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20/12/2001 - 03h53

Richard Cragun assume DeAnima Ballet

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ANA FRANCISCA PONZIO
enviada especial ao Rio

Richard Cragun, o norte-americano que se notabilizou como parceiro de Marcia Haydée no Ballet de Stuttgart e que hoje é lembrado como um dos melhores bailarinos do século 20, vai dirigir a mais nova companhia brasileira de dança: a DeAnima Ballet da Cidade do Rio de Janeiro.

Subvencionada pela prefeitura, que deve investir R$ 2 milhões por ano no grupo e na escola a ele vinculada, a DeAnima Ballet terá Cragun como diretor artístico e Roberto de Oliveira, que também dançou no Ballet de Stuttgart, como diretor coreográfico.

A estréia do primeiro espetáculo produzido pela DeAnima já tem data marcada. Em 28 de fevereiro, o elenco de 15 bailarinos da nova companhia apresentará no teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro duas coreografias de Oliveira: "O Despertar" e "Tehillim".

A primeira, sobre música de Alfred Schnittke, é uma adaptação de "Awakening", que ele criou em 1997 para o Ballet da Ópera de Berlim, onde trabalhou junto com Cragun de 1996 a 2000. A segunda, ao som de Steve Reich, está sendo concebida especialmente para a DeAnima.

"A DeAnima tem o balé clássico como base técnica. No entanto seu repertório será voltado para a criação contemporânea", diz Oliveira. Se depender de Cragun, o novo grupo receberá, no futuro, coreógrafos do calibre de Jiri Kylian e William Forsythe, sumidades que iniciaram carreira no Ballet de Stuttgart.

Talentos
Por causa do prestígio e dos contatos que possui nos meios internacionais da dança, Cragun acredita que terá facilidade para trazer grandes criadores para trabalhar com a DeAnima assim que o elenco apresentar nível para tanto. Ao mesmo tempo, ele e Oliveira pretendem contar com criadores brasileiros, entre os quais esperam descobrir talentos.

Com o tempo, a DeAnima também deve contar com o dobro de bailarinos.
"Em março do próximo ano, faremos uma audição nacional, para completar o elenco", afirma Oliveira, que ainda planeja organizar workshops para desenvolvimento de coreógrafos. "Foi assim que o Ballet de Stuttgart revelou vários talentos."

Otimistas, Cragun e Oliveira traçam perspectivas a longo prazo graças à infra-estrutura que a prefeitura carioca está oferecendo à DeAnima, que já nasce com sede própria.

Situado na zona portuária do Rio, que está sendo revitalizada com o objetivo de se tornar um pólo cultural, o prédio onde a nova companhia trabalhará possui 1.600 m2, nos quais serão distribuídos um teatro, seis estúdios para ensaios e aulas de dança, escritórios, videoteca, biblioteca, cantina, além de duas salas de ginástica específica e repouso para os bailarinos.

As reformas do prédio, recém-iniciadas, consumirão R$ 560 mil. Tal investimento permitirá que o elenco de dança funcione em conjunto com a Escola DeAnima Ballet da Cidade do Rio de Janeiro, que a partir do segundo semestre de 2002 oferecerá aulas gratuitas para alunos vindos da população carente da cidade.

"Queremos proporcionar uma formação profissionalizante, com ênfase no balé clássico, que prevê dois anos de ensino básico e outros dois de avançado", diz Oliveira. Durante esse período, a escola também lecionará técnicas contemporâneas de dança, que vão do "contact improvisation" ao hip hop. "Hoje em dia, o bailarino tem que saber fazer tudo", acrescenta Cragun.

Centro coreográfico
Com a formação da DeAnima, a prefeitura carioca reforça uma política de apoio à dança que, em 2002, deve colocar em prática um projeto ambicioso: o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro.

Localizado no prédio de 4.268 m2 onde funcionou, nos anos 20, a Hanseática, primeira fábrica de cervejas do Rio, o centro será dirigido pela coreógrafa Regina Miranda. "O centro não será um produtor de espetáculos, mas um lugar onde eles serão viabilizados", diz Regina, que pretende estimular a pesquisa e os processos de criação.

"Poderemos ter grupos residentes temporários. Os beneficiados serão escolhidos por meio de aprovação de projetos e, fundamentalmente, o centro servirá de apoio às companhias existentes, além de oferecer condições de trabalho para grupos emergentes. Como espaço vibrante de desenvolvimento e difusão da dança, o centro se manterá aberto para todas as camadas da população e integrado ao movimento artístico e cultural do Brasil e do mundo."

Segundo Roberto Macieira, secretário das Culturas do Rio, hoje a prefeitura carioca investe R$ 4 milhões por ano em projetos de fomento à dança, nos quais está incluída a mostra internacional Panorama RioArte, além das subvenção às 13 companhias, dirigidas por coreógrafos como Lia Rodrigues, Paulo Caldas e Marcia Milhazes. "Nosso objetivo é fazer do Rio uma referência internacional da dança", salienta Macieira.


 

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