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28/01/2002
-
13h14
PATRICIA CARTA
da Revista da Folha
A brasilidade é o mote, mas que ninguém espere uma profusão de verde-amarelo nas passarelas da 12ª edição da São Paulo Fashion Week. A mais importante vitrine da moda brasileira, que começa hoje e vai até sexta-feira, traz a coleção outono-inverno de 21 estilistas, até agora guardadas a sete chaves para garantir a supresa.
Apesar do suspense, a Revista da Folha adianta 18 looks, desvenda parte do mistério e espalha, em primeira mão, o perfume da próxima temporada. Dirigido por Paulo Borges, o evento, cada vez maior e mais profissionalizado, ganha importância e repercussão aqui e fora do país. Como tem acontecido nos últimos dois anos, a imprensa internacional especializada já está a caminho.
É importante frisar que o sólido calendário, já no seu sexto ano e firmado depois de inúmeras tentativas frustradas, é um dos responsáveis pelo interesse crescente que desperta a moda no país. É claro que não se pode esquecer que Gisele Bündchen, a top mais importante do mundo, é brasileira, o que alavancou o mercado nacional de modelos, criou uma série de tantas outras tops e fez toda e qualquer adolescente, hipnotizada por desfiles e passarelas, sonhar em ser modelo um dia.
O desejo foi rapidamente explorado até por programas de TV, criados em avalanche. Além da imagem sexy, sensual, sarada e de bem com a vida que essas meninas ajudaram a difundir por aí, praias e outros cenários passaram a estar entre as mais cobiçadas locações para revistas e fotógrafos estrangeiros. De olho no mercado nacional, a revista americana de tendências "V", da Visionaire, dedicou, no ano passado, um número ao Brasil e sua moda. E, claro, abocanhou, por preços bastante significativos, uma quantidade considerável de anúncios locais. Não só isso: várias criações nacionais aparecem com certa frequência em editoriais (estrangeiros) das revistas mais importantes do meio.
A exportação também é fato. Não há como negar que o Brasil interessa como mercado e exerce fascínio. O jeans brasileiro, por exemplo, é "hype" lá fora. Henry Alavez, estilista da Zoomp, responsabiliza a modelagem, perfeitamente adequada às curvas da mulher brasileira, pelo sucesso do índigo.
Na próxima estação, supertrabalhado, o jeans vai se diferenciar pelas novas lavagens, estampas, pespontos. De modo geral, a idéia é que pareça gasto pelo tempo, com história para contar. Esse é um dos aspectos que conceitua e alinhava a temporada: roupas vividas, que traduzem a vida como ela é. Finalmente, a moda nacional dá sinais de estar preparada para o tranco da concorrência e da demanda interna e externa. Segunda indústria empregadora do país, com um movimento de cerca de R$ 22 bilhões por ano, pode-se dizer que a estrutura está criada: cursos e faculdades especializados, diversificação do segmento, concentração de desfiles e produto! E, ainda, o glamour fashion, que atualmente seduz até autores de novela e, apesar de distorções e aberrações, torna a moda ainda mais familiar e desejada pela população.
Ainda sobre números: a primeira edição da Fashion Week, em julho de 1996 -quando ainda se chamava MorumbiFashion-, teve um público diário em torno de 4.000 pessoas. Neste ano, espera-se de 10 mil a 12 mil visitantes por dia! E se a primeira edição custou R$ 1 milhão, agora custará R$ 3 milhões. Além de muito modelão e tititi durante o evento, festas, exposições, palestras, sites e livraria vão movimentar a semana.
Dois lançamentos esperados: o livro do estilista Alexandre Herchcovitch, sobre sua trajetória, e o da colunista da Folha, Erika Palomino ("A Moda", ed. Publifolha, R$ 9,90). E, claro, os negócios de muitas cifras que deverão ser fechados, ali, no próprio prédio da Bienal.
O que esperar
Falando sobre estilo, o que pontua as coleções, de modo geral, é o romantismo: babados, camadas, universo infantil, roupas femininas e decoradas. Alguns estilistas dão continuidade à etnia, mas de forma mais dissimulada; outros olham para as artes marciais e lançam calças soltas e confortáveis, redesenham as cargos, aquelas utilitárias, meio militares, cheias de bolsos. Tricôs, veludos e patchwork aparecem aos montes.
Camisaria, da clássica à mais barroca, com pregas, jabôs, volumes e pelerines, se dão ares de século 18. A silhueta seca, masculina (para mulheres), traz de volta o preto e branco e, obviamente, a alfaiataria. Cinturas marcadas, anquinhas e basques fazem referência à era vitoriana e aos anos 50.
Vários estilistas acreditam na ausência de cor e incluem na cartela rosas envelhecidos. O vermelho contraria a palheta mais discreta, aparece muito. Laranja, azul-bic, topázio, pingam aqui e ali. Mas, certamente, a maior novidade é a volta do sportswear, reinventado por tecidos tecnológicos para dar conforto e movimento e aparece em leggings, joggings e moletons.
Graças à tecnologia têxtil, aos recursos artesanais e aos detalhes de alta-costura, as coleções de outono-inverno avançam para o futuro sem deixar de olhar para trás: da estrutura do século 18 à elasticidade dos anos 80, quando o trainning foi transformado em roupa do dia-a-dia; da austeridade de Dior (50) ao artesanato dos anos hippies (70), a moda brasileira vai mostrar a que veio. Que venha bem.
