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22/11/2001
-
07h42
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo
O caso da apresentadora Soninha, que foi demitida da TV Cultura por declarar publicamente que fuma maconha, foi debatido ontem no Senado Federal e na Câmara Municipal de São Paulo.
O vereador Carlos Giannazi (PT) leu no plenário uma moção de repúdio à atitude da Cultura. O objetivo era encaminhá-la a Jorge da Cunha Lima, presidente da Fundação Padre Anchieta (que administra a TV), a Geraldo Alckmin e a Fernando Henrique. Alguns vereadores se manifestaram contrários à moção e a votação do documento foi adiada para hoje.
Giannazi enviará uma convocação a Cunha Lima para que ele dê uma explicação da demissão na Comissão de Educação e Cultura, da qual o vereador é membro.
"A TV Cultura é pública e a sociedade tem o direito de ouvir uma explicação do presidente da fundação sobre essa decisão arbitrária", diz o vereador.
Giannazi marcou para a próxima quarta-feira, às 11h30, um ato de desagravo na Câmara para demonstrar apoio à apresentadora. "Vamos convidar artistas, jornalistas, intelectuais, pessoas que tiveram problemas com drogas, como (cantor) (cantor) e Dinei (ex-jogador do Corinthians)."
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou a atitude da Cultura, ontem, durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça do Senado que discutia projeto de lei sobre prevenção e combate ao tráfico e uso de drogas.
Suplicy afirmou também que o fato de a apresentador dizer que "é usuária em certos momentos não a coloca como viciada".
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), presente à reunião, também se pronunciou sobre o caso, mas não criticou a demissão. "A Cultura tem um regimento interno. Não quis entrar no mérito da demissão. Mas a declaração dela pode influenciar negativamente os jovens", disse Tuma à Folha.
Outro lado
Jorge da Cunha Lima, por meio de sua assessoria, afirmou que não irá comentar o assunto.
Desde a demissão da apresentadora, na segunda, a única manifestação da emissora foi um comunicado oficial, afirmando que "não pode permitir a manifestação pública, por seus funcionários e colaboradores, de práticas atentatórias às leis vigentes no país".
Taleban
Cláudio Lembo, reitor da Universidade Mackenzie e presidente do PFL em São Paulo, afirma que a demissão da apresentadora Soninha "foi um grande equívoco".
"Sou conservador e não nego. Mas uma coisa é o conservadorismo e outra é não dialogar com o mundo contemporâneo. (Quando soube da demissão) eu me senti sob o Taleban", diz Lembo.
"A entrevista que a Soninha deu (à revista "Época", declarando fumar maconha) não foi boa nem para ela nem para a sociedade. Mas não justifica uma demissão tão abrupta. Eu já passei por situações semelhantes na universidade e não se pode tratar essa questão com intolerância, é preciso manter o diálogo", afirma Lembo.
ONU
O juiz Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas, disse que a decisão da TV "vai na contramão da tendência internacional e abre caminho para o preconceito e a marginalização".
"Na assembléia especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para discutir drogas, realizada em 1998, o Brasil foi um dos países que assinaram um acordo que determinava, entre outros pontos, o compromisso de resgatar a dignidade do usuário. A TV Cultura, com essa posição, deve causar indignação internacional", diz Maierovitch.
Ele afirmou ainda que esse acordo assinado pelo Brasil tem validade de dez anos.
Segundo Maierovitch, a emissora poderia, por exemplo, ter tirado a apresentadora Soninha do comando do programa "RG", voltado aos jovens, se achasse que isso poderia influenciar negativamente o público.
"Colocar o funcionário em outra função seria uma das medidas a ser tomada pela empresa nesse caso. Até poderia ter sugerido um tratamento médico, se fosse necessário. Mas agindo assim, com a demissão, tomou uma medida ultrapassada e violou direitos elementares da pessoa."
Cansaço
Depois da demissão, na segunda-feira, Soninha passa praticamente o dia todo dando entrevistas e participando de debates sobre o uso da maconha.
Segundo sua assessoria de imprensa, a apresentadora, apesar de cansada, pretende continuar o diálogo sobre o assunto, já que essa era justamente a sua intenção ao abrir o jogo".
