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28/12/2001 - 20h00

2002: Privacidade zero na TV e as lacunas culturais

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MARCELO BARTOLOMEI
editor de Entretenimento da Folha Online

Coube ao empresário e apresentador de TV Silvio Santos, 71, a grande surpresa de 2001: depois de colocar em xeque a questão dos direitos autorais com o programa "Casa dos Artistas", o SBT bateu recordes de audiência, derrubou o "Fantástico" -que desde 1973, quando foi criado, era líder no horário- e ditou as regras para a programação em 2002.

A "volta por cima" de Silvio Santos -que em agosto viveu um drama familiar com o sequestro de sua filha, Patrícia Abravanel, e foi mantido refém em sua própria casa por mais de sete horas- aconteceu no final de outubro, quando lançou o até então misterioso "Casa dos Artistas".

O empresário enfrentou um ataque da Rede Globo na Justiça, que acusou a emissora de plágio por tomar o formato de "Big Brother", comprado da produtora holandesa Endemol, e preparou uma megaestratégia de combate para estrear em janeiro, provavelmente, o "Big Brother Brasil", que ainda não tem certeza se vai colar.

De tudo isso, fica a previsão para 2002: a televisão mudou, e o público já havia dado indícios disso em 2000, quando assistiu à estréia de "No Limite", na Globo, o programa que copiou também o estilo de "Survivor", maior fenômeno de audiência dos Estados Unidos dos últimos tempos.

"No Limite" naufragou em suas edições posteriores (teve uma em fevereiro e outra em outubro de 2001) graças a desentendimentos e trocas na direção. O formato que antes hipnotizara, agora chateia, e Silvio Santos acertou ao transformar artistas de segunda classe em celebridades da noite para o dia no formato que a Globo ainda não havia explorado.

"Big Brother", quando exibido nas TVs de várias partes do mundo, levou milhares à frente da TV, com episódios muito mais apimentados que os vistos na "Casa dos Artistas" -discussões acaloradas, enfrentamentos físicos e sexo, não simulação- e que ainda deixa dúvidas se a Globo, com seu padrão de qualidade, deixaria ir ao ar.

No ano novo, a TV brasileira será invadida de games no estilo "reality show". A Globo estuda produzir o "Love Cruise", um cruzeiro com casais onde tudo pode acontecer, para alavancar o "Caldeirão do Huck", que aos sábados perdera em audiência para o "Programa Raul Gil", da Record.

Nem mesmo o "Domingão do Faustão" deve ficar de fora: a produção estuda também incluir um "reality show" na atração para tentar vencer o "Domingo Legal", de Gugu Liberato, líder de audiência nas tardes de domingo.

Vazio cultural
Em 2001, o país assistiu comovido à morte de personalidades nacionais e internacionais do setor cultural que deixarão vácuos na música, na literatura e no cinema, entre outros.

Em junho, um acidente tirou de cena o músico Marcelo Fromer, guitarrista do Titãs, desfalcando o grupo, que voltou a se apresentar recentemente junto, depois de um tempo sem aparecer para cantar.

A morte do escritor Jorge Amado é outra perda. Morto em agosto, ele não deixou originais para publicar, mas deixa a lembrança de um brasileiro conhecido internacionalmente por seu trabalho, marcado por mulheres de personalidade forte e ambientados no sertão baiano.

De Jorge, fica sua obra e Zélia Gattai, sua mulher, companheira de 40 anos, eleita no início do mês para a cadeira nº 23, que pertenceu a Amado, na ABL (Academia Brasileira de Letras), com a responsabilidade de preencher a lacuna por ele deixada. Na literatura, Zélia costuma divertir com seus contos, como faz em seu último trabalho, "Códigos de Família", que pode ser considerado uma homenagem ao escritor por contar as várias de suas estrepolias pelo mundo ao lado de grandes nomes da literatura como Pablo Neruda e Calazans Neto, entre outros.

O mais recente desfalque foi do ex-beatle George Harrison, que morreu em decorrência de câncer em novembro.

Neste ano, a apresentadora de TV Ana Maria Braga também sofreu a revelação de um câncer, no canal anal, e se submeteu a tratamento quimioterápico, se afastando da TV por um tempo. Curada, ela retornou ao seu programa diário na Globo e ganhou do público um reconhecimento e uma torcida por sua saúde que até então não havia conquistado.

Herbert Vianna
A grande expectativa para 2002, no entanto, é um sinal de esperança: a volta de Herbert Vianna aos palcos, depois do acidente de ultraleve que matou sua mulher, a jornalista Lucy Vianna, e o deixou paraplégico e com perda parcial da memória.

Herbert, líder de uma das bandas de maior sucesso e presença na cena nacional, o Paralamas do Sucesso, já deu sinais de boa recuperação em 2001, cantando, tocando e voltando a andar graças ao tratamento que realiza no hospital Sarah Kubitschek, em Brasília (DF).

De bom, o Brasil pode torcer pelo novo filme de Walter Salles no Oscar, logo no início do ano. O longa-metragem "Abril Despedaçado" foi indicado ao Globo de Ouro, o que já significa uma forte campanha em seu favor, e tem chances de concorrer à estatueta de melhor filme estrangeiro. A cerimônia acontece em março.

Volte para o especial Expectativa 2002

Leia mais:
  • "Casa dos Artistas"

  • "No Limite 3"

  • Herbert Vianna

  • Ana Maria Braga

  • Jorge Amado
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