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18/01/2002 - 04h04

Gerald Thomas "desbanca" o Super-Homem

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VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha

Gerald Thomas, 47, chama de "action writing" -a escrita a partir da ação- o recurso no qual concebe diálogos e cenas com colaboração direta dos atores ou por meio da realidade captada fora de palco. Mesmo após a estréia, uma obra sua sempre permanecerá aberta, o que também define como "work in progress".

A nova montagem do encenador e dramaturgo, que estréia hoje no Sesc Pompéia, em São Paulo, após temporada no Rio, constitui exemplo bem acabado do universo exterior no espaço da cena.

Versão de peça que Thomas montou pela primeira vez na Dinamarca, em 96, por uma companhia de Copenhagen, "Deus Ex-Machina e os Superex-Heróis na Terra Impotente de Viagra Falls" foi contaminada pelos atentados de 11 de setembro, vistos pelo diretor da janela de seu apartamento, em Nova York.

Para refletir um tanto da fragilidade que acredita se abater sobre a humanidade, ele retrabalhou "Chief Butterknife and the Haunting Spirit of his Archenemy, Kryptodick" ("Chefe Faca-de-Manteiga e o Espírito Assombrado do Seu Arquiinimigo, Kriptopênis"), texto que, por coincidência, diz, havia sacado da gaveta no início de 2001.

A montagem original, com a companhia dinamarquesa Dr. Dante's Aveny, expunha a impotência de super-heróis contemporâneos. Em "Deus Ex-Machina", Thomas aprofunda o tema para mostrar o abandono dos americanos, que "dessa vez não foram socorridos por Super-Homem, James Bond ou mesmo Deus", nos atentados ao WTC.

"A peça tem tudo a ver com os super-heróis falidos. É impossível não falar sobre isso. Não se pode pedir que a dramaturgia viva não inclua isso", diz.

Como nos espetáculos anteriores, "Deus Ex-Machina" (título que alude às soluções extra-divinas que os gregos davam às peças) aborta linearidades e sobrepõe o enredo em camadas, em citações como a de um índio de olhos azuis pós-moderno, que divaga sobre Wagner e Schoenberg.

Clark Kent também é invocado por uma bailarina em desespero, mas quem surge é um decepcionante boneco de Super-Homem. A bailarina em questão, interpretada por Fabiana Guglielmetti, 27, pontua o espetáculo do início ao fim. "Ela é o último ser que acredita em super-heróis", diz a atriz.




DEUS EX-MACHINA E OS SUPEREX-HERÓIS NA TERRA DO IMPOTENTE VIAGRA FALLS
Criação e direção:
Gerald Thomas
Com: Cia. Ópera Seca
Onde: Sesc Pompéia - teatro (r. Clélia, 93, Lapa, SP, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h Quanto: R$ 10 e R$ 15. Até 8/2
 

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