Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
03/01/2002 - 15h11

Rita Lee estréia show com "Talebanda" para cantar Beatles

Publicidade

MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

Quando pisar no palco do Canecão, no Rio de Janeiro, para o início de sua turnê em que cantará as músicas dos Beatles que gravou para o 28º CD de sua carreira, Rita Lee, 54, não estará a todo vapor.

Divulgação
A cantora Rita Lee
Com a morte de Cássia Eller, 39, no sábado passado, a roqueira disse estar de "luto emocional", e afirmou que não sabe se vai baixar o "palhaço" na hora de fazer gracinhas para o público.

O show, que faz uma curta temporada de duas semanas no Rio e depois viaja pelo país e deve chegar a São Paulo após o Carnaval, é uma mistura dos sucessos de sua carreira com as músicas que renderam um CD depois de um período de 21 anos de "briga" com os discos dos Beatles.

Sem perder o bom humor, Rita Lee fala do show, da improvisação, da Talebanda que formou para as apresentações (formada por músicos de tarimba no cenário nacional) e da sua paixão por animais. Ela também comenta a guerra no Afeganistão e a recusa de seu filho Beto Lee de participar do programa "Casa dos Artistas 2", do SBT.

Folha Online - Por que demorou todo este tempo (entre sua idolatria, a "briga" e voltar a ouvir Beatles) para você gravar as canções do quarteto de Liverpool?
Rita Lee -
Nada como o tempo pra gente aprender a equilibrar nossas emoções. Já fui uma fã xiita dos Beatles, hoje sou uma taleban moderada, minha paixão radical virou amor incondicional, portanto meus esqueletos do armário hoje estão mais leves e soltos.

Folha Online - Qual é a "participação" do novo CD no show que você estréia no Rio de Janeiro? Como você fez a escolha de repertório para este show?
Rita Lee -
Não será um show só com músicas dos Beatles, faremos novos arranjos para "antigonas" minhas e de outros compositores. Na verdade não temos um repertório definido, cada show é um show, rolam improvisos pra caramba.

Folha Online - Um artista sempre tem suas músicas mais representativas da carreira. Como você já tem alguns (35) anos de carreira e (28) discos gravados, como faz a escolha na hora de se apresentar ao vivo?
Rita Lee -
Para este show do Rio a gente garimpou repertório na estrada, junto com o público. Estou com uma Talebanda de músicos feras que dá o maior gás pra gente oxigenar músicas que o povo já conhece, como Ovelha Negra, Babilônia e outras. As músicas dos Beatles entram pelo meio dessas, são muitas, inclusive versões "proibidas" que não entraram no disco. Como lhe disse, não definimos muito o repertório, rola conforme a vendetta do dia.

Folha Online - O que o público pode esperar no seu show? Alguma homenagem (à Cássia Eller, por exemplo, que morreu no sábado passado) ou "altos papos" com o público, música de qualidade e interpretações inéditas etc?
Rita Lee -
Ainda estou de luto emocional com a perda de Cássia. Entrar no palco nessas condições não vai ser fácil, meu palhaço não está muito para gracinhas... Apresentaremos algumas novidades no repertório, músicas que nunca cantei antes.

Folha Online - No novo show, você assina a direção e o figurino entra como o humor do dia, certo? Por que esta decisão? O que muda com isso em relação a ser dirigida por alguém?
Rita Lee-
Na verdade não sou dirigível, o santo baixa e não tenho muito controle sobre o que ele vai fazer no palco. O figurino se intitula "Sabe Deus o que esta mulher vai vestir hoje".

Folha Online - Também no novo show, você ganha uma "Talebanda", que tem João Barone, entre outros. Como reuniu esta banda? E por onde anda o seu filho, o Beto Lee, que sempre tocou com você e com o Roberto de Carvalho, seu marido?
Divulgação
A cantora Rita Lee
Rita Lee -
Beto montou uma banda e saiu por aí nos bailes da vida, está ralando para conseguir sobreviver de música de uma maneira digna. Se recusou participar da "Casa dos Artistas 2", ele prefere ir a luta do que conseguir o tal sucesso "café instantâneo".

Pois é, na Talebanda só tem eu de paulista branquela e corintiana, a rapeize é toda carioca, sangue bom, felizmente desta vez consegui sequestrar músicos dos quais sou fã para participar do Yê Yê Yê de Bamba.

