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29/01/2002
-
03h50
ALCINO LEITE NETO
da Folha de S.Paulo, em Paris
Um clássico da filosofia no Brasil reencontrou a sua pátria de fato: a França. No último sábado, o filósofo Bento Prado Jr. lançou, em Paris, a tradução francesa de "Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade na Filosofia de Bergson", em edição da Georg Olms Verlag.
O lançamento aconteceu num concorrido debate no Collège International de Philosophie (fundado por Gilles Deleuze e Jacques Derrida), com a presença dos filósofos Renaud Barbaras, tradutor da obra, Jean-Christophe Goddard, seu editor, Pierre Montebello, Fréderic Worms e Antonia Soulez.
Em dado momento da discussão de mais de quatro horas, Worms sintetizou: "Este debate é na verdade um retorno a mais de 40 anos de filosofia francesa."
Ele fazia eco às palavras de Barbaras no prefácio da edição: "Trata-se de uma obra de grande importância não apenas para a compreensão da filosofia de Bergson, sobre a qual ela propõe uma interpretação potente e original, mas também da filosofia francesa contemporânea."
Escrito em 1964 como tese universitária, o trabalho só foi editado no Brasil em 1989 (pela Edusp), quando sua fama já era enorme no meio acadêmico. Bento Prado foi cassado de seu cargo de professor da Universidade de São Paulo em 1966 e exilou-se em Paris até 1974. Voltou para assumir a cadeira de filosofia da Universidade de São Carlos, no interior de São Paulo
Na sua excelente e bem-humorada fala, o filósofo recordou o processo de construção da obra. Contou que, impregnado pela fenomenologia, "sobretudo a de Sartre", concebeu-a contra si mesmo. "O "naturalismo" de Bergson me parecia, na época, estar nos antípodas de toda forma de fenomenologia e servir ao meu projeto de distanciamento."
Para Barbaras, a obra abriu o "horizonte de uma confrontação entre Bergson e Merleau-Ponty". Goddard ressaltou que, "interpretando Bergson pela fenomenologia, é esta que Bento Prado interpreta por meio de Bergson". Montebello classificou como "surpreendentes" as teses do livro. Worms indicou que ele antecipa as discussões de Deleuze em "O Bergsonianismo", de 1966, entre outras obras.
A curiosidade pelas teses de Bento Prado e a volta do interesse na Europa pela obra de Henri Bergson (1859-1941) são algumas das razões que levaram o professor a ser convidado a fazer uma palestra em Cambridge, no Reino Unido. Ele estará no dia 4, no Trinity College, onde apresentará o livro.
Bento Prado Jr. leva tese de 1964 a Paris
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da Folha de S.Paulo, em Paris
Um clássico da filosofia no Brasil reencontrou a sua pátria de fato: a França. No último sábado, o filósofo Bento Prado Jr. lançou, em Paris, a tradução francesa de "Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade na Filosofia de Bergson", em edição da Georg Olms Verlag.
O lançamento aconteceu num concorrido debate no Collège International de Philosophie (fundado por Gilles Deleuze e Jacques Derrida), com a presença dos filósofos Renaud Barbaras, tradutor da obra, Jean-Christophe Goddard, seu editor, Pierre Montebello, Fréderic Worms e Antonia Soulez.
Em dado momento da discussão de mais de quatro horas, Worms sintetizou: "Este debate é na verdade um retorno a mais de 40 anos de filosofia francesa."
Ele fazia eco às palavras de Barbaras no prefácio da edição: "Trata-se de uma obra de grande importância não apenas para a compreensão da filosofia de Bergson, sobre a qual ela propõe uma interpretação potente e original, mas também da filosofia francesa contemporânea."
Escrito em 1964 como tese universitária, o trabalho só foi editado no Brasil em 1989 (pela Edusp), quando sua fama já era enorme no meio acadêmico. Bento Prado foi cassado de seu cargo de professor da Universidade de São Paulo em 1966 e exilou-se em Paris até 1974. Voltou para assumir a cadeira de filosofia da Universidade de São Carlos, no interior de São Paulo
Na sua excelente e bem-humorada fala, o filósofo recordou o processo de construção da obra. Contou que, impregnado pela fenomenologia, "sobretudo a de Sartre", concebeu-a contra si mesmo. "O "naturalismo" de Bergson me parecia, na época, estar nos antípodas de toda forma de fenomenologia e servir ao meu projeto de distanciamento."
Para Barbaras, a obra abriu o "horizonte de uma confrontação entre Bergson e Merleau-Ponty". Goddard ressaltou que, "interpretando Bergson pela fenomenologia, é esta que Bento Prado interpreta por meio de Bergson". Montebello classificou como "surpreendentes" as teses do livro. Worms indicou que ele antecipa as discussões de Deleuze em "O Bergsonianismo", de 1966, entre outras obras.
A curiosidade pelas teses de Bento Prado e a volta do interesse na Europa pela obra de Henri Bergson (1859-1941) são algumas das razões que levaram o professor a ser convidado a fazer uma palestra em Cambridge, no Reino Unido. Ele estará no dia 4, no Trinity College, onde apresentará o livro.
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