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22/11/2001 - 04h04

Atores tomam as rédeas no espetáculo "Deus Ex-Machina"

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PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Sai de foco Gerald Thomas e entram os atores. É essa a proposta do diretor com a montagem de "Deus Ex-Machina", que estréia hoje no Sesc Copacabana, no Rio.

Para Thomas, essa é, entre as peças que já encenou, a que os atores tiveram a maior participação na montagem e marca uma nova concepção no relacionamento ator/diretor.

"Até a idéia de encenar foi deles. Fui pressionado por eles para montá-la. Nunca tive atores tão profissionais. Antes, tinha um ou dois líderes no grupo, papel que já coube a Bete Coelho e Luiz Damasceno. Eles [de "Ex-Machina"" tocaram o meu coração. Nunca fiquei tão emocionado com as interpretações", disse Thomas.

O diretor se refere aos cinco principais atores de "Deus Ex-Machina", Fabiana Guglielmetti, Amadeo Lamonier, Marcos Azevedo, Bruce Gomlevsky e Joelson Gusson. Todos eles são da Companhia de Ópera Seca, responsável pela montagem.

"Deus Ex-Machina" trata da desilusão da humanidade com seus símbolos, representados por um super-homem (Azevedo) que só se preocupa em se livrar da sua imortalidade e um Sherlock Holmes (Gusson) ingênuo.

Gerald Thomas, que admitiu já ter sido "temido" pelos atores que dirigia, disse ter encontrado uma nova relação com o grupo, na qual não cabe mais a ele o papel de figura central.

"Não quero ser mais um diretor paternalista. Quero ter um grupo forte, que as pessoas olhem os atores e se impressionem com eles. Já estou com meu ego satisfeito. Essa minha questão de auto-afirmação já amadureceu", disse, justificando a sua opção de aparecer em segundo plano.

Há nove anos trabalhando com Thomas, Azevedo disse que, no começo, não se sentia à vontade para contestar o diretor e o mesmo ocorria com o resto do grupo. Essa situação, diz ele, mudou.

Em "Ex-Machina", os atores participaram de todo o processo de criação. O que foi possível graças à técnica denominada por Thomas de "action writing", pela qual o texto é escrito com base em frases ditas pelos atores em meio à ação. "Têm inúmeros detalhes que são criação dos atores", disse o diretor. "Estamos chamando a responsabilidade para nós do processo de criação", disse Amadeo Lamounier, que vive uma andrógina Louis Lane.

O texto foi montado inicialmente em Copenhague, na Dinamarca, em 1996, sob o título de "Chief Butterknife and the Haunting Spirit of His Archenemy, Kriptodick" (algo como Chefe Faca-de-Manteiga e o Espírito Assombrado do Seu Arquiinimigo, Kriptopênis), com elenco internacional da Companhia Teatral Sr. Dante.

Aproveitando a convergência do tema de desilusão com os símbolos, o título da peça foi modificado na montagem brasileira em razão dos atentados de 11 de setembro, quando as torres que eram um símbolo de Nova York foram destruídas.

Ex-machina, em dramaturgia, é um recurso que serve de solução para aquilo que nem mesmo Deus consegue resolver. "É a interferência de Deus que naquele momento [do ataque terrorista" não funcionou. Naquele momento, é o Deus que não é máquina. O mundo jamais se recuperará dos atentados."

"Já estávamos iniciando os estudos do texto. Mas, quando ocorreram os atentados, dissemos [os atores", unânimes: "É essa a peça'", afirma Azevedo.


DEUS EX-MACHINA
Concepção e direção: Gerald Thomas
Com: Cia. Ópera Seca
Onde: teatro Sesc Copacabana (r. Domingos Ferreira, 160, Rio, tel. 0/xx/21/ 2547-0156)
Quando: estréia hoje (para convidados), às 21h; de qui. a sáb., às 21h; e dom., às 20h; até 16/12
Quanto: R$ 20 e R$ 10
 

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