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27/11/2001 - 03h31

Revistas cruzam maldição dos 7 números

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

Contra todo e qualquer rumor, inimigo ou não, elas estão de volta. Serão lançadas hoje, em São Paulo, as novas edições de duas das publicações periódicas de literatura mais férteis do país: "Ficções" e "Inimigo Rumor".

As duas revistas, a primeira dedicada à prosa, a segunda, à poesia, já
ultrapassam aquilo que Olavo Bilac definiu como "o mal de sete números". O poeta parnasiano acreditava que esse era o limite de edições que uma revista literária conseguia ter no Brasil.

"Ficções" acaba de cruzar o meridiano. Chega ao oitavo número publicando um dossiê sobre a prosa contemporânea egípcia e contos feitos tanto por novatos de qualidade, como André Sant'Anna, quanto pela britânica Virginia Woolf (1882-1941), uma das grandes autoras do século 20.

Destaque mesmo tem a irmã univitelina. "Inimigo Rumor" alcança sua 11ª edição alongando horizontes. Talvez pela primeira vez na nossa história editorial, uma publicação de poesia brasileira é também portuguesa. A revista, que assim como "Ficções" é publicada pela editora 7 Letras, do Rio, passa a ser co-editada pela Livros Cotovia, de Portugal.

"Inimigo", assim, duplicou de tamanho. De cem páginas pulou pra 200. E mantendo seu tradicional embaralhamento de estreantes e consagrados, brasileiros e de qualquer outra parte, contemporâneos ou de séculos passados.

Desta vez estão, entre os embaralhados, um ensaio inédito sobre Bertolt Brecht do crítico alemão Walter Benjamin (leia trecho ao lado), entrevistas com os dois grandes poetas portugueses Helberto Helder e António Franco Alexandre, um dossiê sobre Language Poetry (poesia contemporânea dos EUA) e inéditos vários.

Entre os poemas soltos, há desde novidades de nomes estabelecidos da boa poesia brasileira, caso de Sebastião Uchoa Leite, Francisco Alvim e Paulo Henriques Britto, até textos de novos "bons", como Heitor Ferraz, Fábio Weintraub e Marcos Siscar. Desse último, que passa a editar "Inimigo Rumor" ao lado dos "inimigos" tradicionais Carlito Azevedo e Augusto Massi, também será lançada outra obra.

O saboroso e minúsculo "Tome Seu Café e Saia", que reúne 12 poemas de Siscar, tradutor, professor e poeta, é um dos oito minilivros que estarão sendo lançados hoje, junto com as revistas.

Os volumes (se é que se pode chamá-los assim) integram a segunda leva de títulos do selo Moby Dick, coleção minimalista de livrinhos de menos de 30 páginas, com tiragem sempre inferior a 150 exemplares.

Feitos com uma impressora doméstica, jato de tinta, os livretos trazem pequenos contos ou poemas inéditos, todos com cuidadosa seleção de ilustrações.

Projeto de Jorge Viveiros de Castro, editor da 7 Letras, os "moby dicks" não serão vendidos em livrarias. "A informalidade marca a coleção. É quase brincadeira, quase brinquedos de livros", diz o criador das "baleias".

Vendidos a R$ 5, e quase todos esgotados em seus lançamentos, os livrinhos apenas cobrem os custos de sua feitura. "Não dá para computar nenhum benefício econômico", afirma Castro.

Nesta segunda fornada da coleção estão o primeiro livro do músico Moreno Veloso, "Terra Nova", um voluminho com poemas do professor Italo Moriconi (responsável pelas antologias recentes da editora Objetiva de melhores contos e poemas brasileiros do século) e uma interessante combinação de poemas e ilustrações feitas pelo poeta Zuca Sardan.

Um frenético e divertido miniconto de André Sant'Anna, "Minhas Memórias", e trabalhos de Adolfo Montejo Navas, Domenico Lancellotti e Marília Garcia completam os lançamentos.


INIMIGO RUMOR 11, FICÇÕES 8 E COLEÇÃO MOBY DICK
Lançamento:
editoras 7 Letras e Moby Dick (tel. 0/xx/11/2540-0037)
Quando: hoje, a partir das 20h. Onde: bar Balcão (r. Melo Alves, 150, São Paulo, tel. 0/xx/11/3061-3781)
 

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