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30/11/2001 - 04h22

Maria Bethânia abre fase independente em São Paulo

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Estreando hoje a temporada paulistana do show "Maricotinha", Maria Bethânia, 55, faz o possível para afirmar que tudo está como sempre foi. Mas ela é uma artista bem diferente da que subiu ao mesmo palco do DirecTV Music Hall na temporada passada.

É que de lá para cá rompeu com a gravadora multinacional BMG e assinou contrato com a pequena Biscoito Fino (que pretende lançar em CD a versão gravada do novo show), tornando-se, assim, a primeira "independente" entre os maiores medalhões da MPB.

Incomoda-se com o rótulo, demarcando a ligação da Biscoito Fino com o poderoso banco Icatu: "Não é independente. Há uma diferença, porque é uma gravadora com um lastro imenso, tanto financeiro como artístico. Só não é de estrangeiros, é uma casa brasileira. Talvez seja mais bem lastreada que as multinacionais".

Diz que tomou a decisão com tranquilidade: "Para mim é evolução natural do modo como venho desenvolvendo meu trabalho. Acho maravilhoso que o Brasil corresponda a isso. Apenas quero ser livre, e onde vejo caminhos com possibilidade de liberdade vou atrás, porque aí sei que faço melhor meu ofício".

Ainda assim, rodeia a discussão que sua transferência vem causando, de que grandes gravadoras possam se ver em apuros contábeis ao investir em artistas de grande porte e prestígio, mas hoje privados das vendas explosivas dos "sucessos de mercado".

"Não posso dizer que qualquer multinacional tenha dito a mim: "Olha, você é uma cantora muito cara, não quero investir em você porque não vale a pena". Nunca ouvi esse papo, pelo contrário. Não tenho nada contra as multinacionais, não. Elas sempre trabalharam direitinho comigo."

Em seguida, faz o contraponto: "Mas a cabeça delas parou atrás no tempo. O entendimento da evolução da música e dos artistas brasileiros estacionou atrás, numa coisa antiga, americana. A gente tem a mania de copiar tudo de americano".

Desenvolve o raciocínio: "Parece que, se os americanos inventaram uma coisa chamada marketing, não precisa ninguém nascer com talento. É "eu sei fazer marketing", "eu faço o artista". Realmente faz, pode até fazer. Fez vários. Mas ruiu. Essa megalomania de "eu faço" não pode. Vira nada".

Responde se ela, que gosta de se definir como artista cara, não participa da megalomania que denuncia: "É lógico que vou ficando mais cara. Vou apurando, oxente, vai ficando caro para eles".

Talvez por razões próximas a isso exponha certa melancolia no show "Maricotinha", no raro segmento falado em que relembra histórias do tempo em que cantava em pequenas boates e teatros.

"O show tem inúmeros textos de vários autores portugueses e brasileiros. Falo, falo, falo, falo, falo. Foi um pedido que fiz ao (diretor) Fauzi Arap, queria falar. Ele deixou. Falo do período das boates, que fiz com grandes músicos e instrumentistas. Fiz a boate Cave vestida por Denner. Éramos eu, Hermeto Pascoal e Airto Moreira. Veja que requinte", lembra.

Nostalgia? "Morro de saudade de muita coisa, mas há outras novas, maravilhosas. Faz falta, mas não é para morrer de chorar."

De novidade, há autores que ela nunca interpretara antes. "Canto Gilson, Luiz Ayrão, Beto Guedes. Havia "Miséria", dos Titãs, mas não estou pronta para fazer o número, não ensaiei o suficiente."

Quanto à história da versão em português para o hit do duo tecnopop britânico Erasure, que estava em estudo por sua equipe, ela prefere desconversar: "Quem? Não, deve ser outra cantora. Não há versão nenhuma no show".

MARICOTINHA
show de Maria Bethânia
Onde: DirecTV Music Hall (av. dos Jamaris, 213, SP, tel. 0/xx/11/5051-5999)
Quando: hoje e amanhã, às 22h, e domingo, às 19h (temporada até 16 de dezembro)
Quanto: de R$ 35 a R$ 90
 

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