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21/11/2001 - 04h29

Apresentadora Soninha afirma que não está arrependida

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

A apresentadora Soninha, 34, passou ontem o dia entre bate-papos na internet e entrevistas para a TV, rádio, jornais, revistas.

No fim da tarde, pegou no celular um recado de sua mãe, que lera na revista "Época" a entrevista na qual a filha declara que fuma maconha. "Ainda nem consegui ligar para ela. Nunca tínhamos conversado sobre isso, mas na gravação ela disse que entendeu."

Em reportagem de capa da última edição de "Época", Soninha, entre outros, assume que fuma maconha. A revista espalhou outdoors com a foto da apresentadora e o título: "Eu fumo maconha."

Na segunda, Soninha, colunista da Folha, foi demitida da TV Cultura, onde apresentava o "RG", programa para o público jovem.

Decidida a levar adiante o debate sobre o uso da maconha, ela diz não ter se arrependido do que fez. Leia abaixo os principais trechos da entrevista que ela deu à Folha.

Folha - Depois de receber a notícia da demissão, você se arrependeu de ter declarado à revista "Época" que fuma maconha?
Soninha -
Não, de jeito nenhum. Só me arrependi de não ter perguntado o que seria feito com minha foto, se eu seria capa da revista. Antes mesmo da demissão, já havia me arrependido disso.

Folha - Você tem criticado o modo como a "Época" editou a reportagem. A revista afirmou que foi avisada de que seria uma reportagem de capa. Quais são os motivos por que pretende processar a "Época"?
Soninha -
É bem diferente você ser entrevistado para uma reportagem de capa, entre várias outras pessoas, e ser a capa da revista. É bem diferente eu estar na matéria e minha foto estar na capa da revista, que ainda por cima é um outdoor. Até agora eu não me conformo. Vejo a capa, fico constrangida. Não posaria para uma foto dizendo "eu fumo" nem que isso fosse permitido por lei.

Folha - Por quem e como foi comunicada da demissão na Cultura?
Soninha -
O Walter Silveira (diretor de programação) me chamou e disse: "Você nos colocou numa sinuca de bico. A gente não tem outra saída. A sua imagem é incompatível com a TV Cultura". O que mais eu achei absurdo foi a frase: "Como a gente vai defender qualidade de programação com uma apresentadora que fala uma coisa dessas?". A programação não ter nada a ver com isso.

Folha - Especialistas acreditam que uma empresa deva oferecer tratamento médico a funcionários que têm problemas com drogas ou álcool e não demitir. Na Cultura, chegaram a fazer essa proposta?
Soninha -
A Cultura iria sugerir isso se fosse me manter lá. Eles sabem que não tenho problemas de saúde, que não sou dependente. Imagina se preciso de tratamento! Mas nem falaram nisso. A preocupação é com a imagem da Cultura, com a do presidente da fundação (Fundação Padre Anchieta, que controla a emissora).

Folha - Pretende tentar reaver o cargo de alguma maneira?
Soninha -
Não, de jeito nenhum.

Folha - Voltaria à emissora se a direção voltasse atrás da decisão?
Soninha -
Acho que sim. Gostava de fazer o programa.

Folha - Foi a primeira vez que admitiu publicamente o uso da maconha? Por que tomou essa decisão?
Soninha -
Tão abertamente, sim. Mas já havia dito isso nas entrelinhas. Tomei a decisão de tornar as coisas claras porque me perguntaram claramente, porque a intenção era discutir o estigma.

Folha - Você tem duas filhas adolescentes, de 15 e 17 anos. Como discute esse assunto com elas? Tem liberdade de fumar em casa?
Soninha -
Durante muito tempo, se me viam fumando, eu não falava que era maconha. Não falaria sobre um assunto que não pertence ao universo infantil. A partir de uma certa idade, já sabiam o que era maconha e sempre fizeram a mesma cara de nojo para a maconha que faziam para o cigarro. Nunca tiveram vontade de fumar.

Folha - Conversou com elas sobre a decisão de abrir o jogo? Teme que sofram algum preconceito?
Soninha -
Falei para elas antes de sair a matéria. E avisei: "Vai dar o maior rebu". Elas me perguntaram por que tinha falado. Disse que falei porque não me conformo com essa mentira em que a gente vive, com pessoas que acham que maconha transforma uma pessoa normal em um maluco transtornado. Elas entenderam e falaram: "Vai dar rebu mesmo. Imagina quando sua mãe ler!". Mas tenho certeza de que elas têm estrutura para lidar com isso.

Leia mais:

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  • Demissão de Soninha deverá render processo na Câmara

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