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25/12/2001 - 06h21

Público brasileiro poderá julgar "Senhor dos Anéis"

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MARCELO STAROBINAS
da Folha de S.Paulo, em Londres

A partir da próxima semana, o público brasileiro poderá finalmente julgar por si só se "O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel" vai entrar para a história do cinema ou se é apenas mais um filme de aventura inflado por uma gigantesca máquina de propaganda. A estréia no país está prevista para o dia 1º janeiro.

O uso de superlativos para se referir ao projeto do diretor neozelandês Peter Jackson chega a cansar. Do longo tempo empreendido nas filmagens na Nova Zelândia (que duraram aproximadamente 18 meses), à fabulosa quantia que os estúdios New Line (um dos braços do conglomerado AOL-Time Warner) teriam investido na produção (US$ 270 milhões), tudo o que diz respeito a "O Senhor dos Anéis" é "mega", "hiper", "sem precedentes".

"A comparação mais próxima que se pode fazer para dimensionar o filme é com a "Ilíada" ou com a "Odisséia'", exagera o veterano ator Christopher Lee, que faz o papel do vilão Saruman. Ian McKellen (o mago de barba branca Gandalf) foi ainda mais longe: disse que produzir "O Senhor dos Anéis" foi como adaptar a Bíblia para o cinema.

Episódios
De fato, a primeira tentativa de traduzir para o cinema o clássico infanto-juvenil do escritor sul-africano J.R.R. Tolkien teve nuances épicas e uma certa dose de ineditismo. Não é todo dia que uma empresa de entretenimento dos EUA aposta todas as suas fichas num diretor neozelandês de modesta projeção, disposto a filmar, do outro lado do Pacífico, três filmes de uma só vez.

"A Sociedade do Anel" é o primeiro episódio da série que, assim como o livro de Tolkien, será dividida em três tomos. Os dois restantes, "As Duas Torres" e "O Retorno do Rei", já filmados, ainda não foram editados. Devem chegar aos cinemas, respectivamente, no fim de 2002 e no Natal de 2003.

Em poucas palavras, a história retrata a luta do bem, incorporado no personagem central, o hobbit (ser mitológico inventado por Tolkien) Frodo Baggins, e seus parceiros, contra as forças do mal.

Para derrotar as satânicas criaturas que sonham em dominar Terra Média, o jovem herói embarca numa viagem rumo a um vulcão em atividade, único lugar em que é possível destruir o anel mágico herdado de seu tio. Sauron, o vilão chefe, faz de tudo para recuperar esse anel que já foi seu e, assim, voltar a reinar, soberano.

Toda a expectativa alimentada pelos diretores de marketing do projeto deve surtir o resultado comercial desejado. Cerca de 10 mil salas de cinema em todo o mundo receberão milhões de pessoas entusiasmadas em descobrir se são verdadeiros os rumores de que "O Senhor dos Anéis" tem tudo para virar um novo "cult" como a série "Guerra nas Estrelas".

A estimativa é de que até o final do ano o filme arrecade US$ 150 milhões. No fim de semana de estréia, no entanto, "O Senhor de Anéis" ficou bem abaixo da marca atingida por seu maior rival, "Harry Potter e a Pedra Filosofal". Placar: US$ 45,2 milhões contra US$ 90,3 milhões, nos respectivos três primeiros dias de exibição, nos Estados Unidos e Canadá.

No terreno dos grandes concursos, "O Senhor dos Anéis" saiu na frente. Foi indicado para o Globo de Ouro em quatro categorias, incluindo melhor filme e diretor. "Harry Potter" não recebeu indicações.

Decepção
Possivelmente, muitos espectadores vão se decepcionar com o que verão na tela. A história do livro está ali, inalterada, salvo um detalhe ou outro, o que já seria uma receita para o sucesso (afinal, "O Senhor dos Anéis" marcou a juventude de toda uma geração, vendendo mais de 100 milhões de cópias em 40 idiomas). A tecnologia e os efeitos especiais dão às cenas um ar de magia.

Mas falta algo essencial nesse capítulo de estréia da trilogia de Jackson: a maior parte dos atores do elenco, que conta com algumas estrelas já consagradas como Christopher Lee, Liv Tyler, Cate Blanchett e Sean Bean, são quase robóticos e pouco carismáticos na tela. É um tipo de desempenho que torna difícil se identificar, se envolver com os personagens.

E há também o anticlímax do final: após quase três horas de expectativa para saber se Frodo (interpretado por Elijah Wood) conseguirá destruir o anel e salvar a civilização, o filme acaba inacabado, no estilo "continua no próximo episódio".

Para quem não leu a série toda, restam duas alternativas para remediar a possível frustração: ler os outros dois volumes de "O Senhor dos Anéis" ou aguardar mais dois anos para saber o final da história.


 

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