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21/11/2001
-
04h21
AMIR LABAKI
da Folha de S.Paulo, em Amsterdã
Cinco documentários brasileiros participam, a partir de amanhã, do 12º Festival Internacional de Documentários de Amsterdã. Considerado "Cannes da produção não-ficcional", o evento vai até 2 de dezembro.
"Janela da Alma", um ensaio sobre a visão e a cegueira, foi selecionado para a competição internacional de filmes e vídeos de longa duração. O documentário de estréia de João Jardim e Walter Carvalho já conquistou prêmio no Festival de Fortaleza e na última Mostra BR de Cinema/Mostra Internacional de Cinema de SP.
"Babilônia 2000", sobre as expectativas para o novo século em uma favela carioca, leva Eduardo Coutinho para o ciclo "Imagens Reflexivas". A mesma mostra exibe "O Chamado de Deus", em que José Joffily acompanha a relação entre novos seminaristas e a corrente Renovação Carismática da Igreja Católica brasileira.
Dois projetos estimulados pelo Fundo Jan Vrijman, ligado ao festival, participam da mostra. São "Carrego Comigo", de Chico Teixeira, sobre gêmeos, e "Olho na Rua", de Sérgio Bloch, sobre trabalhadores ambulantes do Rio.
O festival será aberto pelo americano "Startup.com", de Jehane Noujaim e Chris Hegedus, que acompanha a ascensão e queda de uma empresa de internet nos EUA. Lançado no último Sundance Festival, "Startup.com" é "cinema direto" clássico aplicado ao ocaso da era Clinton.
Acompanha-se a breve e atribulada existência da govWorks. com, uma empresa de internet dedicada a funcionar como interface virtual entre o cidadão e o governo local.
Noujaim e Hegedus seguem a saga da empresa, entre maio de 1999 e janeiro deste ano. De 18 empregados a 300 e daí a zero, mobilizando US$ 60 milhões de investimentos. Os catalisadores são dois amigos, o carismático Kaleil Isaza Tuzman e o inseguro Tom Herman.
Kaleil é um tubarão capitalista em formação. Lidera a capitalização da empresa com energia e se descarta do sócio sem qualquer cerimônia.
Tom varia de face, da cara limpa à barba e ao cavanhaque, com a
velocidade dos pregões da Nasdaq em Wall Street. De vida pessoal indefinida, ao menos tenta equilibrar as responsabilidades semanais de pai solteiro com o ritmo insano da breve primavera do e-business.
Noujaim e Hegedus dão cara e nome à explosão da "bolha" da internet. Noujaim, responsável pela câmera, estudou com Tuzman em Harvard.
Hegedus, a mais famosa do par, é parceria constante do mestre D.A. Pennebaker, com que registrou a aurora dos anos Clinton em "The War Room" (1982).
Rodando tudo em vídeo digital, elas devassam o cotidiano de mais um sonho americano que se desfaz, entre reuniões por telefone, horas extras e amores inconcluídos. David Mamet daria um braço para ter criado os protagonistas de "Startup.com". A roleta da web forja seu primeiro clássico.
Com uma abertura assim, nada mais natural que a retrospectiva do ano seja dedicada ao mestre do "cinema direto" Albert Maysles, autor de clássicos como "Salesman". A cinematografia convidada é a chinesa, e a diretora britânica Kim Longinotto ("Divórcio à Iraniana") apresenta os dez documentários que mais a marcaram.
Filme brasileiro "Janela da Alma" compete na Holanda
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da Folha de S.Paulo, em Amsterdã
Cinco documentários brasileiros participam, a partir de amanhã, do 12º Festival Internacional de Documentários de Amsterdã. Considerado "Cannes da produção não-ficcional", o evento vai até 2 de dezembro.
"Janela da Alma", um ensaio sobre a visão e a cegueira, foi selecionado para a competição internacional de filmes e vídeos de longa duração. O documentário de estréia de João Jardim e Walter Carvalho já conquistou prêmio no Festival de Fortaleza e na última Mostra BR de Cinema/Mostra Internacional de Cinema de SP.
"Babilônia 2000", sobre as expectativas para o novo século em uma favela carioca, leva Eduardo Coutinho para o ciclo "Imagens Reflexivas". A mesma mostra exibe "O Chamado de Deus", em que José Joffily acompanha a relação entre novos seminaristas e a corrente Renovação Carismática da Igreja Católica brasileira.
Dois projetos estimulados pelo Fundo Jan Vrijman, ligado ao festival, participam da mostra. São "Carrego Comigo", de Chico Teixeira, sobre gêmeos, e "Olho na Rua", de Sérgio Bloch, sobre trabalhadores ambulantes do Rio.
O festival será aberto pelo americano "Startup.com", de Jehane Noujaim e Chris Hegedus, que acompanha a ascensão e queda de uma empresa de internet nos EUA. Lançado no último Sundance Festival, "Startup.com" é "cinema direto" clássico aplicado ao ocaso da era Clinton.
Acompanha-se a breve e atribulada existência da govWorks. com, uma empresa de internet dedicada a funcionar como interface virtual entre o cidadão e o governo local.
Noujaim e Hegedus seguem a saga da empresa, entre maio de 1999 e janeiro deste ano. De 18 empregados a 300 e daí a zero, mobilizando US$ 60 milhões de investimentos. Os catalisadores são dois amigos, o carismático Kaleil Isaza Tuzman e o inseguro Tom Herman.
Kaleil é um tubarão capitalista em formação. Lidera a capitalização da empresa com energia e se descarta do sócio sem qualquer cerimônia.
Tom varia de face, da cara limpa à barba e ao cavanhaque, com a
velocidade dos pregões da Nasdaq em Wall Street. De vida pessoal indefinida, ao menos tenta equilibrar as responsabilidades semanais de pai solteiro com o ritmo insano da breve primavera do e-business.
Noujaim e Hegedus dão cara e nome à explosão da "bolha" da internet. Noujaim, responsável pela câmera, estudou com Tuzman em Harvard.
Hegedus, a mais famosa do par, é parceria constante do mestre D.A. Pennebaker, com que registrou a aurora dos anos Clinton em "The War Room" (1982).
Rodando tudo em vídeo digital, elas devassam o cotidiano de mais um sonho americano que se desfaz, entre reuniões por telefone, horas extras e amores inconcluídos. David Mamet daria um braço para ter criado os protagonistas de "Startup.com". A roleta da web forja seu primeiro clássico.
Com uma abertura assim, nada mais natural que a retrospectiva do ano seja dedicada ao mestre do "cinema direto" Albert Maysles, autor de clássicos como "Salesman". A cinematografia convidada é a chinesa, e a diretora britânica Kim Longinotto ("Divórcio à Iraniana") apresenta os dez documentários que mais a marcaram.
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