São Paulo Fashion Week. De 28/jan a 1º/fev., no Pavilhão da Bienal, parque Ibirapuera. Entrada apenas para convidados
Leia mais notícias sobre a SP Fashion Week
São Paulo Fashion Week exibe coleção de 21 estilistas
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da Revista da Folha
A brasilidade é o mote, mas que ninguém espere uma profusão de verde-amarelo nas passarelas da 12ª edição da São Paulo Fashion Week. A mais importante vitrine da moda brasileira, que começa hoje e vai até sexta-feira, traz a coleção outono-inverno de 21 estilistas, até agora guardadas a sete chaves para garantir a supresa.
Apesar do suspense, a Revista da Folha adianta 18 looks, desvenda parte do mistério e espalha, em primeira mão, o perfume da próxima temporada. Dirigido por Paulo Borges, o evento, cada vez maior e mais profissionalizado, ganha importância e repercussão aqui e fora do país. Como tem acontecido nos últimos dois anos, a imprensa internacional especializada já está a caminho.
É importante frisar que o sólido calendário, já no seu sexto ano e firmado depois de inúmeras tentativas frustradas, é um dos responsáveis pelo interesse crescente que desperta a moda no país. É claro que não se pode esquecer que Gisele Bündchen, a top mais importante do mundo, é brasileira, o que alavancou o mercado nacional de modelos, criou uma série de tantas outras tops e fez toda e qualquer adolescente, hipnotizada por desfiles e passarelas, sonhar em ser modelo um dia.
O desejo foi rapidamente explorado até por programas de TV, criados em avalanche. Além da imagem sexy, sensual, sarada e de bem com a vida que essas meninas ajudaram a difundir por aí, praias e outros cenários passaram a estar entre as mais cobiçadas locações para revistas e fotógrafos estrangeiros. De olho no mercado nacional, a revista americana de tendências "V", da Visionaire, dedicou, no ano passado, um número ao Brasil e sua moda. E, claro, abocanhou, por preços bastante significativos, uma quantidade considerável de anúncios locais. Não só isso: várias criações nacionais aparecem com certa frequência em editoriais (estrangeiros) das revistas mais importantes do meio.
A exportação também é fato. Não há como negar que o Brasil interessa como mercado e exerce fascínio. O jeans brasileiro, por exemplo, é "hype" lá fora. Henry Alavez, estilista da Zoomp, responsabiliza a modelagem, perfeitamente adequada às curvas da mulher brasileira, pelo sucesso do índigo.
Na próxima estação, supertrabalhado, o jeans vai se diferenciar pelas novas lavagens, estampas, pespontos. De modo geral, a idéia é que pareça gasto pelo tempo, com história para contar. Esse é um dos aspectos que conceitua e alinhava a temporada: roupas vividas, que traduzem a vida como ela é. Finalmente, a moda nacional dá sinais de estar preparada para o tranco da concorrência e da demanda interna e externa. Segunda indústria empregadora do país, com um movimento de cerca de R$ 22 bilhões por ano, pode-se dizer que a estrutura está criada: cursos e faculdades especializados, diversificação do segmento, concentração de desfiles e produto! E, ainda, o glamour fashion, que atualmente seduz até autores de novela e, apesar de distorções e aberrações, torna a moda ainda mais familiar e desejada pela população.
Ainda sobre números: a primeira edição da Fashion Week, em julho de 1996 -quando ainda se chamava MorumbiFashion-, teve um público diário em torno de 4.000 pessoas. Neste ano, espera-se de 10 mil a 12 mil visitantes por dia! E se a primeira edição custou R$ 1 milhão, agora custará R$ 3 milhões. Além de muito modelão e tititi durante o evento, festas, exposições, palestras, sites e livraria vão movimentar a semana.
Dois lançamentos esperados: o livro do estilista Alexandre Herchcovitch, sobre sua trajetória, e o da colunista da Folha, Erika Palomino ("A Moda", ed. Publifolha, R$ 9,90). E, claro, os negócios de muitas cifras que deverão ser fechados, ali, no próprio prédio da Bienal.
O que esperar
Falando sobre estilo, o que pontua as coleções, de modo geral, é o romantismo: babados, camadas, universo infantil, roupas femininas e decoradas. Alguns estilistas dão continuidade à etnia, mas de forma mais dissimulada; outros olham para as artes marciais e lançam calças soltas e confortáveis, redesenham as cargos, aquelas utilitárias, meio militares, cheias de bolsos. Tricôs, veludos e patchwork aparecem aos montes.
Camisaria, da clássica à mais barroca, com pregas, jabôs, volumes e pelerines, se dão ares de século 18. A silhueta seca, masculina (para mulheres), traz de volta o preto e branco e, obviamente, a alfaiataria. Cinturas marcadas, anquinhas e basques fazem referência à era vitoriana e aos anos 50.
Vários estilistas acreditam na ausência de cor e incluem na cartela rosas envelhecidos. O vermelho contraria a palheta mais discreta, aparece muito. Laranja, azul-bic, topázio, pingam aqui e ali. Mas, certamente, a maior novidade é a volta do sportswear, reinventado por tecidos tecnológicos para dar conforto e movimento e aparece em leggings, joggings e moletons.
Graças à tecnologia têxtil, aos recursos artesanais e aos detalhes de alta-costura, as coleções de outono-inverno avançam para o futuro sem deixar de olhar para trás: da estrutura do século 18 à elasticidade dos anos 80, quando o trainning foi transformado em roupa do dia-a-dia; da austeridade de Dior (50) ao artesanato dos anos hippies (70), a moda brasileira vai mostrar a que veio. Que venha bem.
São Paulo Fashion Week. De 28/jan a 1º/fev., no Pavilhão da Bienal, parque Ibirapuera. Entrada apenas para convidados
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