente memorável, numa nova versão dos seus "Greatest Hits".

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