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05/12/2001 - 03h46

Rapper Xis estréia em gravadora multinacional

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MARCELO VALLETTA
free-lance para a Folha

"Eu acho que o rap tem que ser político, mas tem que crescer, se relacionar com outros artistas e saber qual é o seu espaço. Há pessoas que dizem que a gente está se vendendo, mas na política é assim: ou você negocia ou vai para a guerra, tá ligado?"

Essas são palavras de Marcelo Santos, 29, mais conhecido pelo apelido Xis. O rapper, morador da Cohab 2, na zona leste da capital paulista, estréia em uma gravadora multinacional, a Warner, com seu segundo disco solo, "Fortificando a Desobediência", que chega às lojas na próxima semana.

Após ganhar notoriedade com a música "Us Mano e as Mina" (99), cujo videoclipe foi premiado pela MTV em 2000, e de participar de discos de artistas mais populares, fora do gueto do hip hop, como Maurício Manieri, Cássia Eller, Pedro Luís e a Parede e Originais do Samba, entre outros, o ex-integrante do grupo DMN volta com um CD mais difícil.

"É um álbum mais bem editado, feito com mais calma, com equipamento melhor." Entre os produtores, estão nomes consagrados do estilo, como KL Jay (Racionais MC's), Zé Gonzales (Planet Hemp) e Plínio Profeta.

Sem participações de grandes estrelas da MPB, "Fortificando a
Desobediência" seria lançado pelo selo 4P, que Xis possui em parceria com KL Jay, como disco duplo. A versão que sai pela Warner é um CD simples, com 14 faixas -uma delas lançada no disco "KL Jay na Batida Vol. 3" e uma versão editada da faixa-título.

"Rolaram restrições, como é básico", conta. "Mas saiu do jeito que eu queria. Eu gravei na casa do Tom Capone [diretor artístico da Warner].
Entreguei o disco pronto, e é como eu pretendo entregar o segundo no ano que vem. E pode ser um disco instrumental, de samba-rap, não sei."

Ele continua a falar sobre a relação com a nova gravadora. "Eu posso participar das reuniões de marketing, posso dar minha opinião sobre como investir em divulgação para chegar ao meu público." O artista precisa entregar três discos, um a cada 15 meses, em média.

Xis também discute a presença do rap nacional nas grandes gravadoras, fenômeno recente. "No Brasil, nenhum rapper de periferia, preto e pobre, estourou em uma gravadora grande. É tudo muito novo, tanto para a Warner quanto para mim."

O músico ainda lembra a necessidade de maior profissionalização dos rappers brasileiros. "Não dá para fazer um disco de rap só porque você tem um impulso, está revoltado com sua condição ou tem motivo para falar. É preciso um estúdio apropriado, com pessoas sérias trabalhando."

Um dos maiores obstáculos, segundo Xis, é a pouca presença do rap nas rádios e TVs. "As rádios e TVs não querem o rap. O mundo inteiro ouve, é o que manda no mercado americano, mas aqui existe o preconceito."

A baixa qualidade técnica dos shows é outro entrave: "Os técnicos de som do Brasil não estão acostumados com o estilo, eles não sabem como colocar o som. Para o rap, tinha que ser algo como som de carro".

Sobre a possibilidade de o rap atingir maior popularidade no Brasil, Xis não é tão otimista: "Algumas gravadoras investiram em discos de rap e não deu certo, então não vão investir de novo".

 

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