Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/11/2001 - 04h13

Suzana Amaral estréia seu "mistério" no festival de cinema brasileiro

Publicidade

da enviada a Brasília

"É um mistério. Nem minha família viu", diz a cineasta Suzana Amaral, sobre seu segundo longa, "Uma Vida em Segredo", concluído há duas
semanas.

O ineditismo termina hoje, no terceiro dia da mostra competitiva do 34º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em que o filme compete na categoria principal -longas em 35 mm.

Adaptado da obra literária de Autran Dourado, "Uma Vida em Segredo" acompanha a história de Biela (Sabrina Greve), jovem interiorana e rica que, com a morte dos pais, se vê obrigada a morar na casa do primo, seu tutor e patriarca de uma família de hábitos bem menos simples.

É, portanto, uma história sobre relações familiares, choque cultural, poder e ascendência. Enfim, um conto de formação.

A diretora diz que participa do Festival de Brasília "não para ganhar, mas para passar pelo teste de tela, a hora da verdade", ou seja, "para sentir a reação do público". Esse, em especial, a cineasta classifica de "corajoso".

"Quando a platéia de Brasília gosta, gosta. E quando não gosta, não gosta mesmo", diz, com a experiência de quem já ouviu infindáveis aplausos por "A Hora da Estrela", no festival de 85.

Premiado também em Berlim (Urso de Prata para Marcélia Cartaxo, a intérprete de Macabéa), o filme teria mais repercussão se o sucesso nas competições fosse obtido hoje, e não na década de 80, disse a diretora. "Naquele tempo as coisas ainda eram tímidas."

Antes do longa de Amaral, serão exibidos, também em competição, os curtas em 35 mm "Glauces - Estudos de um Rosto", de Joel Pizzini, e "Negócio Fechado", de Rodrigo Costa. A programação de ontem escalou o épico gaúcho "Netto Perde a Sua Alma", de Beto Souza e Tabajara Ruas, e os curtas "Retrato Pintado", de Joe Pimentel, e "O Tempo dos Objetos", de Bruno Carneiro.

Na abertura da competição, quarta-feira, o público presente ao Cine Brasília (em número consideravelmente maior que os 600 lugares disponíveis) parecia desde o início mais disposto a vaiar do que a aplaudir.

Impaciente com o atraso de meia hora para o início da sessão, refratária ao anúncio institucional que a precedeu (da TV Cultura e Arte, do Ministério da Cultura) e inquieta com a própria falta de acomodação, parte da platéia vaiou o curta-metragista paranaense Paulo Munhoz, enquanto ele fazia a apresentação de seu filme, "O Poeta" (10 min).

Começada a projeção, a algazarra foi tamanha que impediu a audição do filme durante alguns minutos. A turma assentada na primeira metade do teatro aguardou o fim da exibição do curta para levantar-se, vaiar o pessoal do "fundão" e pedir sua retirada, aos gritos de "expulsa, expulsa".

Os que estavam nas últimas fileiras pediam "senta, senta" e, inatendidos, apelavam para o "egoísta, egoísta". A organização do festival manteve as luzes acesas e pediu tranquilidade.

"Fiquei muito assustado e chateado porque achei que aquela reação era contra o meu filme. Se é para vaiar, que vejam primeiro e vaiem depois", disse Munhoz. O diretor pretende solicitar à organização do festival uma nova projeção de seu filme.

Em resumo, essa parecia a menos indicada das platéias para o longa da noite, "Lavoura Arcaica", de Luiz Fernando Carvalho, um filme com 163 minutos de duração, recheado de silêncios e tempos mortos. Mas foi o diretor que, da cabine de projeção, determinou: "Solta o filme".

Seguiram-se quase três horas de absoluto silêncio, interrompido apenas por aplausos, quando os créditos finais escalavam a tela. "Foi ótimo. Calou o público", avaliou Luiz Fernando Carvalho, enquanto recebia cumprimentos dos que deixavam a sala.
(SILVANA ARANTES)


 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página