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23/01/2002 - 04h20

Odisséia do mar maranhense chega às telas

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FREDERICO VASCONCELOS
da Folha de S.Paulo

Neste ano de eleições, a aceitação popular da obra dos Sarney poderá ser medida nas urnas e nas bilheterias de cinema.

Enquanto a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, gravava a campanha eleitoral do PFL, seu pai, o senador José Sarney, conferia o copião do filme "O Dono do Mar", baseado no romance de sua autoria publicado em 1995.

Sarney assistiu no início do mês, em São Paulo, à primeira montagem bruta, quase três horas de filmagem, e gostou da transcrição cinematográfica da saga do pescador Antão Cristório, personagem central do livro que o antropólogo Claude Lévi-Strauss considerou uma "obra monumental" e o escritor Jorge Amado definiu como "romance belo e vigoroso".

Até o final deste mês, o filme dirigido por Odorico Mendes deverá receber efeitos eletrônicos em laboratório, como a aparição de navios fantasmas, e a trilha sonora encomendada ao maestro santista Gilberto Mendes, uma opção pela composição clássica com percussão popular maranhense.

A produção espera fazer a primeira projeção pública do filme no final de abril, no festival de cinema de Recife. Sarney propôs exibições prévias para colher sugestões de eventuais mudanças antes da exibição nos cinemas.

Dependendo do resultado final, os produtores pretendem colocar "O Dono do Mar" no circuito de festivais (Cannes, Gramado, Toronto e Berlim) para tentar valorizar o filme com premiação, antes de programar a distribuição.

Ainda no campo das apostas, eles imaginam que o filme romperá algumas barreiras da literatura. "Quem não leu o livro está submetido a um preconceito: só acredita que a obra é boa depois que lê", diz Fábio Gomes, 44, produtor e roteirista, ao explicar como a imagem do político Sarney ofusca o sucesso do Sarney ficcionista de "Norte das Águas", traduzido em mais de dez idiomas. "Agora, com o filme feito, a gente sabe o que tem na mão."

Publicitário maranhense, sem experiência em cinema, produtor de comerciais de televisão, Fábio Gomes leu "O Dono do Mar" quando morava em São Paulo e imaginou colocar na tela aquela odisséia do mar do Maranhão.

O publicitário é amigo da família Sarney e trabalhou na campanha do ex-governador Edison Lobão. "Mas Sarney ficou muito reticente", diz. Só depois de cinco meses, ao ler e aprovar o roteiro, Sarney decidiu vender os direitos autorais, por R$ 30 mil, em 1997.

O filme foi rodado, entre julho e setembro do ano passado, em belas locações no litoral do Maranhão, como os Lençóis Maranhenses, dunas de areias brancas entremeadas com lagoas formadas pelas chuvas, e as vilas de pescadores de Mojó e Jararaí.

As filmagens no mar foram difíceis, com os fortes ventos e as águas subindo repentinamente.

Foi montado um tanque de efeitos especiais, com 1.200 m2 de superfície e 80 cm de profundidade, para reproduzir cenas com ondas do mar, chuvas e tormentas.

Sarney achava que o livro não seria adaptável ao cinema. Ele acompanhou algumas filmagens no set, fez sugestões e elogiou a interpretação dos atores.

O pescador Antão Cristório, vivido pelo ator Jackson Costa, é o capitão e senhor das artes da pesca que gastou mais de três anos em busca de sua noiva, Maria Quertide (Samara Felippo), raptada por um ente fantástico que a leva para o fundo do mar.

Para Sarney, "Quertide representa o amor inalcançável". Ele aprovou os "fantasmas" Querente (Alexandre Paternost) e Aquimundo (Odilon Wagner).

O primeiro é a reencarnação do soldado português Diogo de Seixas, que naufraga em 1589 nas costas do Maranhão. "Quando estava escrevendo a história, senti que ele estava pedindo para não morrer. Para "ressuscitá-lo", a solução foi transformá-lo em pescador", diz o autor.

O mago Aquimundo é o senhor do tempo, que faz o relato das histórias antigas. "Mas o grande personagem do livro ainda é o mar, com seus desejos e mistérios", diz Sarney.
 

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