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24/12/2001
-
04h35
JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo
A paisagem da música erudita em São Paulo para 2002 não trará nuvens tão carregadas como alguns realisticamente previam. Em que pesem a recessão e a alta do dólar, que inflaciona o cachê de solistas estrangeiros, a temporada será até que bem razoável.
Se tudo correr segundo o planejado, serão oito as óperas à disposição dos paulistanos, seis com figurinos e cenários e duas em versão de concerto. O teatro Alfa fará uma ópera, a Osesp fará outra na Sala São Paulo e as demais serão no Teatro Municipal.
A Sociedade de Cultura Artística, que estará completando 90 anos, trará menos orquestras sinfônicas com quase uma centena de músicos e mais formações de câmara, com um número menor de integrantes e especializadas no repertório clássico ou barroco.
O mesmo vale para o Mozarteum Brasileiro, com temporada internacional vertebrada por conjuntos e solistas estrangeiros.
"Bem mais que a alta do dólar, sofremos com a crise argentina, já que as turnês desses artistas deveriam ter seus custos amortizados pelas récitas que eles habitualmente também faziam em Buenos Aires", diz Sabine Lovatelli, que administra a entidade.
Sobre o peso da crise argentina, o mesmo diagnóstico é feito por Gerard Perret, do Cultura Artística. Um exemplo que ele dá: Buenos Aires cancelou a apresentação, em agosto próximo, da Filarmônica de São Petersburgo, encarecendo a apresentação da orquestra em São Paulo. Ela possui um invejável padrão técnico e foi vista até os anos 80 como a contrapartida da Filarmônica de Berlim no Leste Europeu.
Duas das sociedades de concerto na capital argentina, a Wagneriana e a Harmonia, estão praticamente falidas. Sobrevive o Mozarteum Argentino, que vende assinaturas para sua temporada de 2002 ao preço de US$ 1.200.
São Paulo, com isso, tem menos parceiros para dividir os custos de convidados europeus ou norte-americanos. O Rio já está há anos presente com menor peso no circuito. Não por falta de público, mas por falta de patrocínio.
Os patrocinadores paulistas arcam com 80% do orçamento do Mozarteum e até com 60% do Cultura Artística. As assinaturas e a venda avulsa de ingressos são, assim, menos relevantes.
Apesar dos pesares são belíssimas as atrações em perspectiva. O Mozarteum trará a Sinfônica da Rádio da Baviera, regida por Lorin Maazel -que dirigiu por aqui, em 1999, a Filarmônica de Viena. Christoph Eschenbach regerá a Sinfônica da Rádio de Hamburgo.
Além da São Petersburgo, o Cultura Artística traz a Filarmônica de Dresden e a Orchestra of the Age of Enlightenment, com a soprano Ema Kirkby como solista.
Duas outras sopranos, a norte-americana Jessye Norman e a neozelandesa Kiri Te Kanawa, estarão em fevereiro e em outubro no teatro Alfa, que terá este ano, como produção lírica, "Manon", de Jules Massenet. A orquestra será a Amazonas Filarmônica, com sede em Manaus e formada sobretudo por músicos búlgaros, sob a direção musical de Luiz Fernando Malheiro.
Vale a pena, por fim, recapitular a oferta de música erudita da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado), que, quatro anos após sua reestruturação, acabou -o que é excelente- por unificar o padrão musical do público paulistano.
Ele não precisa mais apreciar os conjuntos estrangeiros e ser condescendente com a qualidade insuficiente das orquestras brasileiras. Além dos 27 programas semanais com normalmente duas récitas, às quintas e aos sábados, na Sala São Paulo, ela fará em agosto, sob a regência de John Neschling, uma apresentação em concerto de "O Ouro do Reno", a primeira das quatro óperas de Richard Wagner que integram o ciclo "O Anel dos Nibelungos".
Música erudita terá tempo bom em 2002
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da Folha de S.Paulo
A paisagem da música erudita em São Paulo para 2002 não trará nuvens tão carregadas como alguns realisticamente previam. Em que pesem a recessão e a alta do dólar, que inflaciona o cachê de solistas estrangeiros, a temporada será até que bem razoável.
Se tudo correr segundo o planejado, serão oito as óperas à disposição dos paulistanos, seis com figurinos e cenários e duas em versão de concerto. O teatro Alfa fará uma ópera, a Osesp fará outra na Sala São Paulo e as demais serão no Teatro Municipal.
A Sociedade de Cultura Artística, que estará completando 90 anos, trará menos orquestras sinfônicas com quase uma centena de músicos e mais formações de câmara, com um número menor de integrantes e especializadas no repertório clássico ou barroco.
O mesmo vale para o Mozarteum Brasileiro, com temporada internacional vertebrada por conjuntos e solistas estrangeiros.
"Bem mais que a alta do dólar, sofremos com a crise argentina, já que as turnês desses artistas deveriam ter seus custos amortizados pelas récitas que eles habitualmente também faziam em Buenos Aires", diz Sabine Lovatelli, que administra a entidade.
Sobre o peso da crise argentina, o mesmo diagnóstico é feito por Gerard Perret, do Cultura Artística. Um exemplo que ele dá: Buenos Aires cancelou a apresentação, em agosto próximo, da Filarmônica de São Petersburgo, encarecendo a apresentação da orquestra em São Paulo. Ela possui um invejável padrão técnico e foi vista até os anos 80 como a contrapartida da Filarmônica de Berlim no Leste Europeu.
Duas das sociedades de concerto na capital argentina, a Wagneriana e a Harmonia, estão praticamente falidas. Sobrevive o Mozarteum Argentino, que vende assinaturas para sua temporada de 2002 ao preço de US$ 1.200.
São Paulo, com isso, tem menos parceiros para dividir os custos de convidados europeus ou norte-americanos. O Rio já está há anos presente com menor peso no circuito. Não por falta de público, mas por falta de patrocínio.
Os patrocinadores paulistas arcam com 80% do orçamento do Mozarteum e até com 60% do Cultura Artística. As assinaturas e a venda avulsa de ingressos são, assim, menos relevantes.
Apesar dos pesares são belíssimas as atrações em perspectiva. O Mozarteum trará a Sinfônica da Rádio da Baviera, regida por Lorin Maazel -que dirigiu por aqui, em 1999, a Filarmônica de Viena. Christoph Eschenbach regerá a Sinfônica da Rádio de Hamburgo.
Além da São Petersburgo, o Cultura Artística traz a Filarmônica de Dresden e a Orchestra of the Age of Enlightenment, com a soprano Ema Kirkby como solista.
Duas outras sopranos, a norte-americana Jessye Norman e a neozelandesa Kiri Te Kanawa, estarão em fevereiro e em outubro no teatro Alfa, que terá este ano, como produção lírica, "Manon", de Jules Massenet. A orquestra será a Amazonas Filarmônica, com sede em Manaus e formada sobretudo por músicos búlgaros, sob a direção musical de Luiz Fernando Malheiro.
Vale a pena, por fim, recapitular a oferta de música erudita da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado), que, quatro anos após sua reestruturação, acabou -o que é excelente- por unificar o padrão musical do público paulistano.
Ele não precisa mais apreciar os conjuntos estrangeiros e ser condescendente com a qualidade insuficiente das orquestras brasileiras. Além dos 27 programas semanais com normalmente duas récitas, às quintas e aos sábados, na Sala São Paulo, ela fará em agosto, sob a regência de John Neschling, uma apresentação em concerto de "O Ouro do Reno", a primeira das quatro óperas de Richard Wagner que integram o ciclo "O Anel dos Nibelungos".
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