Publicidade
Publicidade
11/07/2000
-
04h26
INÊS BOGÉA, da Folha de S.Paulo
O Ballet Gulbenkian de Portugal está em turnê pelo Brasil este mês. Fundado em 65, ele é parte do complexo da Fundação Calouste Gulbenkian, que abrange orquestra e coro, e desenvolve projetos de criação e curadoria em diferentes áreas. Em março de 96, a brasileira Iracity Cardoso assumiu a direção da companhia.
"Não há coreógrafos residentes, como no passado", diz. "A escolha artística é variada dentro do repertório contemporâneo".
Nesta turnê brasileira, que passa por São Paulo, amanhã e depois, e segue para Porto Alegre (dia 15), a companhia apresenta coreografias, entre outros, do tcheco Jirí Kylián, da australiana Meryl Tankard e do português Rui Horta.
A paulista Iracity Cardoso começou na Escola Municipal de Bailado, em São Paulo. Em 65, fez sua primeira viagem para a Europa, onde dançou na Ópera de Marselha e outras companhias. De 74 a 80, foi assistente de direção do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo.
Depois, foi co-diretora do Ballet du Grand Théâtre de Genève entre 88 e 93, sendo assistente de coreógrafos como Mats Ek, Jirí Kylián e Vasco Wellenkamp. Em entrevista à Folha, em Lisboa, ela fala do Ballet Gulbenkian, comenta o trabalho de alguns coreógrafos e a nova dança portuguesa.
Folha - Como está sendo trabalhar com a companhia?
Iracity Cardoso - É uma nova aprendizagem. Não só artística, mas funcional. Depois de 15 anos na Suíça, foi necessária uma adaptação à estrutura da Gulbenkian e à maneira de se trabalhar em Portugal. Mas o desenvolvimento do trabalho já começa a ser sentido e os objetivos a serem alcançados.
Folha - Existe algum projeto especial para coreógrafos portugueses?
Iracity - Queremos manter a relação com determinados criadores, sobretudo portugueses; e não só reproduzir obras consagradas do repertório internacional. Assim proporcionam-se também experiências interessantes para os intérpretes -e para o público.
Folha - Quais são os balés que serão apresentados no Brasil?
Iracity - São Paulo e Porto Alegre vão assistir "Stamping Ground", de Jirí Kylián, "Nuti", de Meryl Tankard, e "À Mesa em 15 Minutos", de Rui Horta.
Folha - Como você vê a situação da dança em Portugal?
Iracity - Há vários grupos; mas companhias grandes só a Gulbenkian e a Nacional de Bailados. Os grupos funcionam por projetos, não tendo maior continuidade.
Folha - A entrada de Portugal no Mercado Comum Europeu fez diferença?
Iracity - Fez. Uma vez que a comunidade européia proporciona intercâmbios com vários festivais. Desde 94, quando Lisboa foi capital cultural da Comunidade Européia, a nova dança portuguesa vem aparecendo cada vez mais.
Folha - Como você descreveria o trabalho de Meryl Tankard?
Iracity - Ela foi bailarina de Pina Bausch durante anos. Devido ao tempo reduzido que a companhia dispunha (seis semanas), Meryl não aceitou criar uma nova coreografia. Então resolvemos fazer "Nuti", que já estava pronta.
A coreografia é inspirada em frisos egípcios. As pessoas que aparecem ali estão sempre em ação: no trabalho, na guerra, nas colheitas. Mas estão mortas, é claro: e a idéia foi dar vida mais uma vez a elas. "Nuti" é uma palavra egípcia que quer dizer "sopro de vida".
O figurino emprega uma série de slides com imagens das pinturas. Os bailarinos estão de torso nu e pintados de branco. Eles vestem a projeção dos slides, o que permite até 200 "figurinos". Os corpos absorvem a projeção.
Folha - E Rui Horta?
Iracity - Ele coloca comida em cena. Foi uma criação para a Gulbenkian, em março. É um trabalho divertido, em que fala da mescla de elementos. Descasca legumes, mistura temperos e prepara alguma coisa. Tudo isso num ambiente japonês e com pequenas falas. No final, o cozinheiro quer mostrar o que fez, contar o que fez, mas as pessoas só querem comer o resultado. É engraçado.
Horta está em Munique, onde ganhou um prêmio. Mas volta em breve a Portugal. Vai se concentrar com a sua companhia no Alentejo, o que será ótimo para a região. O projeto tem o apoio financeiro da cidade de Montemor.
Folha - E você? Tem planos para voltar ao Brasil?
Iracity - Acabei de fazer 20 anos na Europa e não tenho planos de voltar ao Brasil. Minha próxima temporada já está feita aqui em Portugal. Cada vez que penso em voltar, algo me chama e acabo ficando. Vou ficando.