Leia mais:
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da Folha de S.Paulo
O caso da apresentadora Soninha, que foi demitida da TV Cultura por declarar publicamente que fuma maconha, foi debatido ontem no Senado Federal e na Câmara Municipal de São Paulo.
O vereador Carlos Giannazi (PT) leu no plenário uma moção de repúdio à atitude da Cultura. O objetivo era encaminhá-la a Jorge da Cunha Lima, presidente da Fundação Padre Anchieta (que administra a TV), a Geraldo Alckmin e a Fernando Henrique. Alguns vereadores se manifestaram contrários à moção e a votação do documento foi adiada para hoje.
Giannazi enviará uma convocação a Cunha Lima para que ele dê uma explicação da demissão na Comissão de Educação e Cultura, da qual o vereador é membro.
"A TV Cultura é pública e a sociedade tem o direito de ouvir uma explicação do presidente da fundação sobre essa decisão arbitrária", diz o vereador.
Giannazi marcou para a próxima quarta-feira, às 11h30, um ato de desagravo na Câmara para demonstrar apoio à apresentadora. "Vamos convidar artistas, jornalistas, intelectuais, pessoas que tiveram problemas com drogas, como (cantor) (cantor) e Dinei (ex-jogador do Corinthians)."
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou a atitude da Cultura, ontem, durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça do Senado que discutia projeto de lei sobre prevenção e combate ao tráfico e uso de drogas.
Suplicy afirmou também que o fato de a apresentador dizer que "é usuária em certos momentos não a coloca como viciada".
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), presente à reunião, também se pronunciou sobre o caso, mas não criticou a demissão. "A Cultura tem um regimento interno. Não quis entrar no mérito da demissão. Mas a declaração dela pode influenciar negativamente os jovens", disse Tuma à Folha.
Outro lado
Jorge da Cunha Lima, por meio de sua assessoria, afirmou que não irá comentar o assunto.
Desde a demissão da apresentadora, na segunda, a única manifestação da emissora foi um comunicado oficial, afirmando que "não pode permitir a manifestação pública, por seus funcionários e colaboradores, de práticas atentatórias às leis vigentes no país".
Taleban
Cláudio Lembo, reitor da Universidade Mackenzie e presidente do PFL em São Paulo, afirma que a demissão da apresentadora Soninha "foi um grande equívoco".
"Sou conservador e não nego. Mas uma coisa é o conservadorismo e outra é não dialogar com o mundo contemporâneo. (Quando soube da demissão) eu me senti sob o Taleban", diz Lembo.
"A entrevista que a Soninha deu (à revista "Época", declarando fumar maconha) não foi boa nem para ela nem para a sociedade. Mas não justifica uma demissão tão abrupta. Eu já passei por situações semelhantes na universidade e não se pode tratar essa questão com intolerância, é preciso manter o diálogo", afirma Lembo.
ONU
O juiz Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas, disse que a decisão da TV "vai na contramão da tendência internacional e abre caminho para o preconceito e a marginalização".
"Na assembléia especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para discutir drogas, realizada em 1998, o Brasil foi um dos países que assinaram um acordo que determinava, entre outros pontos, o compromisso de resgatar a dignidade do usuário. A TV Cultura, com essa posição, deve causar indignação internacional", diz Maierovitch.
Ele afirmou ainda que esse acordo assinado pelo Brasil tem validade de dez anos.
Segundo Maierovitch, a emissora poderia, por exemplo, ter tirado a apresentadora Soninha do comando do programa "RG", voltado aos jovens, se achasse que isso poderia influenciar negativamente o público.
"Colocar o funcionário em outra função seria uma das medidas a ser tomada pela empresa nesse caso. Até poderia ter sugerido um tratamento médico, se fosse necessário. Mas agindo assim, com a demissão, tomou uma medida ultrapassada e violou direitos elementares da pessoa."
Cansaço
Depois da demissão, na segunda-feira, Soninha passa praticamente o dia todo dando entrevistas e participando de debates sobre o uso da maconha.
Segundo sua assessoria de imprensa, a apresentadora, apesar de cansada, pretende continuar o diálogo sobre o assunto, já que essa era justamente a sua intenção ao abrir o jogo".
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