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04/02/2002 - 07h59

Ronaldo Fraga cria antidesfile na Fashion Week

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da Folha de S.Paulo

"Do que o mundo menos precisa hoje é de mais uma coleção, mais um desfile ou mais uma lista de tendências de moda", escreveu Ronaldo Fraga em seu material para a imprensa, que bem faz as vezes de manifesto.

Por conta disso, sua coleção de inverno, batizada "Corpo Cru", ganhou roupagem de antidesfile.

Ao contrário do que se possa pensar, a crítica à indústria de moda -característica de seu trabalho- não vem amarga. Ao contrário: primeiro porque Ronaldo continua trabalhando com moda, fazendo moda, produzindo e vendendo. E bem.

Segundo porque o estilista está em paz e feliz, com a consagração de seu trabalho, depois da última São Paulo Fashion Week, e com o nascimento de seu primeiro filho.

E o que tem isso a ver com moda? Pensando na vida, pensando na moda, Fraga quis expor a crise da indústria global do vestuário de modo honesto -e cru.

Trocou modelos por bonecos, que desfilaram em roldanas metálicas, um velho carrossel de cabides, movendo-se ao som de delicada música de carrossel e tangos.

"No seu vai e volta, (os cabides) sugerem que a escolha da roupa venha a ser um jogo bem divertido, por mais doído que seja", diz.

O público ficou completamente hipnotizado, transformado em criança de novo, olhando para o alto, como se visse um acrobata dando um salto triplo no trapézio.

Nos bonecos de madeira, grandes formas, camisas, vestidos, calças, ampliações das peças da coleção em si, expondo os novos materiais do estilista -o algodão tecnológico, a estampa do falso couro tipo pele e a padronagem de seios sobrepostos, quase surrealista; a estampa de carne crua.

Tudo brasileiro, claro, tão brasileiro que, a certa altura, a engrenagem emperrou e entrou em ação o plano B, que já estava preparado pelo estilista.

"Eu sabia que poderia não funcionar, mas queria correr esse risco", disse o estilista depois do desfile. Vestidas com camisetas da coleção, as camareiras vieram à passarela, carregando os bonecos.

E o público delirou, em especial quando entrou até mesmo a passadeira do estilista, dona Irene, uma senhora humilde que, carregando dois sapatos, foi transformada ali em modelo de última hora. Um desfile nada convencional.

Ronaldo Fraga prossegue em sua tarefa de fazer o Brasil refletir sobre si mesmo por meio da roupa -coisa que só costuma acontecer por aqui no Carnaval...

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