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04/01/2002 - 04h04

Em fase final, projeto relança coletâneas da velha-guarda

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da Folha de S.Paulo

A fase final do projeto "RCA 100 Anos", da BMG, teve impacto não só pelos inúmeros e raros lançamentos em pique de samba-jazz. Entre os 35 títulos dessa última leva são abordados também artistas de velha-guarda, samba de raiz, jovem guarda e black music (leia quadro completo de reedições nesta página).

No setor velha-guarda predominam coletâneas originalmente lançadas nos anos 60 e 70, de clássicos gravados nas décadas de 30, 40, 50 e 60.
Tudo ali é valioso, mas destaque entre os destaques é a compilação "O Caricaturista do Samba", do magnífico e esquecido sambista carioca Jorge Veiga (1910-79). As inacreditáveis "Bigorrilho" (63), "Garota Saint-Tropez" (62), "Caixa Alta em Paris" (62) e uma versão de arrepiar para "Na Cadência do Samba", de Ataulfo Alves, dão o tom.

Outro standard resgatado das trevas é "Os Grandes Sucessos dos Anjos do Inferno", do talvez melhor de todos os conjuntos vocais da era de ouro da canção nacional. Ali está, por exemplo, "Bolinha de Papel" (45), mais tarde regravada por um dos artistas que mais influência recebeu dos Anjos do Inferno, João Gilberto.

Completam o setor de coletâneas de antiguidades Aracy de Almeida, Cyro Monteiro, Moreira da Silva e Francisco Alves. Já "Vicente Celestino em Suas Canções Célebres" (61) demonstra o dono da voz mais impostada do século passado tentando regravar e, er, modernizar tacapes como "O Ébrio", "Coração Materno" e "Patativa".

Fugindo à regra dos antigos, Angela Maria tem reeditado seu primeiro LP da fase anos 60 pela RCA. "Incomparável" (62) começa pela maluquíssima "Garota Solitária" e vai adiante, na mesma velocidade.

Samba moderno e derivados
Depois, há o setor "samba moderno", pré-inaugurado por Jamelão, no nem tão inspirado "Cuidado, Moço" (69) e abençoado por Cartola no pungente "Verde que te Quero Rosa" (77), quando pela primeira vez um dos maiores poetas populares do Brasil podia gravar um disco solo por uma grande gravadora.

Propriamente modernos, destacam-se Martinho da Vila, com "Rosa do Povo" (76), um de seus melhores LPs, e João Nogueira, com o intermediário "Bem Transado" (83).

Nos derivados, há o samba jóia de Antonio Carlos & Jocafi, em "Louvado Seja" (77, com uma regravação de "Você Abusou", rebatizada "Opus Dois"), e o pagode pândego de Bezerra da Silva, em "Justiça Social" (87).

Da jovem guarda, há bem pouca coisa. De médio, há "Para os Jovens que Amam os Beatles, Rolling Stones e... Os Incríveis" (67), álbum semi-instrumental em que Os Incríveis lançavam o famigerado sucesso "Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e Rolling Stones". De equivocado, há a tentativa de volta dos fofos Renato e Seus Blue Caps em 83, com "Pra Sempre", metade dela feita do medley "Renato Collection", de regravações desanimadas dos hits tolinhos dos anos 60.

De rabicho nos anos 80, reaparece também o exótico "SR" (83), em que o ex-jovem-guardista e já então pleno sertanejo Sergio Reis explodiu a popularíssima "Panela Velha".

No quesito black music, o destaque máximo é "Os Diagonais" (71), último disco do trio que revelou Cassiano. Àquela altura, ele já havia saído para carreira solo, mas ainda tem participação decisiva no LP, que inclui na lista de músicos os bambas Luis Vagner e Hyldon.

O inconstante "De Repente..." (83), de Carlos Dafé, e o romântico "Sandra Sá" (86), da futura Sandra de Sá, entram mais como pós-geração black. Afora o romantismo melado orientado pela dupla Sullivan & Massadas, o de Sandra ainda guarda bons e bem-sucedidos funks, como "Joga Fora" e, já em regravação, "Olhos Coloridos".

Por fim, a pós-bossa nova é contemplada com dois títulos: "Chama Acesa" (75), de Ivan Lins, e "Miúcha & Tom Jobim" (79), segundo volume do memorável encontro do maestro com a cantora e irmã de Chico Buarque. O primeiro volume, "Miúcha & Antonio Carlos Jobim" (77), era bem mais pontudo, mas já foi relançado na leva anterior da coleção.

E a BMG se reaproxima, cada vez mais, de seu belo e contraditório passado. Será que homenagearão o 101º ano?
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


 

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