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05/02/2002 - 03h20

CCBB revive a programação da Semana de Arte de 22

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JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) estava para completar 35 anos quando, a convite do romancista Graça Aranha, chegou de trem a São Paulo, em companhia de oito músicos e das partituras de 20 de suas composições na bagagem.

Seria, ao lado de escritores, poetas e artistas plásticos, o único representante da música "futurista" na Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922.

Passados 80 anos, o Centro Cultural Banco do Brasil reproduz, no Rio e em SP, a programação das três noitadas -então chamadas "festivais"- que Villa-Lobos montou para o Teatro Municipal.

Suas peças não provocariam hoje em dia nenhuma estranheza. Os padrões harmônicos são outros, o ouvido do público mudou. Há até mesmo um certo perfume de anacronismo no repertório que chegou a despertar um folclórico escândalo mundano.

As composições trazidas por Villa-Lobos haviam sido quase todas escritas entre 1914 e 1918, como a "Sonata para Violoncelo e Piano Nº 2", dois dos "Trios para Violino, Violoncelo e Piano" -os de nº 2 e de nº 3- e as "Três Danças Africanas para Octeto".

O fato é que, na época, Villa-Lobos, um compositor já maduro, com mais de uma centena de composições em sua biografia, precisava exercitar aquilo que hoje chamaríamos de vocação para a celebridade. Só assim sua música se difundiria com a grife de um nome próprio. O seu.

Não que o personagem se equilibrasse no próprio hedonismo. Mas havia uma guerra estética no horizonte, e gente como ele e o mentor Mário de Andrade estariam na linha de frente do nacionalismo musical.

Os modernistas de 22 não tinham uma grande orquestra à disposição. A Semana de Arte Moderna não foi uma superprodução. Por isso um poema sinfônico solidamente implantado na história da música brasileira do século 20, "O Uirapuru" (1917), não chegou a ser interpretado.

E Villa-Lobos teria nos anos seguintes um longo caminho na lapidação de sua linguagem. O ciclo das "Bachianas", por exemplo, foi escrito entre 1930 e 1945.

Mas, em 1922, como se poderá conferir agora, as peças apresentadas já são uma amostragem das características de seu autor, com uma inventividade cheia de pequenas ousadias, um jeito instintivo de brincar com o som, o tratamento de variações sobre temas populares como se fossem transgressões das regras da harmonia. Villa-Lobos não devia satisfação a ninguém. Era um autodidata.

Os concertos no CCBB do Rio serão às 13h e às 18h dos dias 5, 19 e 23 de fevereiro. Em São Paulo, serão às 12h e às 18h dos dias 19, 26 de fevereiro e 5 de março.

O projeto, com direção artística de Mário de Aratanha e de produção de Valéria Colela, ainda traz músicos brasileiros reconhecidos como grandes cameristas.

Há, por exemplo, violinistas como Cláudio Cruz e Igor Sarudiansky, o violista Horácio Schaefer e os violoncelistas Alceu Reis e Ricardo Santoro. Entre os pianistas, estão Flávio Augusto, Lilian Barretto e Maria Teresa Madeira.



MÚSICA NA SEMANA DE 22
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil - Rio (r. 1º de Março, 66, tel. 0/xx/21/3808-2020)
Quando: hoje, 19 e 23 de fevereiro, às 13h e às 18h
Quanto: R$ 6 e R$ 3

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil -São Paulo (r. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quando: dias 19 e 26 de fevereiro e 5 de março, às 12h e às 18h
Quanto: R$ 6 e R$ 3
 

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