A concepção do disco "Aqui, Ali, em Qualquer Lugar" partiu do abrasileiramento das músicas dos Beatles, resolvi ampliar esta idéia para o novo show também então fui buscar no Rio músicos elegantes que desfilam lindamente por praias roqueiras e bossanoveiras: João Barone na bateria, Dadi no baixo, William Magalhães nos teclados, Ary Dias na percussão e Roberto de Carvalho na guitarra, vocais e direção musical.

Folha Online - Por que "Talebanda"? Você tem acompanhado as notícias da guerra? O que acha disso tudo?
Rita Lee -
A nossa Talebanda tem esse nome porque são instrumentistas da Resistência do Bom Gôsto. Esta guerra é ridícula como todas as guerras são, mas nesta temos de uma lado xiitas muçulmanos e do outro Bushiitas cristãos, Deus que é bom, nada! Allah que nos defenda dessa gentalha!

Folha Online - Gostaria que você falasse de sua visão sobre a música brasileira atual. Como uma (respeitosamente) senhora do rock, acha que o país "tem jeito" (lembrando da pressão de gravadoras, da pirataria e da invasão musical de funk, pagodes, axés e outras baladas)?
Rita Lee -
A MPB continua um celeiro de talentos junto os chatonaldos de plantão, sempre foi assim. Quanto à pirataria, é urgente punir severamente os envolvidos nessa máfia. Neguinho é preso, paga uma merreca pra sair do xilindró e dia seguinte volta ao crime, assim não dá, dona Lalá. Ou a MPB é tratada como Patrimônio Nacional ou então vamos abrir uma padaria.

Folha Online - Além de Beatles, o que mais você gosta e gravaria (ou gravará)?
Rita Lee -
Eu gostaria de gravar o repertório de João Gilberto em "rockmetaltechnopop'n'trance".

Folha Online - Maria Bethânia incluiu algumas de suas músicas no repertório do show "Maricotinha" ("Baila Comigo" e "Shangrilá"). O que você acha de ser "cantada" por outros intérpretes? Gosta de interpretar os outros também?
Rita Lee -
Ser cantada por Maria Bethânia é sempre um upgrade para nosso ego, não é mesmo? Não sou uma boa intérprete nem para minhas músicas, minha voz é de Mico Nara Leão, mesmo assim, às vezes, visto minha cara de pau para cantar outros compositores, sim. Neste show, por exemplo, eu canto, cruzes!

Folha Online - Como definir a Rita Lee 2002 (se é que ela vai mudar, claro, mas sempre temos aquelas promessas de Ano Novo)? Já há planos, além desta turnê que vai viajar pelo país?
Rita Lee -
Esta turnê deve seguir até final do primeiro semestre de 2002, não vou ter muito tempo para outras aventuras. Não tenho a menor idéia do que sou e do que vou fazer ainda nessa vida. Pretendo aprender a respirar melhor, beber mais água e adotar mais bichos de rua.

Folha Online - Seu show vai ter temporada em São Paulo? Você costuma fazer shows diferentes para o público carioca e para o paulistano?
Rita Lee -
Em Sampa será depois do carnaval, não sei ainda onde. Geralmente faço um show para o humor carioquês e outro para o humor paulistês. Eu acho um saco esse negócio de condenar cariocas e paulistas a viverem numa eterna Faixa de Gaza. Sou casada há 25 anos com um carioca e lhe garanto que dá a mó liga, tá ligado?

Folha Online - Se você precisasse (e precisa!) vender seu show, como faria um anúncio?
Rita Lee -
Há um outdoor gigantesco pendurado na Catedral de Brasília onde se vê à grande distância uma loiraça nua toda saradona numa pose sedutora. Bem pequenininho, no canto direito, se lê: Yê Yê Yê de Bamba, o novo show de Rita Lee, um pecado você não assistir!

"Yê, Yê, Yê de Bamba", com Rita Lee
Quando:
estréia sábado, dia 5; dias 6, 11, 12 e 13; sextas e sábados, às 22h, e domingos, às 20h30
Onde: Canecão (av. Venceslau Bras, 215, Botafogo, Rio de Janeiro)
Quanto: R$ 20 (arquibancada); R$ 25 (mesa lateral); R$ 35 (balcão nobre e frisa); R$ 35 (setor C); R$ 35 (setor B); R$ 45 (setor A)
Informações: 0/xx/21/2543-1241

Ouça sucessos de Rita Lee na Rádio UOL
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página