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05/01/2002
-
03h30
da Folha de S.Paulo, em Paris
A declaração de Jean-Marie Messier trouxe revolta e melancolia ao sistema cultural da França.
Ele seria o símbolo empresarial máximo do país na nova economia, uma chance de a cultura francesa ombrear, por dentro, com o poder americano, e uma oportunidade para a sua produção cultural penetrar na América.
Ao contrário, a declaração do empresário caracterizou uma traição e deixou os franceses acuados com a perspectiva de que a sua "exceção" seja cada vez menos compreendida num mundo americanizado em extremo.
O próprio J2M parece ter trocado de pátria ao se mudar para Nova York em setembro, pouco antes dos atentados do dia 11.
A divulgação subsequente dos bons resultados do cinema francês pelo Centro Nacional de Cinematografia teve efeito de contrapropaganda. Com 215 estréias durante 2001, os filmes do país fizeram 185 milhões de entradas nas salas (41%).
No mercado norte-americano, a bilheteria dos filmes franceses foi de cerca de US$ 30 milhões (R$ 72 milhões) em 2001, contra US$ 6,8 milhões em 2000.
"O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" foi o filme mais visto na França e é o maior sucesso do país junto ao público americano em mais de 20 anos --com receita de US$ 12 milhões. No Brasil, sua estréia está prevista para o próximo dia 8 de fevereiro.
O filme de Jean-Pierre Jeunet é uma fantasia romântica e otimista que explora tanto os recursos digitais avançados quanto a iconografia tradicional do cinema francês (dos anos 40 a 60, do realismo poético à nouvelle vague).
Sua atriz, a simpática Audrey Tautou (que lembra Audrey Hepburn), fascina o público. Já começou nos EUA uma campanha para colocá-la entre as concorrentes ao Oscar de melhor atriz.
O filme é também um dos favoritos ao Oscar de melhor produção estrangeira. Nos Estados Unidos, é distribuído pela poderosa Miramax.
O cinema francês, que não constitui uma indústria como a americana e a indiana, permanece dividido entre a vocação comercial e artística dos filmes.
A dificuldade do filme comercial é encontrar o seu público, o que está sendo superado. Novos diretores surgem no cenário decididos a alcançar grandes bilheterias.
O regime da "exceção cultural" permite que tanto os blockbusters quanto os pequenos filmes autorais sejam realizados. Permite também co-produções com vários países, fazendo da França a ponte para a realização de filmes de países europeus (Portugal), árabes (os filmes iranianos), asiáticos e mesmo latino-americanos.
(ALN)
Declaração de Messier traz melancolia à França
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A declaração de Jean-Marie Messier trouxe revolta e melancolia ao sistema cultural da França.
Ele seria o símbolo empresarial máximo do país na nova economia, uma chance de a cultura francesa ombrear, por dentro, com o poder americano, e uma oportunidade para a sua produção cultural penetrar na América.
Ao contrário, a declaração do empresário caracterizou uma traição e deixou os franceses acuados com a perspectiva de que a sua "exceção" seja cada vez menos compreendida num mundo americanizado em extremo.
O próprio J2M parece ter trocado de pátria ao se mudar para Nova York em setembro, pouco antes dos atentados do dia 11.
A divulgação subsequente dos bons resultados do cinema francês pelo Centro Nacional de Cinematografia teve efeito de contrapropaganda. Com 215 estréias durante 2001, os filmes do país fizeram 185 milhões de entradas nas salas (41%).
No mercado norte-americano, a bilheteria dos filmes franceses foi de cerca de US$ 30 milhões (R$ 72 milhões) em 2001, contra US$ 6,8 milhões em 2000.
"O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" foi o filme mais visto na França e é o maior sucesso do país junto ao público americano em mais de 20 anos --com receita de US$ 12 milhões. No Brasil, sua estréia está prevista para o próximo dia 8 de fevereiro.
O filme de Jean-Pierre Jeunet é uma fantasia romântica e otimista que explora tanto os recursos digitais avançados quanto a iconografia tradicional do cinema francês (dos anos 40 a 60, do realismo poético à nouvelle vague).
Sua atriz, a simpática Audrey Tautou (que lembra Audrey Hepburn), fascina o público. Já começou nos EUA uma campanha para colocá-la entre as concorrentes ao Oscar de melhor atriz.
O filme é também um dos favoritos ao Oscar de melhor produção estrangeira. Nos Estados Unidos, é distribuído pela poderosa Miramax.
O cinema francês, que não constitui uma indústria como a americana e a indiana, permanece dividido entre a vocação comercial e artística dos filmes.
A dificuldade do filme comercial é encontrar o seu público, o que está sendo superado. Novos diretores surgem no cenário decididos a alcançar grandes bilheterias.
O regime da "exceção cultural" permite que tanto os blockbusters quanto os pequenos filmes autorais sejam realizados. Permite também co-produções com vários países, fazendo da França a ponte para a realização de filmes de países europeus (Portugal), árabes (os filmes iranianos), asiáticos e mesmo latino-americanos.
(ALN)
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