Espetáculo: Ballet Gulbenkian
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/ 11/223-3022)
Quando: amanhã e quinta-feira, às 21h
Quanto: de R$ 15 a R$ 100
Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online
Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
Gulbenkian traz repertório internacional
Publicidade
O Ballet Gulbenkian de Portugal está em turnê pelo Brasil este mês. Fundado em 65, ele é parte do complexo da Fundação Calouste Gulbenkian, que abrange orquestra e coro, e desenvolve projetos de criação e curadoria em diferentes áreas. Em março de 96, a brasileira Iracity Cardoso assumiu a direção da companhia.
"Não há coreógrafos residentes, como no passado", diz. "A escolha artística é variada dentro do repertório contemporâneo".
Nesta turnê brasileira, que passa por São Paulo, amanhã e depois, e segue para Porto Alegre (dia 15), a companhia apresenta coreografias, entre outros, do tcheco Jirí Kylián, da australiana Meryl Tankard e do português Rui Horta.
A paulista Iracity Cardoso começou na Escola Municipal de Bailado, em São Paulo. Em 65, fez sua primeira viagem para a Europa, onde dançou na Ópera de Marselha e outras companhias. De 74 a 80, foi assistente de direção do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo.
Depois, foi co-diretora do Ballet du Grand Théâtre de Genève entre 88 e 93, sendo assistente de coreógrafos como Mats Ek, Jirí Kylián e Vasco Wellenkamp. Em entrevista à Folha, em Lisboa, ela fala do Ballet Gulbenkian, comenta o trabalho de alguns coreógrafos e a nova dança portuguesa.
Folha - Como está sendo trabalhar com a companhia?
Iracity Cardoso - É uma nova aprendizagem. Não só artística, mas funcional. Depois de 15 anos na Suíça, foi necessária uma adaptação à estrutura da Gulbenkian e à maneira de se trabalhar em Portugal. Mas o desenvolvimento do trabalho já começa a ser sentido e os objetivos a serem alcançados.
Folha - Existe algum projeto especial para coreógrafos portugueses?
Iracity - Queremos manter a relação com determinados criadores, sobretudo portugueses; e não só reproduzir obras consagradas do repertório internacional. Assim proporcionam-se também experiências interessantes para os intérpretes -e para o público.
Folha - Quais são os balés que serão apresentados no Brasil?
Iracity - São Paulo e Porto Alegre vão assistir "Stamping Ground", de Jirí Kylián, "Nuti", de Meryl Tankard, e "À Mesa em 15 Minutos", de Rui Horta.
Folha - Como você vê a situação da dança em Portugal?
Iracity - Há vários grupos; mas companhias grandes só a Gulbenkian e a Nacional de Bailados. Os grupos funcionam por projetos, não tendo maior continuidade.
Folha - A entrada de Portugal no Mercado Comum Europeu fez diferença?
Iracity - Fez. Uma vez que a comunidade européia proporciona intercâmbios com vários festivais. Desde 94, quando Lisboa foi capital cultural da Comunidade Européia, a nova dança portuguesa vem aparecendo cada vez mais.
Folha - Como você descreveria o trabalho de Meryl Tankard?
Iracity - Ela foi bailarina de Pina Bausch durante anos. Devido ao tempo reduzido que a companhia dispunha (seis semanas), Meryl não aceitou criar uma nova coreografia. Então resolvemos fazer "Nuti", que já estava pronta.
A coreografia é inspirada em frisos egípcios. As pessoas que aparecem ali estão sempre em ação: no trabalho, na guerra, nas colheitas. Mas estão mortas, é claro: e a idéia foi dar vida mais uma vez a elas. "Nuti" é uma palavra egípcia que quer dizer "sopro de vida".
O figurino emprega uma série de slides com imagens das pinturas. Os bailarinos estão de torso nu e pintados de branco. Eles vestem a projeção dos slides, o que permite até 200 "figurinos". Os corpos absorvem a projeção.
Folha - E Rui Horta?
Iracity - Ele coloca comida em cena. Foi uma criação para a Gulbenkian, em março. É um trabalho divertido, em que fala da mescla de elementos. Descasca legumes, mistura temperos e prepara alguma coisa. Tudo isso num ambiente japonês e com pequenas falas. No final, o cozinheiro quer mostrar o que fez, contar o que fez, mas as pessoas só querem comer o resultado. É engraçado.
Horta está em Munique, onde ganhou um prêmio. Mas volta em breve a Portugal. Vai se concentrar com a sua companhia no Alentejo, o que será ótimo para a região. O projeto tem o apoio financeiro da cidade de Montemor.
Folha - E você? Tem planos para voltar ao Brasil?
Iracity - Acabei de fazer 20 anos na Europa e não tenho planos de voltar ao Brasil. Minha próxima temporada já está feita aqui em Portugal. Cada vez que penso em voltar, algo me chama e acabo ficando. Vou ficando.
Espetáculo: Ballet Gulbenkian
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/ 11/223-3022)
Quando: amanhã e quinta-feira, às 21h
Quanto: de R$ 15 a R$ 100
Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online
Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice